À procura da
VERDADE nos livros Proféticos
ISAÍAS – 17/17
- “Levanta-te, Jerusalém! (…) Tu sugarás o leite das
nações,
sugarás a riqueza dos reis. Então, saberás que Eu sou Javé, que
te
salva, o teu Redentor, o Forte de Jacob. (…) Vou dar-te como
inspector a paz, e
como capataz a justiça. Não se ouvirá mais
falar de violência na tua terra, nem
de opressão ou terror no teu
território.” (Is 61)
- Que justiça é esta de Javé que “manda” Jerusalém
sugar o leite
das nações e as riquezas dos reis? E… até quando durou esta
“profecia” e esta fala de Javé? Que diria Javé se hoje ali estivesse
em
Jerusalém, onde impera a violência e o ódio, entre árabes e
judeus, até nos
olhos das crianças? Logo, Isaías apenas falou
para os do seu tempo o que,
obviamente, nada interessa aos
vindouros: nós!
- “Javé envia esta mensagem até aos confins da
Terra: Dizei à capital
de Sião: Olha, aí
vem o teu salvador; com Ele vem a tua recompensa
(…) Serão chamados Povo santo,
Redimidos de Javé. E tu serás
chamada a Procurada, a Cidade Não Abandonada.(…)
Pois chegou
o dia da vingança que estava no meu coração (…) Então, pisei os
povos com ira, amassei-os com o meu furor, derramando o seu
sangue pelo chão.”
(Is 62-63) “Javé, Tu és o nosso Pai: O teu Nome
é desde sempre, nosso Redentor.
(…) Tu vais ao encontro daqueles
que praticam a justiça e sempre se lembram dos
teus caminhos.
Acontece porém, que ficaste irritado connosco, porque há muito
tempo pecamos contra Ti e fomos rebeldes.” (Is 63-64) “Olhai! Eu
vou criar um
novo céu e uma nova terra. As coisas antigas nunca
mais serão lembradas (…)
Farei de Jerusalém uma alegria (…) e
alegrar-me-ei com o meu povo. Nela nunca
mais se ouvirá choro
ou clamor. (…) Farei correr para Jerusalém a prosperidade
como um
rio e a riqueza das nações como torrentes que transbordam. (…) e
os que
comem carne de porco, répteis e ratos, todos eles perecerão
juntamente com as
suas práticas e os seus projectos - oráculo de Javé.
(…)” (Is 65-66)
- Enfim, com estas tristíssimas tiradas repetitivas
de Isaías:
o “Povo Santo”, a vingança, a ira, o furor de Javé ávido de sangue,
o pecado, Jerusalém onde nunca mais haverá choro mas apenas
alegria,
prosperidade e riqueza, o específico “pecado” de comer carne
de porco…,
acabámos mais um livro da Bíblia, um dos mais
importantes pelas repercussões
que vai ter no NT. Mas tudo
continua localizado no tempo do pós-exílio, tudo
repetido do
antigamente, tudo apontando para um Javé humanizado, partidário,
injusto…,
um Javé antípoda de Deus!
E, ao “vermo-nos livres” de mais um livro desta
Bíblia que, a cada
análise crítica, mais credibilidade perde, como contendo
qualquer tipo
de VERDADE ou como sendo de inspiração divina…, só mais umas
perguntinhas: 1 – Porque há-de ser Jerusalém o símbolo, na Terra,
da supostamente
existente “Jerusalém celeste”, se não é mais que
uma cidade histórica como
Babilónia, Atenas ou Roma, onde o conflito
entre povos se arrastou – se arrasta!
– ao longo da História?
2 – Porquê - e já nos vamos repetindo tanto! - porquê a
história de um
povo haveria de constituir a base da salvação eterna do Homem?
(Isto,
caso houvesse eternidade, claro!) Não é evidente, para
todos os que quiserem
ser intelectualmente honestos, que, lendo a
Bíblia, não descortinamos mais do
que palavras endeusadas com
Javé em tudo quanto é lugar, decisão, vitória, derrota,
massacres,
devastações?! Realmente, que mensagem nos trouxe Isaías, além de
um
relato de factos históricos onde introduziu Javé como
motor - causa e efeito -
dessa mesma História? Tudo se passa com
Javé, em Javé, por Javé. Não é demais?
Não é, sobretudo, uma
interpretação abusiva, por ser religiosa, da História?
1 - Perdão pelo atraso da publicação: estive em Roma, contactando com o centro do cristianismo e do actual catolicismo. Do facto falaremos mais adiante: o esplendor daquelas igrejas é de "arrepiar", levando-nos a colocar imnúmeras questões.
ResponderEliminar2 - Faremos, como prometido, um interregno, nesta análise crítica da Bíblia, para falarmos sobre existencialismo: "Existir: drama ou a glória de ter vindo à vida?" Até breve!