À procura da VERDADE nos Evangelhos
Evangelho segundo
S. LUCAS – 15/?
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O “Céu” destes amigos deve estar realmente longe do Céu do mesmo Jesus Cristo…
Só em sentido muito metafórico é que se entende. Por exemplo: “receber-vos-ão
em sua casa e dar-vos-ão guarida em caso de necessidade.”
Aliás,
termina como em Mateus 10,24: “Nenhum empregado pode servir a dois senhores;
porque ou odiará um e amará o outro, ou há-de ser leal para um e desprezará o
outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.” (Lc 16,13)
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Quanto a servir a dois senhores, só nos resta saber o que é, na verdade, servir
a Deus para alcançar o Céu… O dinheiro lá nos vai proporcionando uns gostinhos
na vida, esta vida, a única que é certa. A outra é da fantasia…
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E chegámos à história fulcral de todo o evangelho de Lucas, que também é o
único a narrá-la, não percebendo nós porque é que os outros evangelistas não
lhe deram importância, já que é uma rara senão única vez em que a ponte entre
Terra e Céu se tentou clarificar.
Então,
conta-nos Jesus: “Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho e todos
os dias fazia grandes festas. Havia também um pobre, chamado Lázaro, coberto de
chagas, que costumava ir para a porta do rico, para ver se matava a fome ao
menos com as migalhas que caíam da sua mesa. E até os cães lhe vinham lamber as
feridas. Aconteceu que o pobre morreu e os anjos levaram-no para junto de
Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado. No inferno, no meio dos tormentos
em que se encontrava, o rico levantou os olhos e viu de longe Abraão, com
Lázaro a seu lado. Então o rico gritou: «Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda
Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque este fogo
atormenta-me horrivelmente.» Mas Abraão respondeu-lhe: «Lembra-te, meu filho,
que em toda a tua vida, só recebeste bens, enquanto Lázaro só recebeu males.
Agora, ele é consolado e tu atormentado. Além disso, há um grande abismo entre nós:
por mais que alguém desejasse, nunca poderia passar para junto de vós nem os
daí poderiam passar para junto de nós.» O rico insistiu: «Pai, eu te suplico,
manda Lázaro a casa de meu pai, porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los
para que não venham também para este lugar de sofrimento.» Mas Abraão
respondeu: «Eles têm Moisés e os profetas: que os escutem!» E o rico insistiu:
«Não, pai Abraão! Se um dos mortos lá for falar-lhes, eles converter-se-ão.»
Mas Abraão disse-lhe: «Se não escutam Moisés e os profetas, mesmo que um dos
mortos ressuscite, eles não ficarão convencidos.»” (Lc 16,19-31)
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É! O rico bem quis fazer a ponte entre o Céu, o Inferno e a Terra, mas… não
teve sucesso… Que pena! Pois, se é óbvio que Lázaro teria direito a algum dia
ter felicidade, já não é tão óbvio que o rico tenha de ser castigado com
tormentos por se ter esquecido do seu irmão pobre e chagado… Inferno eterno!…
Rico que até se lembra de interceder pelos seus irmãos que estavam na Terra, em
casa de seu pai, e que certamente iriam parar também ao inferno…
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E… mais directamente, embora repetindo-nos:
Se
agora cá viesse um morto, bem morto e bem conhecido, santo que nos revelasse o
Céu, nos mostrasse o próprio Deus no seu trono com as miríades de anjos, ou
assassino que nos mostrasse o quanto sofre no Inferno e o próprio Inferno com
aquele fogo ardente e todos os diabos a martirizarem-no pelos pecados
cometidos,… se tal acontecesse, quem não acreditaria? Quem? Quem não se
converteria a Jesus Cristo e à sua mensagem? Quem não daria não só as migalhas
mas também o pão, a carne e o vinho ao Lázaro faminto? Mas, não! Infelizmente,
o Jesus da história diz-nos que acreditemos nos “Moisés” ou nos profetas…
Caramba! E era aqui mesmo que precisávamos de ter certezas…
Certezas
fundamentadas, documentadas com vídeos e relatos e imagens desse tal Céu e
desse tal Inferno!…
Porque
uma coisa é certa: Ou existe realmente um Céu e um Inferno e andamos todos
enganados porque nos preocupamos apenas com os bens deste mundo e pouco nos
interessamos pelos que sofrem, embora tenhamos muita pena deles quando vemos
tanto sofrimento em reportagens televisivas…, ou não existe coisa nenhuma e
este Jesus foi um impostor - mais um! - que nos contou belas histórias, mas
histórias que - e repetindo-nos - não passam da Terra, embora apontando… um
Céu, um Céu imaginário, claro está!
E
nós que queríamos tanto que esse Céu existisse! Tanto! Tanto! Tanto!… Tanto,
que até gritamos: “Ó meu Deus, como é possível o Céu e Vós nele não existirdes
se desejamos tanto que o Céu e que Vós existais?”
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E como é fácil a Jesus dizer: “Têm lá Moisés e os profetas… Que acreditem
neles.”!… Como se foge, como foge Jesus à verdadeira questão, à questão que
afinal desde sempre nos atormenta, sem ainda estarmos no inferno: “Existe ou
não existe um Céu? Existe ou não existe um Inferno? Existe ou não existe um
Além? Existe ou não existe uma Eternidade? Existe ou não existe… DEUS?”
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É! Mais uma vez, Jesus contou-nos uma bela história e… deixou-nos sem
respostas!… Que pena! Que angústia! Que sofrimento! Que inferno! Que
desespero!… Afinal, Jesus aponta-nos um belo caminho para a fraternidade
universal, falando em Céu, em Deus-Pai, em vida eterna… mas nunca conseguiu
passar além da Terra onde Ele também foi um dia, dizendo-se ter ido para esse
Céu, esse Pai… sem que no-Lo tenha realmente alguma vez revelado…
Ou…
talvez não! Não disse Ele: “Quem Me vê a Mim, vê o Pai.”? (Jo 12,45;14,9)
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