À procura da VERDADE nos
Evangelhos
Evangelho segundo S. MATEUS
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– Tantas coisas que poderíamos perguntar a Jesus Cristo
sobre os complementos que decidiu fazer à Lei Mosaica! É que, com tal código de
tão apertadas leis, supostamente inspiradas por Deus, o Reino dos Céus é mesmo
para muito poucos!… Pois quem não tem vontade de chamar “estúpido” ao seu
semelhante, seja ou não irmão, que não vê a evidência à frente do nariz? Que
homem não entra em devaneios perante beldade que se lhe apresenta bamboleante,
insinuosamente bela, diante dos olhos?… (Esqueceu-Se aqui Jesus que a mulher
também gostará de apreciar outras beldades masculinas, que não o seu marido…)
E alguém ainda teria olhos ou mãos para arrancar, se
acatasse tal sugestão de Jesus Cristo?
E na vida, é sempre tudo assim “sim-sim”, “não-não”? Ou será
esta afirmação uma réplica do “Quem não é por Mim é contra Mim”? Ou “Se não és
frio nem quente… vomito-te!” (Ap 3,16) Ou ainda: “Ninguém pode servir a dois
senhores: ou serve a Deus ou às riquezas e ao Diabo.”(Mt 6,24)? Concluir que
outra qualquer atitude é obra do Diabo, não nos parece sensato.
– Pela primeira vez, aparece o inferno e repete-se o Diabo
que já aparecera a tentar Jesus! Cristo fala deles com um à-vontade que
espanta. É como se não tivesse dúvidas, como se fossem verdades inabaláveis,
indiscutíveis, tidas como certas por toda a gente, desde toda a eternidade…
E nós a termos tantas dúvidas!… E a continuarmos sem saber o
que realmente é o inferno e o que é realmente o Diabo. E quem os criou… E para
castigar quem…
Estávamos à espera que Cristo no-lo dissesse e… nada! Facto
consumado: existem e… pronto!
Talvez mais tarde haja alguma resposta! É que o inferno e o
Diabo fazem parte das nossas angústias existenciais. Se existem, poderemos ir
lá parar por toda a eternidade, o que não seria de todo agradável!… Se são
apenas símbolos, não sabemos de quê!
Depois, ir para o fogo do inferno por chamar “estúpido” ao
seu irmão é… demasiado castigo para tal tipo de falta. Estaria Jesus a falar a
sério ou a… exagerar, pensando que ainda estava a falar para o “povo de cabeça
dura” do A.T?
Com o “arrancar do olho ou da mão que levam ao pecado, e mais
vale perder uma parte do corpo do que ser todo inteiro lançado no inferno”,
pressupõe Jesus que também exista realidade corporal depois da morte, que
exista ressurreição da carne, que o inferno seja um lugar!… Como se fora
certeza! E nós também aqui a termos tantas dúvidas e a não saber com que corpo
passamos desta para outra vida,…
… se é que há outra vida…
… se é que passamos!…
… com ou sem mãos, com ou sem olhos, com muitas ou poucas
rugas, corpo do jovem que fomos ou do velho com que morremos… Não nos poderia
ter Cristo elucidado? Não facilitaria a nossa fé num céu ou… num inferno
realmente existentes?
É que parece lógico que, se houver um céu para os bons,
também terá forçosamente de haver um inferno para os maus, o que não deixa de
ser dramático… Mas… porque parte Jesus de um céu e um inferno realmente
existentes sem comprovar que realmente existem? Nas Escrituras do A.T., pouco
ou nada de convincente se fala de tais supostas realidades…
Aguardemos também que haja respostas noutros lugares…
Enfim, perguntaríamos ainda a Jesus o que é aquele “trono de
Deus”, o que é isso de “Deus ter pés e a Terra como suporte” e quem é aquele
“grande Rei de Jerusalém”…
– Note-se ainda que, para além das duras invectivas, atrás
referidas, Jesus também “ordena” a reconciliação com o seu semelhante, se
desavindo (Mt 5,23-24), paciência e generosidade (Mt 5,38-42), amor aos
inimigos (Mt 5,43-48), a esmola sem alarde (Mt 6,1-4)… revogando velhos ditames
– embora “sagrados” porque das Sagradas Escrituras! – como o “olho por olho,
dente por dente”, o “Amarás ao teu próximo mas odiarás o teu inimigo”.(Mt 5,38
e 43)
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