sábado, 7 de abril de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 168/?


À procura da VERDADE em EZEQUIEL 
10/13

- Eis o cúmulo do nosso exegeta (referimo-nos ao excerto bíblico 
publicado no texto anterior): “Estes oráculos contra as nações não 
podem ser interpretados à letra; representam a visão geral do profeta, 
segundo a qual as mudanças de poderes no âmbito internacional 
exercem influência sobre os destinos do povo de Deus. As potências 
que se apresentam, na História, como soberanas, são na 
verdade instrumentos de Deus que contribuem para a realização do 
seu projecto na Terra. (…) De momento, é a Babilónia que executa
os julgamentos divinos.” (ibidem)
É realmente incompreensível! Então, uns oráculos são para interpretar 
à letra, outros não? E é a visão do profeta ou… a de Javé? Em que 
VERDADE assenta a propalada ideia do profeta de que as nações 
são instrumentos de Deus? Afinal, qual o projecto de Deus na Terra? 
E em que Terra, se a visão do profeta - e consequentemente a de 
Javé de que ele é intérprete - pouco vai além do Médio Oriente e 
Norte de África? Podem afirmar-se assim coisas, sem terem 
real fundamento ou apenas fundamentadas numa Fé que nem 
sempre é consistente e é comprovadamente ignorante da 
realidade-Terra? Não se torna a Babilónia politeísta quase amada de 
Javé, como seu braço castigador, e também odiada por adorar outros 
deuses? Não repugna até às entranhas que Javé “aprove” as 
barbaridades cometidas por Babilónia, sendo elas a expressão da sua 
ira divina?
É que a Bíblia não é de há três ou quatro milhões de anos, quando 
o nosso antepassado dava os primeiros passos, erecto. Tem apenas 
uns parcos dois a três mil anos… Então, não deveria usar outra 
linguagem se quisesse ser considerada “Livro sagrado” e, ainda 
mais, o “Livro da Verdade”, da Verdade universal que abarcasse 
todos os Homens e não apenas o povo judeu, auto-proclamado de 
“Povo de Deus”?
E isto já sem falar na tremenda ideia, já atrás referida, de que, não 
estando sozinhos no Universo, a VERDADE não se poderá nunca 
confinar a esta pequena, minúscula Terra, mas terá forçosamente de 
se projectar no Cosmos…
- “Vou entregar a terra do Egipto a Nabucodonosor (…) Ele pilhará 
as riquezas do Egipto, saqueará e roubará o que puder (…) Pelo 
trabalho que tiveram em Tiro, vou dar-lhes a terra do Egipto, pois 
trabalharam para Mim - oráculo do Senhor Javé. (…) Pela mão de 
Nabucodonosor, (...) vou acabar com a opulência do Egipto. (…) 
Virão para arrasar o país (…), deixarão o país coberto de cadáveres 
(…), nunca mais haverá chefes na terra do Egipto.” (Ez 29 -30)
- Realmente tal não aconteceu. Mas o facto de a profecia não se ter 
realizado parece-nos secundário. O divino a introduzir-se no mais 
baixo que o Humano tem é que nos deixa perplexos! Simbólico? 
Que seja! Mas que gera desconfiança e descredibilidade a quem 
procura, como nós, a VERDADE, parece, infelizmente, não haver 
dúvidas!…
- “Diz-lhes: Juro pela minha vida - oráculo do Senhor Javé: Não 
sinto nenhum prazer com a morte do injusto. O que Eu quero é que 
ele mude de comportamento e viva.” (Ez 33,11)
- Comenta-se: “A destruição de Jerusalém provoca uma autêntica 
viragem na acção profética de Ezequiel: o pregoeiro de condenações 
passa a pregoeiro da salvação.” (ibidem)
E nós, apenas uma derradeira pergunta: Se profetiza ao sabor da 
História, onde está a inspiração divina? Não há, hoje, por aí, tantos 
profetas, uns da desgraça, outros de um optimismo exagerado, sem 
que apelemos para qualquer inspiração diabólica ou divina?
Já vai sendo tempo de os exegetas da Bíblia se deixarem de 
interpretações absurdas e de, honestamente, confessarem que não 
houve quaisquer profetas inspirados por Deus, que Israel não é 
nenhum “Povo de Deus” ou “Povo eleito de Javé”, que a Bíblia 
não tem nada de sagrado mas é apenas um livro histórico-cultural, 
escrito ao longo de cerca de mil anos, ali, na Palestina…

Sem comentários:

Enviar um comentário