À procura da
VERDADE em EZEQUIEL
12/13
- “Assim diz o Senhor Javé: Eu estou contra ti, Gog
(…) Vou saquear
e roubar (…) A minha cólera vai transbordar (…) Cairás sobre os
montes de Israel (…) As outras nações ficarão a saber que a casa de
Israel foi
para o exílio por causa do seu pecado (…) Agora (…) vou
tratar com misericórdia
a casa de Israel porque sou ciumento do
meu santo Nome (…) Nunca mais lhes
esconderei o meu rosto (…)”
(Ez 38-39)
- Também se comenta: “Ezequiel ensaia os primeiros
passos no
Apocalipse (…) O género (…)
proliferou sobretudo no judaísmo
tardio.” (ibidem)
E nós: Então, a inspiração divina também anda ao
sabor de…
tendências literárias?! Depois, novamente, Javé parece não estar
preocupado com o “seu povo” mas com a honra do seu Nome. Não
é tudo tão
mesquinho para que tenha algum carácter de divino?
É mesmo confrangedor o que
Ezequiel faz a este Javé!…
- “Através de um êxtase, Javé levou-me para a terra
de Israel (…) e
vi lá um homem que parecia de bronze. Tinha na mão um cordel e
uma vara de medir. (…)” (Ez,40)
- Socorramo-nos do comentário: “Os capítulos 40 a 48
apresentam o
plano de reconstrução religiosa e política do povo, nos moldes de
uma cidade - a nova Jerusalém - reduzida a um Templo e suas
dependências. O
profeta (…) beneficia agora de novas visões
divinas que anunciam o regresso de
Javé ao seio do seu povo (…)
Esta parte do livro serviu de inspiração para os
capítulos finais do
Apocalipse de João (…).” (ibidem)
E também nós: constatamos que todo o “mundo” de Javé
gira
em volta de Israel, “jogando às
escondidas” com a sorte do “seu
povo”. Depois, não se percebe porque é que João
não teve inspiração
directa de Deus para escrever o seu Apocalipse, mas veio buscá-la
aqui a Ezequiel. Parece que a inspiração divina é, afinal, como a das
musas dos
poetas e escritores… E, se o é, porquê uns são sagrados e
outros não?
- “(...) São as câmaras do santuário onde os
sacerdotes que se
aproximam de Javé comem as coisas santíssimas. Aí depositarão
as coisas santíssimas, a oblação, a oferta pelo pecado e a oferta pela
expiação
porque o lugar é santo.” (Ez 42,13)
- Aquele “santíssimas” revela o carácter de odiosa
presunção da
função do sacerdote. Certamente a “igreja” de então, como a de
hoje,
sempre considerou e incutiu nos sacerdotes o seu carácter de “eleito”,
de
“escolhido” por Deus, para serem o seu instrumento de salvação na
Terra. O que
é certo é que, já no A.T., foram os sacerdotes que
ditaram as regras do Templo,
as diversas oblações, sacrifícios e dádivas,
a que chamaram de divinas e
sagradas e… santíssimas. Para quê?
Certamente para justificarem aos olhos do
povo a sua própria
necessidade de existir e as suas próprias funções: serem os
intermediários
entre Deus e o povo. Que são pessoas e precisam de
comer, está certo. Que devem
ser pagos pelo seu “trabalho”, também
está certo. Agora que, para comer,
necessitem de “inventar” oblações,
dádivas, sacrifícios a que chamam de “coisas
santíssimas”, já é um
ludibriar e um enganar o povo. Depois, não são os
próprios sacerdotes
a fazerem tais afirmações em seu favor e benefício? Não são
eles que
se arrogam destes direitos que para si “inventaram” ou criaram? Não
é
Ezequiel um… sacerdote? (Faz lembrar os políticos de hoje: criam
leis em seu
favor e, depois, actuando escandalosamente, dizem que
é tudo legal, tudo
eticamente irrepreensível, tudo democrático…)
- “Esta é a lei do Templo (…): todo o espaço que
está ao seu redor é
santíssimo.” (Ez 43,12)
- Seria interessante saber quais os limites desse
espaço santíssimo.
Como se trata do divino, o mais lógico é que os limites
fossem a Terra
inteira. Mas – e mais uma vez – não há dúvida de que este “santíssimo”
é pura invenção de alguns homens (homens e não mulheres...),
neste caso,
do supostamente profeta Ezequiel!
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