Dizendo adeus às férias…
Sentado numa esplanada à beira Sado, na sua suave Foz. De fronte, a majestade humilde da Arrábida. Lenhosa, verde, apesar de alguns incêndios sofridos no passado ano. Que pensará ela, com os seus milhões de anos de existência, das vidas, animais e plantas, que alimenta e protege, e dos transeuntes humanos que circulam, rio abaixo, rio acima, acelerando automóveis poluidores pelas estradas que lhe rasgaram o rosto, ou deitando-se como lagartos ao Sol, no areal branco e fino da margem-praia? Obviamente, nada! Mas, pensamos nós.
Na sua humilde majestade, a serra
desafia milénios, expondo-se a ventos e tempestades, integrando-se
perfeitamente no seu fazer parte de uma Natureza que é a dela. Milénios…
Milhões de anos…
E nós, ali defronte, olhando também o
fervilhar de vida, serra, rio e praia, pensamos na efemeridade dessas mesmas
vidas face aos milhões daquela serra que parece impávida face ao tempo, nada parecendo
importuná-la o Sol, seja a nascer, seja a pique no céu ou a pôr-se no seu ocaso.
Importuna-nos a nós que bem o quiséramos agarrar, parar ou, simplesmente, que
avançasse mais devagar. É que, ainda há pouco era noite, depois, logo manhã,
meio-dia, tarde e novamente noite, com uma velocidade constante e programada
que irrita, santo Deus!
Mas nada há a fazer! Resta-nos aceitar a
triste/bela realidade do correr do tempo. Triste, porque vemo-lo fugir e
deixar-nos marcas bem vincadas nas rugas que dia a dia nos envelhecem o rosto;
bela, porque sentimos que fazemos – fizemos! – parte deste tremendo mistério
que é a vida, esta realidade fantástica que apareceu numa Terra perdida algures
no imenso – Infinito? – Universo.
Humanos? – Sim! Seres aparecidos, há
apenas três a quatro milhões de anos, quando a vida já existe na Terra há cerca
de três mil e quinhentos milhões, tendo passado por epopeias fantásticas como a
época dos dinossauros que povoaram a Terra durante mais de cem milhões de anos…
E somos, para já, um final de cadeia
evolutiva – cadeia que certamente não se quedará por aqui… – dotados de um cérebro capaz de raciocínios
abstratos e de maravilhas sensoriais emotivas: razão e emoção. Mas parece que tal
prerrogativa não chega para se construir um mundo de paz e de fraternidade
universal, interligando-se Homens, animais e plantas, num equilíbrio onde
houvesse lugar para todos, sem que nenhuma espécie fosse eliminada por outra
que, por desregulação de nascimentos, se tornasse infestante. Infelizmente, e
por agora, o Homem nem consegue construir a fraternidade universal que se
deseja, nem contribuir para o equilíbrio da boa convivência entre as espécies
de vida da Terra, tendo-se tornado essa detestada espécie infestante,
troglodita de tudo o que é comestível. É pena mas é a realidade em que vivemos.
Então, vamos lutar para que, à partida, no tempo que nos for dado viver, deixemos
o mundo melhor do que o encontrámos à chegada.
BONNE RENTRÉE!
Nos dois textos das próximas semanas, e antes de reiniciarmos a análise crítica da Bíblia, abordaremos o tema do sentido e do valor da vida humana, na sociedade actual. Tema apaixonante.
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