À procura da VERDADE nos
Evangelhos
Evangelho segundo S. MATEUS
– 15/?
– Jesus não abençoa nem louva o jejum dos discípulos de João
nem o dos fariseus. (Mt 9,14-15) e furta-se airosamente, sub-repticiamente, à
questão do não-jejum dos seus discípulos, “adaptando-se” à circunstância,
pagando ironia com ironia: “Achais que os convidados de um casamento poderão
estar de luto enquanto o noivo está com eles?” (Mt 9,15)
– Mas… mais milagres! Este Mateus, em milagres, leva a palma
da capacidade inventiva! E é a menina morta que ressuscita…, a mulher doente há
doze anos que fica curada…, os dois cegos que vêem…, o mudo possuído de um
espírito mau que se põe a falar… (Mt 9,18-33)
Tudo parecendo muito… fácil: basta um gesto, uma palavra, um
tocar na túnica… E nem assim os fariseus acreditaram nele: “É pelo poder do
Diabo, príncipe dos espíritos maus, que Ele os expulsa.” (Mt 9,34)
Estes fariseus deveriam estar muito cegos, seriam de cabeça
muito dura! Aliás, mais tarde, Cristo terá o à-vontade de lhes perguntar:
“Então estará o reino de Satanás contra si próprio?” (Mt 12,26)
– É realmente estranho! De um ponto de vista escatológico, e
mesmo bíblico, somos quase tentados a pensar que eles procederiam assim para
serem o braço de Javé, segundo a mística do A.T., e levarem Cristo à morte,
tornando-O o tal Redentor-sofredor, o Cordeiro Imolado, anunciado nas mesmas
Escrituras… (Is 53) Mas custa acreditar em tal versão. Muito mais verosímil é
considerar que nenhum daqueles milagres tenha acontecido e que os fariseus não
viram motivos para mudarem a sua atitude, acreditarem que Jesus era o Messias
prometido pelos profetas e se converterem.
–“Jesus ordenou-lhes (aos curados/ressuscitados): «Ninguém
deve saber isto!» Eles porém, saindo dali, espalharam a notícia por toda aquela
região.” (Mt 9,30-31)
– De novo! Porque quereria Jesus que não se soubesse? Ou
estaria brincando com eles? Não era para que todos pudessem ouvir e aceitar a
sua mensagem que Jesus fazia os milagres?
E, sendo Deus, não saberia que era inútil ordenar-lhes tal
coisa, pois iriam espalhá-la por toda a região?
Enfim, pequenas, insignificantes perguntas - ou talvez não,
por se tratar de Deus! - sem resposta. Incompreensível é que não se refiram os
efeitos do espalhar de tal notícia. Mais incompreensível ainda a notícia de
tantos milagres ter-se ficado ali pela região É que é muito pouco proveito para
tanto “trabalho” divino…
–“Jesus percorria todas as cidades (…), anunciava a Boa Nova
do Reino de Deus e curava toda a espécie de doenças e enfermidades.” (Mt 9,35)
– Quem, pela força de tantos milagres, não acreditaria nessa
Boa Nova do Reino de Deus? Ou então, não percebiam mesmo que mensagem era
aquela, nem onde, nem como, nem quando era aquele Reino! Se fôssemos nós que lá
estivéssemos, teríamos compreendido? – As muitas dúvidas que se acumulam cada
vez mais no nosso espírito, são uma triste resposta de desalento e de
incompreensão profunda… E de profundíssima descrença nos relatos de Mateus e
sua veracidade. Então, aquele final “curava toda a espécie de doenças e de
enfermidades” parece-nos nitidamente fantasia e imaginação balanceada pela narrativa
dos supostos milagres antes “acontecidos”…
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