sexta-feira, 10 de maio de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 216/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 12/?

– E logo outro milagre! Este, à distância! Também no instante da… PALAVRA! A cura do servo do oficial romano, que estava doente: “Nunca encontrei uma fé igual a esta em ninguém de Israel. (…) Muitos (pagãos) sentar-se-ão à mesa no Reino do Céu (…), enquanto os herdeiros do Reino serão lançados nas trevas exteriores onde haverá choro e ranger de dentes.” (Mt 8,5-12)
– Mais duas “chicotadas” no povo de Israel: a pouca fé e o serem lançados nas trevas… Pena é que não nos diga onde é o Reino e onde são as trevas…
E que símbolo ou imagem é essa do “choro e ranger de dentes”? Era para atemorizar o “povo de cabeça dura”? Como precisávamos de explicações, meu Deus, do teu filho Jesus Cristo! Como nos deixastes entregues às nossas angustiantes conjecturas! É que mesmo os “cabeça dura” - e sobretudo esses - precisam de compreender para aceitar e empenhar-se e… salvar-se! Não foi para nos salvar - “salvar o que estava perdido” (Mt 9,13) - que vieste, que desceste à Terra?
– Vieste! Desceste!... Lá estamos nós a falar partindo de pressupostos existentes, sem termos qualquer certeza… É que se vieste, vieste de algum lugar; se desceste, desceste lá de um cimo qualquer… Mas se és Deus, não desceste nem vieste de parte alguma, pois estiveste sempre connosco, sempre no meio de nós, sempre dentro de nós… sendo nosso “irmão” no corpo e na alma, filho de Deus como nós também o somos, como partículas divinas que fazem parte do TODO universal em que nos movemos…
Panteísmo? – Que seja! Tudo, Deus!… Sem dúvida, uma realidade muito mais consentânea com aquilo que sentimos e com o que pensamos… E que talvez o próprio Jesus Cristo o tenha querido exprimir, quando nos faz a Ele e a nós filhos do mesmo Pai que está nos Céus… E quando diz “Quem me vê a Mim, vê o Pai.”…
– Só uma última pergunta, com não pouca ironia: “Porque é que Jesus insiste em chamar «herdeiros do Reino» aos israelitas? Então, toda a outra humanidade já não é herdeira do Reino?”
– Mas há muitos outros milagres! Cura a sogra de Pedro que estava com febre… Cura muitas pessoas que estavam possuídas pelo demónio… Amaina a tempestade no mar… (Mt 8,14-27) E Mateus acrescenta: “Jesus, com a sua palavra, expulsou os espíritos e curou todos os doentes, para se cumprir o que fora dito pelo profeta Isaías: «Ele tomou as nossas enfermidades e carregou as nossas doenças.»”
– Parece forçada tal aplicação da “profecia”, mas é, sem dúvida, mais um esforço de Mateus para fazer a ponte entre o AT e Jesus Cristo. Mas o cristianismo, para ser coerente com o Deus de amor que apregoa, deveria rejeitar liminarmente o AT e o seu Deus sanguinário, ciumento e cruel, Javé, considerando Bíblia Sagrada apenas o NT.



1 comentário:


  1. Os milagres e a sua veracidade.

    Três grandes argumentos – os principais do ponto de vista histórico – para que se possa afirmar, com grande certeza, que os milagres foram todos invenção dos evangelistas, sobretudo de Mateus.
    1 – Paulo, o primeiro teórico do cristianismo e da divinização de Jesus, não os refere como facto relevante para essa divinização.

    2 – Se tivessem realmente acontecido, os historiadores da época, sobretudo Flávio Josefo, teriam dado notícia deles já que o movimento de massas populares à procura do milagreiro teria sido enorme, vindo gentes de toda a parte do mundo conhecido. É que foram 3 anos de milagres! E nada disseram.

    3 – Os evangelhos não são documentos históricos, mas escritos para formarem e firmarem na fé os iniciados no cristianismo. Portanto, quanto mais fenómenos divinos atribuídos a Jesus, mais credibilidade se dava à sua divinização e à religião que nessa divinização se baseava.

    Resta acrescentar a intrínseca desconexão com a realidade dos milagres em si. Se alguns até seria plausível acontecerem, como a expulsão de demónios, outros não oferecem qualquer possibilidade de verosimilhança. Tais são os dois da multiplicação dos pães e dos peixes, como veremos a seu tempo.

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