terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 121/?

À procura da VERDADE nos livros Sapienciais


O ECLESIÁSTICO – 13/15


- “Meu filho, derrama lágrimas pelo morto (…) Chora amargamente, 
bate no peito e observa o luto (…) para evitar os comentários do 
povo; e depois, consola-te da tristeza. Porque a tristeza leva à morte, 
e qualquer aflição do coração consome as forças. Na desgraça, a tristeza 
permanece e uma vida triste é insuportável. Não entregues o teu 
coração à tristeza, pensando no fim que terás. Não te esqueças: da 
morte, não há retorno. A tua tristeza em nada servirá ao morto e 
acabarás por te prejudicar. Lembra-te: a sorte dele será também a tua. 
Eu ontem e tu hoje. Quando o morto repousa, deixa de pensar nele. 
Consola-te porque o espírito dele já partiu.” (Eclo 38,16-23)
- Fantástico, simplesmente! Que realista este autor! Que “divina” 
comédia! Que delicioso aquele fingido chorar! Não se vislumbra é 
nada de eternidade ou… de divino, como sempre! Apenas, o aproveitar 
ao máximo esta vida que é a certa, no prazer e na alegria de viver, 
afastando-se a tristeza que consome vida, esta vida. A outra… 
Bem, não há dúvida: os mortos deveriam mesmo vir cá dizer o que se 
passa no Além. Ou Jesus Cristo, ou os santos ou os anjos ou um dos 
nossos próximos antepassados… Assim, acreditaríamos e 
“salvar-nos-íamos”. Cristo e o Pai teriam atingido facilmente os seus 
objectivos. Mas… ninguém vem! Ninguém! E nós aqui na angústia 
de querermos que houvesse realmente um céu ou até um inferno, 
alguma coisa para além da morte! Mas… parece que não há mesmo 
NADA. Um grandíssimo… NADA!
- “Aquele que está livre das actividades torna-se sábio. Como poderá 
tornar-se sábio aquele que maneja o arado e cuja glória consiste em 
manejar o ferrão (…) e só sabe falar de vitelos? (…) Entretanto, 
são eles que sustentam as necessidades básicas e a sua oração 
consiste em realizar o próprio trabalho.” (Eclo 38,24-34)
- Quem será mais sábio perante Deus: o sacerdote ou o lavrador? Porque 
não deixam os dignitários religiosos em paz, na sua “oração” sincera e 
telúrica, os que só sabem falar de vitelos, prometendo-lhes falsas 
verdades, a troco do dízimo com que se alimentam? É que, apesar de 
“não-sábios”, sentem na pele a doença inexplicável, o azar da má 
colheita, o vitelo que morre sem razão… E Deus é o único refúgio 
para tanta desgraça. Senão, para quem poderão apelar? As religiões 
terão nascido da nossa necessidade de um Deus realmente existente, 
realmente presente. Mas os gurus religiosos perverteram-nas, criando 
deuses impossíveis, porque feitos à sua imagem e semelhança. 
Por outro lado, se sentimos a necessidade de Deus, é lógico que 
Deus exista, não o/os das religiões, mas o ABSOLUTO, O TODO 
ONDE TUDO SE INTEGRA, ESPAÇO E TEMPO, TUDO SENDO 
PARTÍCULAS DELE, DO ÁTOMO AO UNIVERSO. E, quando 
dizemos “Meu Deus!”, é com esse ABSOLUTO que conversamos, 
é a ELE que rezamos…
- “Diferente é o caso do que se aplica a meditar a Lei do Altíssimo. 
(…) Se viver muito tempo, deixará um nome mais famoso que mil 
outros e quando morrer, isso lhe bastará.” (Eclo 39,1-11)
- Bastará para quê? Insensato! Como se contradiz com o que há 
pouco disse sobre a morte! A propósito, comenta-se: “O elogio 
feito ao escriba-sábio mostra a importância que essa profissão teve na 
época. De facto, (…) graças ao escriba, chegou até nós a memória do 
povo de Deus.” (ibidem) Ora, várias questões se colocam: O que é a 
Lei do Altíssimo? E não foi Israel que se auto-proclamou “povo de 
Deus”, “povo santo”? Porquê havemos nós de o considerar assim? Não 
é óbvio que não é santo coisa nenhuma, à luz do que Israel é hoje? 
Ou o “seu” Javé-Deus já se esqueceu de o considerar como tal? Enfim, 
como é possível continuarmos a basear-nos nos escritos de um tal 
povo, fazendo deles a base da VERDADE acerca do nosso fim último?
- “Desde o princípio, as coisas boas foram criadas para os bons, assim 
como os males foram criados para os pecadores.”Eclo 39,25)
- Mais afirmação completamente insensata! Cristo dirá que “o Pai que 
está nos Céus faz nascer o Sol tanto sobre os justos como sobre os 
pecadores” (Mt 5,45), o que é obviamente verdade.
- “Desde aquele que se senta num trono glorioso até ao mendigo sentado 
no chão e na cinza, (…) tudo é raiva, inveja, ansiedade, inquietação, 
medo da morte, ressentimento e brigas.” (Eclo 40,3-4)
- Pessimismo exagerado e sem fundamento. Se “tudo” fosse assim, a 
vida seria insuportável! A verdade é que tanto o rei como o mendigo 
terão o mesmo destino: a integração, átomos e moléculas, no “donde 
vieram”: a Terra. E será na morte – ou infelizmente, só na 
morte – que se fará justiça e se construirá a fraternidade universal!
- “Vinho e música alegram o coração, mas acima deles está o amor 
à sabedoria. Flauta e harpa tornam agradável o canto, mas superior 
a elas é a voz melodiosa. A graça e a beleza agradam aos olhos, 
mas acima deles está o verde dos campos. O amigo ajuda o seu amigo 
no momento oportuno, mas melhor do que isso é o encontro da mulher 
com o homem. (…) Riqueza e força engrandecem o coração, mas 
acima delas está o temor do Senhor.” (Eclo 40,20-26)
- A beleza da forma supera talvez a das ideias, neste confronto 
tripartido. Quanto ao temor de Deus, comenta-se: “Não se trata de 
ter medo mas de reconhecer que só Deus é absoluto, só a Ele 
o Homem deve adorar.” (ibidem) E nós perguntamos: O que é isso 
de reconhecer Deus? O que é isso de adorar a Deus? Como? Onde? 
Quando? Acaso mesmo Jesus Cristo conseguiu ensinar-no-lo? Aliás, 
que lhe adiantou fazer todos aqueles milagres (terá feito?!), se não 
conseguiu convencer os judeus de que Ele era realmente o Messias, 
o Enviado do Pai, o Prometido desde todo o sempre, o Anunciado 
pelos profetas? Só para cumprir profecias, de duvidosa interpretação, 
que falavam em “cordeiro imolado”? E… estariam os judeus 
“fadados” à tremenda sina-missão de imolar Cristo 
para que as Escrituras se cumprissem? – Um Deus-Deus, o próprio 
Javé-Deus de Israel certamente não permitiria tal destino! Mas 
certamente foi nessa convicção que Jesus aceitou, se resignou, 
suando suor e sangue: “Pai, faça-se a tua vontade e não a minha!”? 
É um angustiante mistério, para Ele que o sofreu, para nós que 
não o entendemos. De qualquer modo, um oportuno aproveitamento 
dos seus seguidores para criarem uma nova religião: o Cristianismo.

1 comentário:

  1. Pensamento da semana (Um silogismo imbatível):
    1 - Uma pessoa inteligente e sábia concebe um projecto e, depois, elabora um plano para o executar com sucesso.
    2 - Segundo o cristianismo, o Deus-Pai de JC concebeu o projecto de salvar o Homem, enviando-lhe o seu filho para lhe anunciar a Boa Nova: a da salvação eterna no Céu ou a condenação no Inferno, conforme as suas boas ou más acções durante a vida terrena. Mas tal objectivo não só está mal definido, como não foi claramente atingido, após dois mil anos passados.
    3 - Logo, o Deus-Pai de JC não é inteligente nem sábio e, por isso, não é Deus. E, logicamente, todo o cristianismo se baseia num não-Deus, sendo, por isso, todo ele uma grande falsidade!

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