À procura da VERDADE nos livros dos
REIS – 3/5
- A riqueza, o luxo, o fausto de Salomão (1Rs 10) é, no mínimo,
chocante.
Nada de ajudar os pobres da sua Terra - que os haveria
certamente! - nem de
Terras vizinhas como conviria a um rei
abençoado por Javé. Tudo gastava no
Templo, no palácio e no
aparato militar. De outro modo, como poderia obrigar
tantos povos
a contribuírem para a sua imensa riqueza?
- “Além da filha do Faraó, o rei Salomão amou muitas mulheres
estrangeiras: moabitas, amonitas, edomitas, sidónias e heteias (…).
Enamorou-se
perdidamente por elas. (…) Teve setecentas esposas e
trezentas concubinas.”
(1Rs 11,1-3)
- Mil, no total! Não fazia por menos: “miúda” que se lhe cruzasse
no
caminho, ou esposa ou concubina! Só não se referem as
dezenas - ou centenas? -
de filhos que tão apaixonados amores e
tão diversos e… tão numerosos, deram ao
mundo…
- Mas não foi por estes devaneios sexuais, a que só um rei poderia
ter
acesso, que Javé vai castigar Salomão. A história é outra:
“Quando ficou velho,
as mulheres desviaram-lhe o coração para os
deuses estrangeiros. (…) Fez o que
Javé reprova (…) para agradar
às suas mulheres estrangeiras (…) Javé irritou-se
contra Salomão (…)”
(1Rs 11,4-9)
- Mulheres estrangeiras poderia ter as que quisesse. Agora, os deuses
delas… nem pensar! Era evidentemente um atentado ao santo Javé!
- Castigo? – Revoltas dentro do próprio povo, na guerra da sucessão -
pois quem não quereria herdar tal riqueza?… Enfim, Salomão morre e
fica a
confusão: na política e… na fé!
- Quando não é Javé que aparece para ordenar os acontecimentos,
delega-se
em profetas: “(…) Aías (…) profetizou-me que eu seria rei
deste povo.” (1Rs
14,2) - diz Jerobão. Mas, o que aconteceu foi
o pior! Morreu Jerobão e
sucedeu-lhe Roboão, na mesma linha de
pecado! Então… - castigo! - “O rei do
Egipto atacou Jerusalém.
Tomou posse dos tesouros do Templo e do palácio real.
(…) E houve
até prostituição sagrada!”(1Rs 14,24-25)
- A “prostituição sagrada” mereceria um longo comentário, mas
deixamo-lo à
fantasia dos leitores e cointérpretes destes “sagrados”
textos…
- Outros reinados se sucedem, no meio de mortes, guerras, atentados…
Tudo, porque faziam “o que Javé reprova.” (1Rs 16,30)
- Com o profeta Elias, a quem Javé fala, voltam os milagres
espectaculares (1Rs 17), pois só com milagres - espectaculares! - é
que o povo
acreditava - ou continuava a acreditar! - que Javé era o
Deus de Israel! “Javé
mandou um raio que consumiu a vítima, a lenha,
as pedras e as cinzas e secou a
água que estava no rego. O
povo viu tudo isso e prostrou-se no chão exclamando:
Javé é o Deus
verdadeiro! Javé é o Deus
verdadeiro!” (1Rs 18,38-39).
- Mas também Elias manda matar os profetas que não eram da sua
“cor”!
“Elias fez descer os profetas de Baal até ao riacho Quison e
ali os degolou.”
(1Rs 18,40)
- Claro que Javé aprovou tal mortandade e salvou Elias da morte
com que o
rei o ameaçou!...
- Conclusão sem novidade: este é mais um livro sobre a história de
um
povo que nela introduziu Javé a quem atribui vitórias e derrotas:
aquelas, como
recompensa, estas, como castigo! (1Rs 20; 21 e 22)
Sempre que o rei ganhava a
batalha era Javé que entregava nas suas
mãos tal ou tal inimigo. (1Rs 22)
- O 2º Livro dos Reis inicia-se com mais milagres espectaculares
de
Elias, sendo este arrebatado e levado ao céu por Javé, também em
aparatoso
milagre das águas do Jordão que se separam, um carro de
fogo que aparece, um
redemoinho que o leva ao céu…(2Rs 1 e 2)
Um carro de fogo transporta Elias até ao Céu!
- E o seu sucessor Eliseu, em milagres, vai quase rivalizar com
Um carro de fogo transporta Elias até ao Céu!
- E o seu sucessor Eliseu, em milagres, vai quase rivalizar com
Jesus
Cristo! O primeiro é o milagre da purificação das águas que
faziam abortar as
mulheres. Mas, imitando Eliseu que eliminou os
profetas seus adversários, logo
ali, mata quarenta e dois garotos.
Razões?
- Estavam-no molestando, ao chamarem-lhe careca!
Claro: em nome de Javé!
(2Rs 2,19-24) E, já que falamos de
garotos, uma pergunta marota: “Como
conseguiu ele atrair
para a morte todos aqueles garotos?” É de desconfiar, não
é? Mas,
acaso não era preciso ter respeito para com o homem que falava
com
Javé? Então, o grande Eliseu decidiu-se por uma “educação”
radical: matarem-se os
miúdos e pronto: não haveria mais faltas de
respeito! Assim é que é ensinar,
não é, caro Eliseu!
- Segue-se mais uma vitória - vergonhosa! - pois a intervenção
milagrosa
de Javé, através do milagre do aparecimento de água,
protagonizado por Eliseu,
ludibriando os olhos dos inimigos a
verem sangue em vez de água… desfez o
equilíbrio das forças, em
favor, claro, de Israel. (2Rs 3)
- E… mais milagres! Multiplica o azeite de uma mulher para pagar
as
dívidas do marido… Profetiza a concepção do filho numa rica
sunamita que o
havia acolhido em casa, mas que era estéril e o marido
de idade avançada…
Ressuscita esse mesmo filho que entretanto
morrera… Faz com que o veneno das
ervas deixe de o ser, juntando
farinha na sopa… Multiplica os pães… Cura um
leproso… Enche de
lepra um dos seus servos, porque caíra no pecado da cobiça…
Recupera o machado do rio… Adivinha o lugar onde se encontram
os inimigos de
Israel… Salva Israel da fome… Adivinha sete anos de
fome para aquela região
(2Rs 4-8)…
Eliseu ressuscita o filho da sunamita
- Milagres! Tantos milagres! Que credibilidade nos merecem? –
Obviamente,
nenhuma. Estes, como todos os outros que nos são
narrados abundantemente na Bíblia,
AT e NT, e dos quais
voltaremos a falar, aquando da análise crítica dos
evangelhos.
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