É um facto: Fátima tornou-se o maior centro de peregrinação do
mundo. E, dentro do espírito do capitalismo selvagem que nos governa, estando o
Homem escravo e ao serviço do dinheiro – quando o dinheiro deveria ser libertador
e estar ao serviço do Homem – é uma óptima fonte de receitas para o turismo
local e nacional e, obviamente, para a Igreja Católica: são milhões!
Mas o fenómeno é religioso. Tem origem numa suposta aparição da
Virgem Maria a uns pastorinhos (bizarra aparição, pois só Lúcia ouve, vê e fala
com a Virgem, Jacinta só a vê e Francisco só a ouve…), tudo envolto numa
nebulosidade que só se percebe tendo em conta o factor religioso-turístico que
acarretaria consigo. E, se os seus mentores fossem vivos, constatariam que as
suas expectativas não só não foram goradas mas em muito suplantadas,
contribuindo para isso o relevo que foi dado às supostas aparições, primeiro,
pela Igreja local e nacional, depois, vendo a oportunidade religioso-monetária,
já de grande sucesso em outros santuários de outras partes do globo, pela
Igreja do Vaticano.
Muito já se escreveu sobre Fátima: uns em defesa, outros em
acérrimos ataques. Tem predominado a sua “verdade”, pela Fé dos crentes e pelas
emoções que a ida a Fátima – um local sagrado, onde o divino está presente! –
provoca nos peregrinos. Grandes emoções onde a razão e a análise crítica ficam completamente
de fora…
No muito que foi dito e escrito, têm-se referido fontes da
época, relatos dos acontecimentos, relatos da Lúcia sobre o fenómeno (Francisco
e Jacinta nunca abriram a boca…). Mas não vimos uma análise crítica ao teor da
mensagem de Fátima, suposta mensagem enviada por Deus através da Virgem à
humanidade. Ora, a nosso ver, é aí que se deve centrar o âmago da questão e da
procura da Verdade. Vamos por partes:
1 – O Homem não pode acreditar que Deus anda por aí, de vez em
quando, a enviar-lhe mensagens, directamente ou através da Virgem ou de anjos,
de um modo nebuloso e sem qualquer credibilidade. Neste caso, através de umas
crianças altamente dependentes de uma catequese a todos os títulos retrógrada e
fundamentalista, como era a existente à época (1917). Ora, ser inteligente que
se presume seja – a máxima inteligência! – de certeza que não seria tal
processo que Deus utilizaria para se comunicar com os Humanos.
2 – Historicamente, existiu Maria, mãe de Jesus, mas a Virgem
Maria, Mãe de Deus, não. Foi uma invenção dos primeiros cristãos e assim
propagada através destes dois milénios. Isto é fácil de provar, histórica e
racionalmente. Transcrevo o que escrevi, aqui, no meu texto de 04/03:
«Mateus refere, em
1,22-23, as palavras do Anjo para convencer José: “Tudo isto aconteceu para se
cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: Vede: a Virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado
Emanuel, que quer dizer: Deus está connosco.” Mas os textos não batem
certo. Mateus - ou o Anjo? - não foi exacto na transcrição do profeta Isaías
que diz: “A jovem concebeu e dará à luz um filho (…)”; e, com toda a certeza,
não era virgem!… Onde nos poderiam levar os comentários a tal pequena-enorme
troca de “jovem” por “virgem”? Onde? No entanto, é esta passagem bíblica que
está na base do cristianismo já que aponta para o acto essencial que foi o
nascimento de Jesus, Filho de Deus, concebido, por obra e graça do Divino
Espírito Santo, no seio de Maria Virgem (como se ensina no catecismo e se reza
no Credo católico, nas missas). E é a esta Virgem-mãe inexistente que todo o
cristianismo presta devoção e erigiu santuários e altares por todo o mundo… o
que, embora comovente por nos fazer lembrar a nossa mãe e a mãe dos nossos
filhos, não deixa de ser um enorme atentado à Verdade.»
3 – Analisando criticamente a mensagem de
Fátima (toda ela revelando uma catequese fundamentalista e retrógrada imposta àquelas
crianças, como já dissemos), constatamos a impossibilidade de ser uma mensagem
vinda do Céu, significando Céu uma entidade de onde emanam mensagens cheias de
humanidade e de verdade. Nem de um ponto de vista humano nem de um ponto de
vista teológico, sendo de admirar como é que a própria Igreja a aceita como
sua... Ambos os aspectos foram, aqui, escalpelizados, em 12 pequenos textos
publicados entre 05/05 e 01/09 de 2011, sob o título “A (in)verdade de Fátima”.
Sem mais delongas, remetemos para a sua leitura. (Ver arquivo do blog)
Em nome da VERDADE!
Com a vinda do papa Francisco a Fátima, agitam-se Igreja e comércio. Já parecem eclesiásticos a dizer que se trata de visões místicas e não de aparições e que a mensagem de Fátima tem de ser interpretada como se interpreta a Bíblia... Ora, visões são fenómenos emotivos criados no e pelo cérebro de crentes mais susceptíveis aos mistérios que a religião lhes impõe. E já sabemos como os teólogos interpretam a Bíblia: quando não se pode/deve interpretar à letra, socorrem-se de metáforas e de imagens. Uma falsidade e desonestidade intelectual!.
ResponderEliminarAlguém da Igreja me explica, por exemplo, como é aceitável que se reze e faça rezar no terço (um desfiar de Avé Marias que bem merecia uma análise crítica!) aquela oração supostamente ensinada às crianças pela Virgem: "Ó meu Jesus perdoai-nos e livrai-nos do fogo do inferno e levai as almas todas para o Céu principalmente as que mais precisarem."? É que nem Jesus perdoa ou livra de seja o que for, nem há inferno, muito menos com fogo e diabos lá dentro, nem tão pouco céu para onde vão as almas. Mas, mesmo para os crentes nestas fantasias, porque levar para o céu, sobretudo as almas que mais precisarem? E as outras? E, tendo já "acabado" o Limbo para onde iam os inocentes não baptizados..., ainda "existe" o Purgatório onde as almas, não totalmente limpas dos pecados terrenais, se purificam para poderem "entrar na glória eterna"? Apetece exclamar: Meu Deus, como é possível pregar e acreditar em tantas coisas, bonitas umas (céu), tremendas outras (inferno) mas todas sem qualquer sentido de credibilidade!
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