À procura da VERDADE nos
Evangelhos
Evangelho segundo S. MATEUS
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– Voltemos à primeira felicidade: “Felizes os que têm
espírito de pobreza porque é deles o Reino dos Céus!” (Mt 5,2) Não sabendo nós o
que é esse Reino, muitas vezes referido mas nunca explicitado, mais parece que
Jesus está consolando aqueles que, por terem nascido pobres e não conseguindo
alcançar riqueza material, tenham ao menos a esperança de ser “ricos” na outra
vida, nos enigmáticos Céus…
O mesmo acontecerá com os que choram, os humildes, os que
cumprem a vontade de Deus…
(também não percebendo o que é isso de cumprir a vontade de
Deus) e ainda, os perseguidos por cumprirem essa vontade, os insultados e
caluniados por serem discípulos de Cristo…
É: à desgraça e ao sofrimento contrapõe Jesus o sempre
misterioso Céu. É a dicotomia sofrimento-recompensa! Problema é que nunca
provou que o seu Céu existia e que merecia todo aquele sofrimento para o
alcançar, ficando nós sem saber o que fazer com tal mensagem…
É interessante constatar que, por seis vezes, usa Jesus a
palavra DEUS. A autoridade com que fala de Deus parece enorme mas, pelo
desenrolar dos acontecimentos, não há dúvida de que não foi muito convincente
para com os do seu tempo.
–“Façam brilhar a luz diante de toda a gente, para que vejam
as boas acções que vós fazeis e louvem o vosso Pai que está nos Céus.” (Mt
5,16)
– Aparece, pela primeira vez, “o vosso Pai que está nos
Céus”. Porque disse Jesus “vosso” e não “nosso”? Não era Ele também Filho desse
Pai? Ou aqui não quis ser nosso irmão, por sermos tão pouco “divinos”?!… E quem
é realmente aquele Pai?
–“Não pensem que Eu vim acabar com a Lei de Moisés ou com o
ensino dos profetas, (…) mas sim dar-lhes cumprimento. (…) Eu vos garanto: Se a
vossa justiça não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, não entrareis
no Reino do Céu.” (Mt 5,17-20)
– A Lei de Moisés! Acaso ultrapassou a dimensão do humano? E
que dizer desta primeira “chicotada” nos doutores da Lei e nos fariseus?
Por outro lado, Jesus completa e não poucas vezes corrige as
Escrituras, parecendo contradizer-Se com o que anteriormente dissera. Ora, vejamos:
Ao “Não matarás!” acrescenta: “Não te irritarás contra o teu
semelhante, não lhe chamarás imbecil, não lhe chamarás estúpido…”: “Quem chamar
estúpido ao seu irmão, merece ir para o fogo do inferno.” (Mt 5,22)
Ao “Não cometerás adultério!” contrapõe: “Todo aquele que
olha para uma mulher e deseja possuí-la, já cometeu adultério no seu coração.”
(Mt 5,27-28)
E aconselha terrivelmente: “Se o teu olho direito te faz
pecar, arranca-o e atira-o para longe de ti. (…) Do mesmo modo, se a tua mão
direita te faz pecar, corta-a e atira-a para longe de ti. Mais vale perderes
uma parte do teu corpo do que ele ser todo inteiro lançado no inferno.” (Mat
5,29-30)
Ao “Não jurarás falso, mas cumprirás os teus juramentos para
com o Senhor”, contrapõe: “Não jureis de modo algum: nem pelo Céu, porque é o
trono de Deus; nem pela Terra que é o suporte onde Ele apoia os pés; nem por
Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei; (…) nem pela tua própria cabeça,
porque não podes fazer com que um só dos teus cabelos fique branco ou preto.
Basta que digas «sim» quando é «sim» e «não» quando é «não». Tudo o que
disseres para além disto é obra do Diabo.” (Mt 5,33-37)
(Por extenso e importante, o comentário de análise será
objecto do próximo texto)
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