domingo, 4 de março de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 165/?


À procura da VERDADE em EZEQUIEL
7/13

- “(…) Alguns anciãos de Israel foram consultar Javé e sentaram-se 
diante de mim. Então, recebi a seguinte mensagem de Javé: (…)” 
(Ez 20,1)
- Ezequiel não era nada modesto. Apresenta-se como o interlocutor 
privilegiado entre o povo e Javé. Consultá-lo é consultar Javé. Uma 
presunção inaceitável para um “homem de Deus”!
- “Assim diz Javé: Agora, estou contra ti. Vou tirar da bainha a minha 
espada para matar tanto o justo como o injusto.” (Ez 21,8)
- Mas o mesmo Javé não disse em 18,4: “O indivíduo que pecar, esse 
é que deverá morrer”? Perante tal incongruência, comenta-se: 
“Ezequiel garante que o julgamento de Javé toca o justo e o pecador, 
o bom e o mau (…) Serão resquícios do antigo dogma da 
solidariedade no castigo (…)? Ou será o modo bem semita de 
exprimir a ideia da totalidade (…)?” (ibidem) Enfim, «matar tanto 
o justo como o injusto» é mais uma das muitas afirmações bíblicas 
que se tornam bem difíceis de explicar para qualquer exegeta 
cristão. E é inadmissível que a palavra de Deus seja confusa para 
aqueles para quem foi escrita.
- “Assim diz Javé: Espada, espada afiada e polida! Afiada para 
matar de verdade e polida também para brilhar… (…) Ele afiou 
e poliu a espada (…) Eles foram entregues à espada (…) Que a 
espada se duplique (…) é a espada que massacra, a grande espada 
do massacre (…) Em todas as portas coloquei a morte pela espada, 
espada feita para fulminar (…) Eu Javé, falei!” (Ez 21)
- Que a espada simboliza a guerra, todos nós sabemos. Mas que 
seja um Deus a falar assim, com tanta crueldade, não se entende e 
custa aceitar que é neste “Javé da espada” que se fundamenta a 
nossa Fé!… E sente-se, pelo estilo literário, um certo comprazimento 
do autor na violência e no sabor a sangue que à espada está inerente.
- “Ai da cidade que derrama sangue (…) que fabrica ídolos! Em ti, 
há gente que calunia (…) Há quem tenha relações com a madrasta e 
violente a mulher menstruada. Um pratica imoralidade com a mulher 
do seu próximo, outro desonra a sua nora, outro violenta a própria 
irmã, a filha do seu pai. (…) Os teus chefes parecem leões (…) 
devoram as pessoas, apoderam-se de todas as riquezas (…) 
multiplicam o número de viúvas (…) Os teus sacerdotes violam a 
minha lei (…) Os teus profetas encobrem tudo isto com visões falsas 
e adivinhações mentirosas (…) Os latifundiários exploram, e roubam 
(…) Por isso, lancei contra eles a minha cólera (…) - oráculo de Javé.” 
(Ez 22)
- É muita iniquidade, não há dúvida! Aberrante para os Homens, 
aberrante para Deus.  As perversões sexuais sempre presentes! Tais 
perversões, recorrentes na Bíblia, não manifestarão, aqui, o 
recalcamento dum Ezequiel que, por ser sacerdote e profeta, 
tinha de se manter fora de tais iniquidades que tão bem conhecia? E 
que talvez praticasse, incluindo-se nos sacerdotes que violam a lei e 
nos profetas que encobrem tudo com falsas adivinhações?

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