Nesta nossa
sociedade plasmada pelo cristianismo, tivemos direito
a um feriado – o Dia de
Todos os Santos – e a um convite, no dia
seguinte, a nos lembrarmos dos que já
partiram. Não vamos falar sobre
a morte – termo lógico para tudo aquilo que um
dia começa, do átomo,
aos seres vivos, às estrelas – mas do sentido da VIDA.
É evidente
que todo o indivíduo, tendo vindo à VIDA, deveria ter um
papel importante a
desempenhar enquanto tal. Aos seus próprios olhos
e aos olhos da comunidade em
que apareceu e, conforme as culturas ou
civilizações, mais ou menos importante,
mais ou menos significativo.
Numas, nas menos evoluídas ou mais primárias, será
apenas mais um
que foi gerado no ventre de sua mãe e que há-de criar-se bem ou
mal e
andar por aí até morrer. Nas outras, as mais evoluídas, terá um estatuto
bem
mais nobre: aprenderá em escolas, formar-se-á, contribuirá com
ciência, saber e
trabalho para melhorar o mundo que o viu nascer.
Também
é evidente que todo o indivíduo nasce com uma certeza – a única
certeza
absoluta: um dia, mais cedo ou mais tarde, dependendo do seu
ADN e do seu modus vivendi, morrerá!
Então,
qual o sentido para a Vida, já que acabará inexoravelmente na morte?
Ou: por
quê e para quê existimos? Perguntado de outra forma: Que
interesse tem o mundo
na nossa existência? Ou ainda: Se não tivéssemos
existido, viria daí algum mal
ao mundo? Ou, de forma mais positiva: Pelo
facto de termos existido, veio algum
bem ao mesmo mundo?
As
perguntas levam-nos ao âmago da questão. Houve indivíduos –
sabemo-lo pela
História – que teria sido bem melhor
para a Humanidade
que nunca tivessem existido: todos os tiranos, todos os
corruptos, todos
os déspotas, todos os escravizadores, todos os algozes, todos
os inventores
de instrumentos de tortura e todos os que os mandaram inventar,
todos os
inventores e construtores de armas, todos os defensores e mandantes da
guerra, todos os construtores de impérios, regados com o sangue dos
vencidos,
todos os inventores de falsidades afirmando-as como verdades…
Sem eles, a
Humanidade que temos hoje seria muito diferente, obviamente
para melhor, porque
muito mais humana, emocional e racionalmente.
Por
outro lado, houve Homens que foram determinantes para o avanço e
progresso da
Humanidade, tendo feito descobertas que catapultaram o
Homem para o
conhecimento de realidades totalmente desconhecidas,
do átomo, ao genoma, ao
Universo. E que fantástica a realidade que nos
rodeia e da qual fazemos parte! E
que fantástico podermos pensar tudo isto
e sabermos fazer parte de tudo isto!
A tese
anterior leva-nos a outra pergunta: afinal, o que ou quem é o Homem?
– A
resposta é simples: um ser vivo, inteligente, ser que tem tanto de bom
como de
mau e que, muitas vezes, evidencia, tanto para si como para o seu
semelhante,
mais a parte malévola que a bondade. Daí a tão imperfeita – a
todos os níveis –
Humanidade actual.
Mas,
na verdade, cada um de nós, individualmente, nada interessa ao mundo
ou à
Humanidade, muito menos ao Universo cujas dimensões nos são
completamente
desconhecidas, embora saibamos que são descomunais ou
mesmo infinitas,
apontando para um nunca começo – logo, um nunca fim –
tendo existido desde
sempre e para sempre…
Resta-nos
o SABER VIVER e a ALEGRIA perante a inevitabilidade da
Vida a que tivemos o
privilégio de aceder e o SORRISO perante a
inevitabilidade da morte que é inexoravelmente indissociável da mesma Vida…
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