À procura da VERDADE nos Evangelhos
Evangelho segundo S. LUCAS – 9/?
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É também Lucas o único a narrar a linda e edificante história do bom
samaritano. Escreve bem este Lucas! “Um certo doutor da Lei, querendo
experimentar Jesus, perguntou-lhe: «Mestre, que devo eu fazer para ter como
recompensa a vida eterna?» Jesus respondeu: «O que é que está escrito na Lei e
como a entendes tu?» Disse o doutor: «Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu
coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu
entendimento; e amarás o teu próximo como a ti mesmo.» Jesus disse-lhe:
«Respondeste bem. Faz isso e terás a vida eterna.» Mas o doutor da Lei,
querendo justificar-se, perguntou a Jesus: «E quem é o meu próximo?»” (Lc
10,25-29)
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Jesus respondeu com a parábola do homem atacado por ladrões e que, maltratado e
caído na berma da estrada, é desprezado pelo sacerdote que o vê mas passa ao
lado, desprezado pelo levi que também o vê mas também passa adiante e é
socorrido pelo samaritano que teve compaixão dele e o tratou. Então, perguntou
ao doutor: “«Qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos
salteadores?» E ele respondeu: «Aquele que usou de misericórdia para com ele.»
E Jesus concluiu: «Vai e faz o mesmo.»” (Lc 10,36-37)
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A história é exemplar! Tremendamente humana! Embora nos deixe as eternas
dúvidas acerca do divino… No A.T., apesar de prevalecer o amor a Javé, e o
“Olho por olho”, apela-se algumas vezes para o amor ao próximo (Lv 19,18; Pr
24,18; Eclo 10,6; Mq 6,6-8). No entanto, a mensagem que Jesus quer fazer passar
é clara. A evocação da Lei é certamente para reforçar tal mensagem.
E
já noutros lugares, perguntámos o que é realmente amar a Deus com todo o
entendimento, com todas as forças, com toda a alma, com todo o coração. Alguém
saberá dizer-no-lo?
Finalmente
- ou mais uma vez! - a resposta à nossa angustiante pergunta, a que também o
doutor da Lei - e acreditemos que de boa fé… - não sabia responder ou não
compreenderia a resposta: “Como alcançar a vida eterna?” - “Amar o próximo” é a
resposta entendível, compreensível por nós humanos, já que não sabemos o que é
realmente “amar a Deus”. Mas… - também mais uma vez! - não passamos além do
humano. E a ponte que quiséramos estabelecer entre a Terra e o Céu, entre o
humano e o divino, entre o Homem e Deus, entre termos apenas esta vida ou também
a eterna, esvai-se em nevoeiro, deixando-nos Cristo de mãos e mentes vazias sem
saber afinal a que realidade nos agarrarmos.
É!
Acaso o “amar o próximo” nos arranca da Terra, da nossa condição humana e nos
transporta para o Céu, no Além da morte? E não é isso que nós queríamos saber?
E não é isso que ficamos sem saber? E não terá sido isso que realmente o doutor
da Lei quereria saber?
E
certamente não acreditou em Cristo porque, compreendendo embora qual o próximo
daquele homem maltratado, não conseguiu ver como tal acto o levaria ao Céu e à imortalidade
e… à vida eterna! Tal como nós!…
Enfim,
apenas notemos a “farpa” lançada por Jesus contra o sacerdote e o levi que,
sendo homens do Templo e do serviço de Deus, nada fizeram por alguém que de
tanto auxílio necessitava… Seria o Jesus-homem ou o Jesus-Deus que tal “farpa”
congeminou?…
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