À procura da
VERDADE nos livros Proféticos
ISAÍAS – 13/17
- “Desce e senta-te no pó, jovem Babilónia. Senta-te
no chão,
sem trono, capital dos caldeus, pois nunca mais te chamarão doce
e
delicada. (...) Tira o véu, levanta a saia, mostra as pernas,
atravessa os
rios. Que o teu corpo fique descoberto e se vejam as
tuas partes íntimas. Eu
vou vingar-Me e ninguém se oporá, diz o
nosso Redentor que se chama Javé dos
exércitos, o santo de Israel.
(…) (Is 47,1-4)
- Simbólica embora, a sensualidade das imagens quase
encanta…
Mas é a derrota de Babilónia! É o castigo de Javé! É a continuidade
non-sense de Deus a intervir na História. Inaceitável, em termos
universais da
cultura humana. E, cúmulo dos cúmulos: um Deus
que elege a vingança como sua
atitude predilecta.
- “Javé chamou-me e (…) disse-me: Israel, tu és o
meu servo; por
meio de ti mostrarei a minha glória. (…) Faço de ti uma luz para
as
nações para que a minha salvação chegue até aos confins da Terra.
(…) Aos
teus opressores farei comer a própria carne; e com o
próprio sangue eles se
embriagarão, como de vinho novo. Então todas
as criaturas saberão que Eu sou
Javé, teu salvador e que o teu
redentor é o Poderoso de Jacob.” (Is 49)
- Imaginemos, por absurdo, que Isaías não era
israelita. Acaso teria
elegido Israel como servo de Javé? Que lógica divina
haverá ao
condicionar-se Deus a um povo? E que povo, valha-nos Deus!
Depois, aquele gostinho do “profeta” pelo macabro… E é pelo sangue
derramado que Javé
se mostra salvador e redentor? Afinal, onde
estará a salvação e a redenção, não
da humanidade, mas deste
homem concreto, desta mulher concreta, de ti, de mim,
de cada
Homem? No cumprimento da Lei mosaica? No seguimento das
máximas dos
Livros sapienciais? No adorar a Javé e não aos ídolos?
Mas o que é isso de
adorar a Javé? Que diferença realmente há
entre venerar e adorar? Ajoelhas-te
diante de uma imagem ou
diante do Santíssimo Sacramento: a uma veneras, a outro
adoras…
Sabes distinguir? E realmente para que serve cumprir a
Lei? -
bradaríamos com Job? Para não sermos punidos? Para receber
o prémio da “Terra
Prometida”? Na Terra ou no Céu? Que Céu, que
vida eterna se não há certezas
nenhumas de um Céu ou de uma vida
eterna, seja minha, seja tua, seja de
qualquer Homem? E, no meio de
tantas perguntas, nos perdemos, se perde a
Bíblia, nós morrendo na
angústia das incertezas, a Bíblia, “lutando” pela
sobrevivência de
Israel, sempre com o auxílio do guerreiro braço de Javé…
- “Desperta! Desperta! De pé, Jerusalém! Tu que
bebeste da mão de
Javé a taça cheia do seu furor, um cálice embriagador, que
bebeste e
esvaziaste. (…) Vou retirar da tua mão o cálice embriagador; nunca
mais beberás a taça do meu furor. Vou passar esta taça para as mãos
daqueles
que te fizeram sofrer, daqueles que te diziam: Curva-te para
passarmos por cima de ti.(…) Desperta! Desperta (…)
Jerusalém,
cidade santa! Pois nunca mais entrarão em ti o não circuncidado e o
impuro.” (Is 51-52)
- Como Te enganaste, Javé! Se viesses cá neste virar
de milénio,
apenas uns dois mil e quinhentos anos passados, que dirias ao ver a
tua Santa Jerusalém - ou que fizeram tua! - o pomo da discórdia entre
povos e
religiões que disputam a mesma terra, a mesma cidade, a
mesma capital! E sabes
qual é um desses povos? - O teu eleito Israel!
Ou… que se dissera ser teu
eleito! Ainda anda por ali o teu furor,
castigando?! É: Isaías “profetizou”
para os do seu tempo! Continuou a
“invenção” de um Javé para os do seu tempo, como
convinha a um povo
auto-proclamado eleito de Javé! E que mais poderia ele
fazer, senão
consolar os seus? Se não conhecia da Terra senão o Médio Oriente?
Se não sabia que a Terra é redonda e que gira à volta do Sol? E que é
um
minúsculo planeta perdido num Universo incomensurável? Que
“profetizaria” ele
se existisse neste terceiro milénio? É que um
Javé-Deus, Senhor do visível e do
invisível, Senhor do
desconhecido - que é de certeza bem maior que o conhecido
e
visível - não pode, não pode estar limitado a um povo que ora castiga
ora
abençoa a seu belo prazer! Nem pode desconhecer a História
passada e futura,
sabendo, pois, aonde levaria o Homem, a Ciência e o
Conhecimento. Mas, não! É
um Deus completamente desconhecedor
destas fantásticas realidades a que nós, os
do terceiro milénio, já tivemos
o privilégio de aceder. Ah, que Javé-Deus tão
“feito” à imagem e
semelhança do Homem do seu tempo, do Homem existente aquando
da escritura da Bíblia!
Enfim, e mais uma vez: Que dizer de um Deus, que se
quisera único
e universal, que exclui da “sua cidade santa” o não circuncidado
e o
impuro? – Não! Não é Deus!
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