À procura da
VERDADE em EZEQUIEL
10/13
- Eis o cúmulo do nosso exegeta (referimo-nos ao
excerto bíblico
publicado no texto anterior): “Estes oráculos contra as nações
não
podem ser interpretados à letra; representam a visão geral do profeta,
segundo a qual as mudanças de poderes no âmbito internacional
exercem
influência sobre os destinos do povo de Deus. As potências
que se apresentam,
na História, como soberanas, são na
verdade instrumentos de Deus que contribuem
para a realização do
seu projecto na Terra. (…) De momento, é a Babilónia que
executa
os julgamentos divinos.” (ibidem)
É realmente incompreensível! Então, uns oráculos são
para interpretar
à letra, outros não? E é a visão do profeta ou… a de Javé? Em
que
VERDADE assenta a propalada ideia do profeta de que as nações
são
instrumentos de Deus? Afinal, qual o projecto de Deus na Terra?
E em que Terra,
se a visão do profeta - e consequentemente a de
Javé de que ele é intérprete -
pouco vai além do Médio Oriente e
Norte de África? Podem afirmar-se assim
coisas, sem terem
real fundamento ou apenas fundamentadas numa Fé que nem
sempre é consistente e é comprovadamente ignorante da
realidade-Terra? Não se
torna a Babilónia politeísta quase amada de
Javé, como seu braço castigador, e
também odiada por adorar outros
deuses? Não repugna até às entranhas que Javé “aprove”
as
barbaridades cometidas por Babilónia, sendo elas a expressão da sua
ira
divina?
É que a Bíblia não é de há três ou quatro milhões de
anos, quando
o nosso antepassado dava os primeiros passos, erecto. Tem apenas
uns parcos dois a três mil anos… Então, não deveria usar outra
linguagem se
quisesse ser considerada “Livro sagrado” e, ainda
mais, o “Livro da Verdade”,
da Verdade universal que abarcasse
todos os Homens e não apenas o povo judeu,
auto-proclamado de
“Povo de Deus”?
E isto já sem falar na tremenda ideia, já atrás
referida, de que, não
estando sozinhos no Universo, a VERDADE não se poderá
nunca
confinar a esta pequena, minúscula Terra, mas terá forçosamente de
se
projectar no Cosmos…
- “Vou entregar a terra do Egipto a Nabucodonosor
(…) Ele pilhará
as riquezas do Egipto, saqueará e roubará o que puder (…) Pelo
trabalho que tiveram em Tiro, vou dar-lhes a terra do Egipto, pois
trabalharam
para Mim - oráculo do Senhor Javé. (…) Pela mão de
Nabucodonosor, (...) vou
acabar com a opulência do Egipto. (…)
Virão para arrasar o país (…), deixarão o
país coberto de cadáveres
(…), nunca mais haverá chefes na terra do Egipto.”
(Ez 29 -30)
- Realmente tal não aconteceu. Mas o facto de a
profecia não se ter
realizado parece-nos secundário. O divino a introduzir-se
no mais
baixo que o Humano tem é que nos deixa perplexos! Simbólico?
Que seja!
Mas que gera desconfiança e descredibilidade a quem
procura, como nós, a
VERDADE, parece, infelizmente, não haver
dúvidas!…
- “Diz-lhes: Juro pela minha vida - oráculo do
Senhor Javé: Não
sinto nenhum prazer com a morte do injusto. O que Eu quero é
que
ele mude de comportamento e viva.” (Ez 33,11)
- Comenta-se: “A destruição de Jerusalém provoca uma
autêntica
viragem na acção profética de Ezequiel: o pregoeiro de condenações
passa a pregoeiro da salvação.” (ibidem)
E nós, apenas uma derradeira pergunta: Se profetiza
ao sabor da
História, onde está a inspiração divina? Não há, hoje, por aí,
tantos
profetas, uns da desgraça, outros de um optimismo exagerado, sem
que
apelemos para qualquer inspiração diabólica ou divina?
Já vai sendo tempo de os exegetas da Bíblia se
deixarem de
interpretações absurdas e de, honestamente, confessarem que não
houve quaisquer profetas inspirados por Deus, que Israel não é
nenhum “Povo de
Deus” ou “Povo eleito de Javé”, que a Bíblia
não tem nada de sagrado mas é
apenas um livro histórico-cultural,
escrito ao longo de cerca de mil anos, ali,
na Palestina…
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