À procura da
VERDADE em EZEQUIEL
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- “(…) Alguns anciãos de Israel foram consultar Javé
e sentaram-se
diante de mim. Então, recebi a seguinte mensagem de Javé: (…)”
(Ez 20,1)
- Ezequiel não era nada modesto. Apresenta-se como o
interlocutor
privilegiado entre o povo e Javé. Consultá-lo é consultar Javé. Uma
presunção inaceitável para um “homem de Deus”!
- “Assim diz Javé: Agora, estou contra ti. Vou tirar
da bainha a minha
espada para matar tanto o justo como o injusto.” (Ez 21,8)
- Mas o mesmo Javé não disse em 18,4: “O indivíduo
que pecar, esse
é que deverá morrer”? Perante tal incongruência, comenta-se:
“Ezequiel garante que o julgamento de Javé toca o justo e o pecador,
o bom e o
mau (…) Serão resquícios do antigo dogma da
solidariedade no castigo (…)? Ou
será o modo bem semita de
exprimir a ideia da totalidade (…)?” (ibidem) Enfim, «matar
tanto
o justo como o injusto» é mais uma das muitas afirmações bíblicas
que se
tornam bem difíceis de explicar para qualquer exegeta
cristão. E é inadmissível
que a palavra de Deus seja confusa para
aqueles para quem foi escrita.
- “Assim diz Javé: Espada, espada afiada e polida!
Afiada para
matar de verdade e polida também para brilhar… (…) Ele afiou
e
poliu a espada (…) Eles foram entregues à espada (…) Que a
espada se duplique
(…) é a espada que massacra, a grande espada
do massacre (…) Em todas as portas
coloquei a morte pela espada,
espada feita para fulminar (…) Eu Javé, falei!”
(Ez 21)
- Que a espada simboliza a guerra, todos nós sabemos.
Mas que
seja um Deus a falar assim, com tanta crueldade, não se entende e
custa
aceitar que é neste “Javé da espada” que se fundamenta a
nossa Fé!… E sente-se,
pelo estilo literário, um certo comprazimento
do autor na violência e no sabor
a sangue que à espada está inerente.
- “Ai da cidade que derrama sangue (…) que fabrica
ídolos! Em ti,
há gente que calunia (…) Há quem tenha relações com a madrasta e
violente a mulher menstruada. Um pratica imoralidade com a mulher
do seu
próximo, outro desonra a sua nora, outro violenta a própria
irmã, a filha do
seu pai. (…) Os teus chefes parecem leões (…)
devoram as pessoas, apoderam-se
de todas as riquezas (…)
multiplicam o número de viúvas (…) Os teus sacerdotes
violam a
minha lei (…) Os teus profetas encobrem tudo isto com visões falsas
e
adivinhações mentirosas (…) Os latifundiários exploram, e roubam
(…) Por isso,
lancei contra eles a minha cólera (…) - oráculo de Javé.”
(Ez 22)
- É muita iniquidade, não há dúvida! Aberrante para
os Homens,
aberrante para Deus. As perversões
sexuais sempre presentes! Tais
perversões, recorrentes na Bíblia, não manifestarão,
aqui, o
recalcamento dum Ezequiel que, por ser sacerdote e profeta,
tinha de se
manter fora de tais iniquidades que tão bem conhecia? E
que talvez praticasse,
incluindo-se nos sacerdotes que violam a lei e
nos profetas que encobrem tudo
com falsas adivinhações?
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