terça-feira, 21 de junho de 2016

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 102/?

À procura da VERDADE 
nos LIVROS SAPIENCIAIS e POÉTICOS 

CÂNTICO DOS CÂNTICOS – 4/4

Deliciemo-nos, pela última vez, com a repetida cena de dois 
amantes apaixonados:
- “És bonita, minha amiga (…) formosa como Jerusalém.
   Tu és terrível como esquadrão
   com bandeiras desfraldadas.” (Ct 6,4)
A comparação bélica parece tosca! Destoa. Quebra o romantismo…
- “Afasta de mim os teus olhos,
   que os teus olhos me perturbam!
   O teu cabelo (…) os teus dentes (…) os teus seios (…)” 
(Ct 6,5-7)
   “Sejam (…) rainhas (…) concubinas (…) donzelas (…) sem 
conta, mas uma só é a minha pomba, sem defeito, uma só a 
preferida (…). As jovens, (…) as rainhas e concubinas 
felicitam-na: Quem é esta que desponta como a aurora, bela 
como a Lua, fulgurante como o Sol, terrível como esquadrão 
com bandeiras desfraldadas?” (Ct 6,8-10)
Tímido ou… galanteador, este amante? - Galanteador, sem 
dúvida!
- “Os seus pés (…) como são belos (…)!
   As curvas dos seus quadris (…)
   obras de um artista.
   O seu umbigo… essa taça redonda
   onde o vinho nunca falta.
   O seu ventre, monte de trigo
   rodeado de açucenas.
   Os seus seios, dois filhinhos
   filhos gémeos de gazela.
   O seu pescoço, uma torre de marfim.
   Os seus olhos, as piscinas de Hesebon (…)
   O seu nariz (…) a torre do Líbano (…)
   A sua cabeça (…) como o Carmelo
   e os seus cabelos (…) prendendo um rei nas tranças.
   Como és bela (…)!
   Tens o porte da palmeira
   e os teus seios são os cachos.
   E eu pensei: Vou subir à palmeira
   para colher dos seus frutos!
   Sim, os teus seios são cachos de uva
   e o sopro das tuas narinas perfuma
   como o aroma das maçãs.
   A tua boca é um vinho delicioso
   que se derrama na minha,
   molhando-me lábios e dentes.” (Ct 7,2-10)
Os olhos… os seios… e novamente os seios… O amado 
apaixonado não resiste a tais encantos!















- “Eu sou do meu amado,
   o seu desejo trá-lo para mim.
   Vem, meu amado,
   vem ao campo, vamos pernoitar debaixo dos cedros,
   madrugar pelas vinhas. (…)
   Aí darei o meu amor…
   Grava-me como selo no teu coração,
   como selo nos teus braços;
   pois o amor é forte, (…)
   As águas da torrente jamais poderão apagar o amor
   nem os rios afogá-lo. (…) (Ct 7,11 e 8,6-7)
Assim se termina. O Cântico é sem dúvida belo. Belíssimo! 
De inspiração, “divina”! Mas o permanente chamamento ao 
prazer dos sentidos é tão humano, tão doce, tão apelativo!… 
Enfim, fica-nos a beleza das palavras, das cenas, do romance. 
O divino perde-se no mistério!…


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