Quem
me chamou Jesus Cristo? O Menino Jesus existiu? (47/?)
PARA
ALÉM DO FIM
Cinco momentos de reflexão
I
Fundamento das nossas dúvidas, as dúvidas que estão
na base desta “Vida de Cristo” narrada pelo próprio
Muitos técnicos especialistas em análise de
documentos escritos antigos afirmam que Jesus Cristo nunca existiu. Nem mesmo
como pessoa histórica. Uma completa efabulação com evidentes interesses
religiosos e sociais, primeiro, depois, também económicos e políticos. E os
seus argumentos são altamente, irresistivelmente, irritantemente convincentes,
baseados em provas de acentuado cunho científico, praticamente irrefutáveis.
Resumamo-los em 11 ítens:
1. Pelo trabalho de notáveis mestres de
Filosofia e Teologia da Escola de Tubingen, na Alemanha, recorrendo à pesquisa
histórica e a exames grafotécnicos, deu-se como provado que a Bíblia, Antigo e
Novo Testamentos, não possui qualquer valor histórico, devido à falta de rigor
com que aborda personagens e acontecimentos, pressupondo-se pois eivado de
falsidade ou de inverdade tudo quanto a Igreja impôs como verdade sobre a
inspiração divina da “Sagrada” Escritura e sobre a figura histórica de Jesus
Cristo. Aliás, manter que a Bíblia foi inspirada por Deus, deixa Deus em muito
má situação pois não só mostra uma inadmissível ignorância acerca da origem do
Universo, da Terra e nela a vida, como se transforma ao longo dos séculos,
passando de violento no A.T. a um Deus de paz e de amor no N.T. E estes são
apenas dois entre muitos outros argumentos possíveis de aduzir para provar a
impossibilidade de tal inspiração.
2. O dia do nascimento de Jesus Cristo foi
calculado por Dionísio, o Pequeno, no século VI, marcando o ano 1 do século I,
correspondente ao ano 753 da fundação de Roma, com um erro de previsão de cinco
a nove anos. Já nos meados do s. IV, a Igreja teve a preocupação em fazer com
que o nascimento de Jesus coincidisse e se confundisse com o dos deuses
solares, os deuses salvadores, e especialmente com o Deus Invictus que era
Mitra. E era justamente o mitraísmo que a religião cristã pretendia absorver.
No dia 25 de Dezembro, todas as cidades do império romano estavam iluminadas e
enfeitadas para festejar o nascimento de Mitra. Foi um dos grandes trabalhos de
mistificação da Igreja, a confluência dos dois nascimentos para a mesma data.
Assim, o nascimento do novo deus no princípio do Inverno apagava a lembrança de
Mitra da memória do povo. Aliás, desde milénios que as tradições religiosas
fizeram com que todos os deuses redentores nascessem em 25 de Dezembro.
Esqueceram-se, no entanto, os eclesiásticos do tempo do que Lucas narra no seu
evangelho – e isso ficou consagrado, para a História, nos presépios de
Francisco de Assis – a saber que os pastores dormiam e tinham os seus rebanhos
ao relento, facto que só acontece a partir da Primavera, indo até meados do
Outono. Então, o 25 de Dezembro é data impossível para o nascimento de Jesus a
quem chamaram de Cristo...
3. Os escritores do tempo em que
supostamente viveu Jesus Cristo, Fílon de Alexandria (c.20 a.C. – c.54 d.C.),
Flávio Josefo (c.37 - c.100 d.C.), Justo de Tiberíades (s. I d.C.), Tácito
(55-120 d.C.), Suetónio (c.69 - c.126 d.C.) e Plínio, o Jovem (c.61 - c.126
d.C.) fazem-lhe apenas pequenas referências, nos seus escritos. E tais escritos,
após terem sido submetidos a exames grafotécnicos, revelaram-se adulterados no
todo ou em parte, sendo consideradas aquelas poucas referências interpolações
dos séculos III e IV d.C. Além disso, podem não ser feitas ao Cristo dos
cristãos já que, significando “Messias” houve, ao tempo, na Galileia e na
Judeia, outros pretendentes ao título, tendo os essénios, influente comunidade
instalada em Qumran, o seu próprio Chrestus. O estrondoso silêncio destes
historiadores, historiadores credenciados pela opinião pública e pela História,
arrasa completamente a credibilidade dos arrebatados e estrondosos milagres de
JC, milagres narrados pelos quatro evangelistas canónicos, sendo Mateus o seu
principal herói, como narrador/inventor de tais acontecimentos. Tudo, portanto,
leva a crer que aqueles “acontecimentos” – e tantos foram eles, e tanto
contribuíram para divinizar o judeu Jesus! – foram produto da fértil imaginação
dos evangelistas, obviamente com interesses político-religiosos; é que se
tratava de credibilizar o homem no qual se basearia a nova religião nascente: o
cristianismo. Interessante: conseguiram tal objectivo! A explicação nem é
difícil. Ela assenta em três factores: 1 – a necessidade de naquele momento o
povo judeu necessitar de um Messias que o salvasse do jugo romano; 2 – a
proliferação de seitas religiosas, algumas descendo às origens e pureza do
judaísmo, opondo-se às “seitas” instaladas, como o grupo dos escribas, dos
fariseus e saduceus a dominarem o aparelho religioso, sendo a mais significativa,
a dos essénios; 3 – (the last but not the least!) a força da mensagem de JC,
num mundo dominado pelos senhores livres que tinham ao seu serviço uma grande
comunidade de escravos: a fraternidade universal, considerando todos os Homens
iguais e livres, já que todos filhos do mesmo Deus, o mesmo Pai do Céu,
prometendo, ao mesmo tempo, aos bons, o Paraíso e aos maus, o Inferno,
ressuscitando aqueles para ficarem junto de Deus, estes, para fazerem companhia
ao Diabo... Por toda a eternidade!
Acabada que foi a narrativa de Jesus Cristo, vamos aos fundamentos que a originaram. Fundamentos tanto quanto possível de cunho científico, ou seja, baseados em factos ou nos factos que nos estão disponíveis. Os vossos comentários ou dúvidas serão sempre bem acolhidos. Assim, se dignem coloca-los nesta montra totalmente democrática...
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