2 – O sentido da VIDA
A pergunta impôs-se desde que o Homem
começou a pensar:
“A VIDA, para o ser humano, acaba-se,
como se acaba para qualquer ser vivo, animal ou planta, com a inexorável morte?”
Da incapacidade de resposta, por
ignorância da realidade que é o Homem e o Universo de que faz parte, Espaço e Tempo,
Matéria e Energia, ou do não querer aceitar essa realidade, nasceram as
religiões, com todo o chorrilho de invenções, efabulações, falsidades, mentiras
que são conhecidas dos críticos, mas pacífica e alegremente aceites pelos
crentes e perversamente pregadas e alimentadas pelos gurus que, de algum modo,
vivem dessas mesmas religiões. Já viram algum guru mal vestido ou faminto?... E
então da riqueza do Vaticano e de muitas igrejas sobretudo americanas, nem vale
a pena falar…
Eis algumas fantasmagóricas criações das
religiões: primeiro, Deuses para todos os fenómenos naturais desconhecidos, internos
ou externos ao Homem, incluindo o Amor, a Maternidade, a Fecundidade, etc, etc;
depois, um Deus único, infinito e eterno mas ao serviço de sua excelência o
Homem, ora como Pai amoroso ora como juiz e tirano castigador; um Deus que fala
aos Homens e inspira livros a que chamaram de sagrados; um Deus-Pai Criador que
criou o Homem à sua imagem e semelhança e que interfere na História do mesmo Homem
enquanto vivente e depois de morrer, havendo um Juízo final: céu ou inferno
eternos! Um Deus que até tem/teve um filho e que enviou esse filho do Céu à
Terra, encarnando numa Virgem, para trazer uma mensagem de salvação, salvação
de um suposto pecado original de uns supostos primeiros pais da humanidade… E tudo
isto continuando a ser ensinado na catequese e a ser imposto pela Igreja católica,
quando se sabe que o Homem existe por evolução das espécies e não houve nem adão
nem eva, nem qualquer pecado cometido por esses primeiros hominídeos… E muitas
outras barbaridades como reencarnações, ritos cerimoniais, aparições de entes
celestiais, milagres, pecados, confissões, missas, lugares santos ou santuários
e peregrinações a esses mesmos lugares santos, etc., etc., etc.
Ora, a realidade – a VERDADE! – do Homem
é muito simples: pertence ao Tempo como qualquer ser vivo, animal ou planta,
ser vivo que tem uma certeza absoluta e inexorável: se nasceu num dado momento
do Tempo, em outro, mais tarde, irá desaparecer, integrando-se para sempre no
donde veio, i. é, na Terra, átomos e moléculas transformando-se em outras
realidades, seres vivos ou não vivos. Tal como as… estrelas, no Universo! Nada
se perdendo, tudo se recriando ou se transformando, num eterno retorno do mesmo
ao mesmo através do diverso. Fantástico ou deprimente? É acto de inteligência
valorizar o fantástico que a VIDA representa, na evolução do Universo e mais
fantástico ainda o facto de nós – cada um de nós! – termos tido a sorte de
participar nela.
Então, às perguntas que as religiões
colocam aos crentes para os aliciar e… convencer de todas as suas invenções e
efabulações: “Quem sou eu? Donde venho? O que faço aqui? Para onde vou?”, respondemos:
Sou um ser vivo, que veio da Terra, por um feliz acaso, nada de especial
fazendo aqui, voltando para a mesma Terra no termo dos meus dias, sem deixar
qualquer rasto... Mais, e mais contundente: sou um entre mais de sete mil
milhões de humanos actuais; humanos que são uma espécie animal entre muitos
milhões de outras existentes só no Planeta Terra, ignorando-se o que se passa
nos biliões de outros que de certeza, conforme a soberana lei das
probabilidades, existem no Universo; Terra que é um planeta de uma estrela de média
grandeza; estrela que é uma entre mais de cem mil milhões que compõem a galáxia
Via Láctea; galáxia que é uma entre os milhares de milhões de outras que já são
conhecidas no Universo, ignorando-se completamente que confins – se é que não é
infinito e eterno, confundindo-se com o próprio Deus! – tem esse mesmo Universo…
Ora, perante esta realidade – difícil de
aceitar, diga-se, para o ser pensante que somos, embora ser completamente
insignificante face aos olhos do Universo – pergunta-se pelo “sentido da Vida”.
E é uma pergunta que faz todo o sentido.
Sem nos alongarmos, diríamos:
Já que tivemos o privilégio de vir à
vida – privilégio que muitos biliões de outros não tiveram e que ficarão para
sempre na hipótese de ser! – resta-nos viver e… saber viver! Viver felizes! E a
felicidade, somos nós que a construímos, a partir de nós, pensando mais em DAR
que em receber, mais em SER do que em ter, SORRINDO para dentro de nós e para
os que comunicam connosco, espalhando amor e compreensão por toda a parte,
privilegiando o diálogo e não a guerra para resolver o conflito.
Resta dizer que o Homem apareceu há
cerca de quatro milhões de anos (o sapiens
sapiens, do qual somos descendentes directos, há apenas uns cinquenta mil),
quando a vida na Terra existe há c. de três mil e quinhentos milhões, e os
dinossauros – que povoaram Terra durante mais de cento e cinquenta milhões de
anos – se extinguiram há c. de sessenta e cinco milhões… O Homem, portanto,
para a Terra, praticamente não tem História… E – enfim! – tudo leva a crer que
o mesmo Homem desaparecerá para sempre com o desaparecimento da Terra e o
desaparecimento do Sol, dentro de c. de quatro mil e quinhentos milhões de
anos. É que, devido às distâncias que separam a Terra de qualquer outro
possível planeta habitável, o Homem com a sua materialidade dificilmente poderá
alcançar tais planetas e aí se instalar quando a Terra perecer. Mas é tanto
tempo, santo Deus!
Ah, como o mundo mudaria para melhor se
o Homem actual tomasse séria consciência desta verdadeira realidade que o
assiste!
ResponderEliminarHá ainda um outro lado, nesta análise do sentido da vida: o da justiça. Então, perguntam os crentes no Além, no Céu e no Inferno e, neles, um Deus juiz que finalmente fará justiça: “É justo um criminoso e um santo terem o mesmo destino: a Terra donde vieram, perecendo para sempre no Pó, no… NADA? De que valeu ao santo, ao justo, ao bom, terem sido bons, justos e santos? Terem tido essa Fé que ajuda no sofrimento e anima nos momentos de desalento ou de derrota e leva ao cometimento de actos heróicos, abnegação e solidariedade?” Verdade: é arrepiante pensar em tal injustiça. Daí que faça todo o sentido ter Fé, ser crente nesse Além onde, finalmente, se fará justiça. E daí que se possa dizer, com sinceridade, que é bom ter Fé ou então, e com a mesma sinceridade, que não vale a pena levar uma vida a ser santo, justo e bom quando o perverso, o injusto, o mau goza a vida bem melhor, esta vida que é a certa, nada lhe interessando a outra que tudo leva a crer que é da fantasia e não da realidade. Apenas Fé! O que, na verdade, é muito pouco…
Findas as férias "Vive la rentrée"! E nós retomaremos a saga da análise crítica da Bíblia, continuando com o Antigo Testamento, sempre privilegiando a interpretação literal em detrimento da metafórica a qual é normalmente usada pelos exegetas e teólogos de cada religião para explicarem o inexplicável:as graves contradições e as múltiplas incongruências e anomalias existentes nos livros ditos sagrados, provas irrefutáveis de que a inspiração divina não andou por aquelas escritas... Reiniciaremos com os SALMOS, usando o critério de referir apenas os mais importantes e significativos, para não nos alongarmos fastidiosamente.
ResponderEliminarAfinal, o sentido da vida é monitorizado por dois vectores: os que crêem numa vida eterna e os que não crêem. Os primeiros verão esta vida como uma passagem para a verdadeira vida, a terna, como pregam as religiões, seguindo, pois, os ensinamentos destas para poderem atingir aquele objectivo; os segundos, obviamente, querem aproveitar ao máximo esta oportunidade única - e que nunca mais se repetirá! - de terem vindo à vida e... SEREM FELIZES! E cabe a cada um construir a sua própria felicidade.
ResponderEliminarCrêr ou não crêr... to be or not to be... pode ser a questão! Crêr numa vida para além da nossa própria vida, para muitos será um medicamento "anti-angústia" face ao Ser e o Nada do Sartre, ao desconhecimento do nosso micro e macrocosmos, do porquê da vida e no seu prazo de validade que é a morte... Para mim, parece-me que não há uma sem a outra, que há uma metamorfose cósmica, na senda do Mário Dionísio "não há fim nem princípio", livro que li há mais de 40 anos, na minha juventude e onde tive o privilégio de ter conhecido o escritor (também pintor...).
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