sexta-feira, 19 de maio de 2017

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 136/?

À procura da VERDADE nos livros Proféticos

ISAÍAS – 13/17

- “Desce e senta-te no pó, jovem Babilónia. Senta-te no chão, 
sem trono, capital dos caldeus, pois nunca mais te chamarão doce 
e delicada. (...) Tira o véu, levanta a saia, mostra as pernas, 
atravessa os rios. Que o teu corpo fique descoberto e se vejam as 
tuas partes íntimas. Eu vou vingar-Me e ninguém se oporá, diz o 
nosso Redentor que se chama Javé dos exércitos, o santo de Israel. 
(…) (Is 47,1-4)
- Simbólica embora, a sensualidade das imagens quase encanta… 
Mas é a derrota de Babilónia! É o castigo de Javé! É a continuidade 
non-sense de Deus a intervir na História. Inaceitável, em termos 
universais da cultura humana. E, cúmulo dos cúmulos: um Deus 
que elege a vingança como sua atitude predilecta.
- “Javé chamou-me e (…) disse-me: Israel, tu és o meu servo; por 
meio de ti mostrarei a minha glória. (…) Faço de ti uma luz para as 
nações para que a minha salvação chegue até aos confins da Terra. 
(…) Aos teus opressores farei comer a própria carne; e com o 
próprio sangue eles se embriagarão, como de vinho novo. Então todas 
as criaturas saberão que Eu sou Javé, teu salvador e que o teu 
redentor é o Poderoso de Jacob.” (Is 49)
- Imaginemos, por absurdo, que Isaías não era israelita. Acaso teria 
elegido Israel como servo de Javé? Que lógica divina haverá ao 
condicionar-se Deus a um povo? E que povo, valha-nos Deus! 
Depois, aquele gostinho do “profeta” pelo macabro… E é pelo sangue 
derramado que Javé se mostra salvador e redentor? Afinal, onde 
estará a salvação e a redenção, não da humanidade, mas deste 
homem concreto, desta mulher concreta, de ti, de mim, de cada 
Homem? No cumprimento da Lei mosaica? No seguimento das 
máximas dos Livros sapienciais? No adorar a Javé e não aos ídolos? 
Mas o que é isso de adorar a Javé? Que diferença realmente há 
entre venerar e adorar? Ajoelhas-te diante de uma imagem ou 
diante do Santíssimo Sacramento: a uma veneras, a outro adoras… 
Sabes distinguir? E realmente para que serve cumprir a 
Lei? - bradaríamos com Job? Para não sermos punidos? Para receber 
o prémio da “Terra Prometida”? Na Terra ou no Céu? Que Céu, que 
vida eterna se não há certezas nenhumas de um Céu ou de uma vida 
eterna, seja minha, seja tua, seja de qualquer Homem? E, no meio de 
tantas perguntas, nos perdemos, se perde a Bíblia, nós morrendo na 
angústia das incertezas, a Bíblia, “lutando” pela sobrevivência de 
Israel, sempre com o auxílio do guerreiro braço de Javé…
- “Desperta! Desperta! De pé, Jerusalém! Tu que bebeste da mão de 
Javé a taça cheia do seu furor, um cálice embriagador, que bebeste e 
esvaziaste. (…) Vou retirar da tua mão o cálice embriagador; nunca 
mais beberás a taça do meu furor. Vou passar esta taça para as mãos 
daqueles que te fizeram sofrer, daqueles que te diziam: Curva-te para 
passarmos por cima de ti.(…) Desperta! Desperta (…) Jerusalém, 
cidade santa! Pois nunca mais entrarão em ti o não circuncidado e o 
impuro.” (Is 51-52)
- Como Te enganaste, Javé! Se viesses cá neste virar de milénio, 
apenas uns dois mil e quinhentos anos passados, que dirias ao ver a 
tua Santa Jerusalém - ou que fizeram tua! - o pomo da discórdia entre 
povos e religiões que disputam a mesma terra, a mesma cidade, a 
mesma capital! E sabes qual é um desses povos? - O teu eleito Israel! 
Ou… que se dissera ser teu eleito! Ainda anda por ali o teu furor, 
castigando?! É: Isaías “profetizou” para os do seu tempo! Continuou a 
“invenção” de um Javé para os do seu tempo, como convinha a um povo 
auto-proclamado eleito de Javé! E que mais poderia ele fazer, senão 
consolar os seus? Se não conhecia da Terra senão o Médio Oriente? 
Se não sabia que a Terra é redonda e que gira à volta do Sol? E que é 
um minúsculo planeta perdido num Universo incomensurável? Que 
“profetizaria” ele se existisse neste terceiro milénio? É que um 
Javé-Deus, Senhor do visível e do invisível, Senhor do 
desconhecido - que é de certeza bem maior que o conhecido e 
visível - não pode, não pode estar limitado a um povo que ora castiga 
ora abençoa a seu belo prazer! Nem pode desconhecer a História 
passada e futura, sabendo, pois, aonde levaria o Homem, a Ciência e o 
Conhecimento. Mas, não! É um Deus completamente desconhecedor 
destas fantásticas realidades a que nós, os do terceiro milénio, já tivemos 
o privilégio de aceder. Ah, que Javé-Deus tão “feito” à imagem e 
semelhança do Homem do seu tempo, do Homem existente aquando 
da escritura da Bíblia!

Enfim, e mais uma vez: Que dizer de um Deus, que se quisera único 
e universal, que exclui da “sua cidade santa” o não circuncidado e o 
impuro? – Não! Não é Deus!

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