À procura da VERDADE nos
Evangelhos
Evangelho segundo S. MATEUS
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O Cristo que nos apresenta é cheio de autoridade, de poder e
de coragem… Contudo, não deixa de ser um Cristo enigmático, que nos fez fazer
tantas perguntas para as quais não obtivemos respostas, apesar das suas
palavras de vida eterna, como dirá Pedro noutra narrativa: “Só tu és o Cristo,
o Filho de Deus Vivo! Só Tu tens palavras de vida eterna.” (Jo 6,68)
Mas perguntaríamos ainda a esse Jesus de Mateus: “Para que
nos servem as tuas palavras de vida eterna se não as entendemos? Para quê, se
não sabemos pô-las em prática? Se não podemos ter certezas absolutas de que -
perdoem-nos todos os anjos e santos e sobretudo os Homens, a enfadonha
repetição! - a vida eterna existe, o Céu existe, o inferno também existe, Deus
(o teu Deus-pai…) existe, pois tudo fica na Fé em palavras, palavras ditas por
um suposto Filho de Deus supostamente feito homem?”
Tantas perguntas que fizemos, ao longo destes 75 textos de análise
crítica, tantas perguntas que vamos fazendo, Santo Deus! E todas perguntas sem
resposta! Realmente, assim, nesta incerteza que nos corrói a alma, sem a
certeza do Céu para podermos prepará-lo nesta efémera vida terrena, de nada nos
importa aquela bela mensagem de paz e de amor ao próximo do mesmo Cristo-
E, também repetindo-nos, talvez a pergunta mais
paradigmática, a mais importante de todas seja: “Como é que Deus nos criou com
uma inteligência para raciocinarmos e agora faz depender da Fé a vida que deve
ser a essencial - a eterna - pois que esta bem sabemos da sua efemeridade? Não
é injustiça inaceitável em Deus? Não é um inadmissível nonsense de Deus?”
Nota final:
Gostámos de ler Mateus. Mas o nosso juízo crítico não lhe
pode ser favorável nem considerá-lo verdadeiro no que afirma ou considerar como
verdades históricas o que narra sobre Jesus. A sua falta de veracidade histórica
ficou bem patente na análise que fizemos aos milagres ou aos estranhos
acontecimentos que rodearam a morte e ressurreição de Jesus, o que nos levou a
considerar o espírito inventivo/criativo de Mateus – inspirado, se quiserem e,
se quiserem, pela enigmática figura do Espírito Santo.
Descredibilizando-se totalmente como historiador com tal
criação/invenção/inspiração, Mateus induz formalmente a destruição das bases do
cristianismo, desmitificando-se a divindade da figura do Cristo, tornando-O apenas
no que parece ter sido: um judeu culto e revoltado com o que via à sua volta,
sobretudo nas classes religiosas dirigentes exploradoras do povo, tendo pregado
a igualdade de todos os Homens, pois todos filhos do mesmo Deus-Pai, e pregando
o amor ao próximo, na construção da fraternidade universal. É por isso, que a
sua mensagem continua tão actual e tão necessária de ser ouvida pelos Homens!
Mas… será que Marcos nos vai trazer novidades em relação a
esta evidente falta de historicidade de Mateus? Vamos ver!
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