À procura da
VERDADE
nos livros Sapienciais – 103/?
Livro da
SABEDORIA – 1/6
Diz-se na Introdução ao Livro da Sabedoria:
“Na ordem cronológica, Sabedoria é o último livro do A.T. (…)
Um judeu de Alexandria, escreveu
o livro pelos anos 50 a.C. (…)
Para ser correctamente avaliado, o livro deve
ser entendido no
contexto em que surgiu. (…) A cultura grega (…) com as suas
filosofias, costumes e cultos religiosos (…) e às vezes,
perseguição aberta
(…), constituía uma ameaça constante à
fé e à cultura do povo judaico. (…)
Profundamente conhecedor
das Escrituras, (…) o autor (...) procura reforçar a
fé (…) dos
judeus, impregnados do helenismo e não esquece os gregos a
quem quer
mostrar a superioridade da sabedoria judia. (…)
Confrontado com o drama do justo
que morre sem ter gozado
a sua recompensa, este livro dá um salto qualitativo
ao
desvendar que aos justos, para além da morte física, são
reservados vida e
prémio junto de Deus. Dois termos bem
gregos exprimem a ideia da recompensa
futura: imortalidade
e incorruptibilidade. (…) Foi a maneira
de integrar na
corrente sapiencial a esperança da ressurreição corporal (…)
para sair da crise dolorosa, interpretada exemplarmente por
Job e pelo
Eclesiastes.” (ibidem)
Então, é um livro histórico, bem datado. Então, deve
ler-se
à luz da situação no tempo. Então, a imortalidade e a
incorruptibilidade
foram “o caminho encontrado”, o que não
quer dizer que seja o verdadeiro… Para
livro divino ou de
inspiração divina, livro que se quisera fundamento da nossa
fé entendida pela razão, acerca da imortalidade da alma, da
recompensa eterna
do justo e do castigo eterno do injusto,
não parece ser de irrefutável ou
inquestionável credibilidade…
E a grande pergunta que se coloca para este livro
como para
toda a Bíblia, para o Corão, os Vedas, etc.: “Porquê livros
de inspiração divina, melhor, ditados por Deus a este ou
àquele autor, autor dito sagrado”? “Que provas”? – A
resposta, para um
analista crítico, só pode ser uma: “Nenhuma
prova! Nenhuma razão para tal divina inspiração! Nenhuma
prova para a
existência de tal Deus inspirador! Tudo inventado!
Logo, tudo falso!...”
- “O espírito do Senhor enche o Universo, dá
consistência a todas
as coisas e tem conhecimento de tudo o que se diz. Por
esse
motivo, quem diz coisas injustas não Lhe escapará e a justiça
vingadora
não o poupará.” (Sb 1,7-8)
De novo, um Deus vingativo… Em cerca de mil anos, os
judeus
pouco evoluíram sobre a ideia de Deus!
- “Raciocinando de forma errada, os injustos
comentam entre si:
A nossa vida é curta e
triste: quando chega o fim, não há
remédio e não se conhece ninguém que tenha
voltado do mundo
dos mortos. Nascemos por acaso e depois seremos como se
nunca
tivéssemos existido. A nossa respiração é fumo e o
pensamento é uma faísca
produzida pelo pulsar do coração.
Quando a faísca se apaga, o corpo
transforma-se em cinza
e o espírito espalha-se como ar sem consistência. Com o
tempo, o nosso nome fica esquecido e ninguém mais se lembra
do que fizemos. A
nossa vida passa como rasto de nuvem e
dissipa-se como neblina expulsa pelos
raios do Sol e dissolvida
pelo seu calor. A nossa vida é uma sombra que passa e
depois
de morrer não voltaremos. (…) Sendo assim, vamos gozar os
bens presentes
e gozar das criaturas com o ardor da
juventude. Vamos embriagar-nos com os melhores vinhos e
perfumes e não deixar que
a flor da Primavera nos escape.
Vamos coroar-nos com botões de rosa, antes que
murchem.
Que nenhum de nós falte às nossas orgias. Vamos deixar por
toda a
parte sinais da nossa alegria porque essa é a nossa
sorte e o nosso destino.
Vamos oprimir o justo pobre e não vamos
poupar as viúvas, nem respeitar os
cabelos brancos do ancião.
A nossa força será a regra da justiça porque o fraco
é claramente
coisa inútil.” (Sb 2 1-11)
- Falam bem estes insensatos! Realistas! A verdade
que
conhecemos, no corpo e na alma. Exactamente o que nós pensamos,
pertencendo
por isso ao rol dos injustos… Mas não pensavam
assim os justos Job e Coélet?
Depois, a faísca do pensamento não
estará no pulsar do coração mas do cérebro! E,
para deixar por
toda a parte a alegria de viver, não é preciso oprimir o justo
ou
as viúvas e muito menos desrespeitar os cabelos brancos do ancião…
Aqui, o
autor quis introduzir um pecado… desnecessário.
Apenas conveniente para
defender a sua tese. Também não se
percebe porque é que só o injusto vê com
realismo o que acontece
ao Homem, sendo o prazer e a alegria de viver o que
finalmente lhe resta… Estas afirmações parecem evidenciar
que o autor terá
ficado realmente perturbado com a leitura de Job
e do Eclesiastes. Logo, o Deus
que o inspirou (inspirou?!), deveria
estar também perturbado. O que é,
obviamente, inadmissível.
Começámos, neste final de ano lectivo, a análise de mais um livro bíblico; "O livro da Sabedoria". Serão seis textos que nos levarão à descoberta de mais uma fraude religiosa, ao considerar-se como de inspiração divina tal livro. Uma afirmação totalmente gratuita!
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