Quem me chamou Jesus Cristo? O Menino
Jesus existiu? (48/?)
PARA ALÉM DO FIM
Cinco
momentos de reflexão
I
Fundamento
das nossas dúvidas, as dúvidas que estão na base desta “Vida de Cristo” narrada
pelo próprio
(Cont.)
4. Os sacerdotes cristãos Justino (103 - ?),
Tertuliano (c.155 - c.220), Orígenes (c.185 - c.254) e Cipriano (? - 258)
acusam Flávio Josefo de partidário e faccioso por nada dizer de Jesus Cristo.
Este será mais um argumento para ter como falsas interpolações posteriores as
poucas referências que sobre ele aparecem em Flávio Josefo: um parágrafo
apenas!
5. Segundo os
pergaminhos do Mar Morto, os manuscritos de Qumran descobertos em 1947,
escritos em hebraico e não numa qualquer tradução ou original grego, o Chrestus
essénio, datado do Iº s. a.C., também foi morto por um Judas. E, imediatamente
antes de Jesus Cristo, houve um Messias, Menahem, o essénio que depois de lutar
contra os romanos, obtendo algumas vitórias e fazendo muitos seguidores, foi
morto semelhantemente a Jesus Cristo.
6. Justo de Tiberíades escreveu uma
história dos judeus, indo de Moisés ao ano 50 d.C., e nada diz sobre tão
carismática personagem. Fílon de Alexandria, um dos judeus mais ilustres de seu
tempo, apesar de ter contribuído poderosamente para a formação do cristianismo,
platonizando e helenizando o judaísmo, também não deixou a menor prova de ter
tomado conhecimento da existência de Jesus Cristo. Tinha escrito um tratado
sobre o Bom Deus Serapis, tratado que foi destruído. Os falsificadores cristãos
dos s. III e IV não hesitaram em atribuir as referências ao deus Serapis como
sendo feitas a Cristo, o que obviamente era impossível pois Fílon morreu no ano
50 d.C., antes de a denominação de “cristãos” estar implementada. Fílon relata
os principais acontecimentos de seu tempo, do judaísmo e de outras crenças, não
mencionando nada sobre Jesus; cita Pôncio Pilatos e a sua actuação como
Procurador da Judeia de 26 a 36 d.C., mas não se refere ao julgamento de Jesus
a que teria presidido; quando, no reinado do imperador romano Calígula, de 37 a
41 d.C., esteve em Roma defendendo os judeus, relata diversos acontecimentos da
Palestina, mas não menciona nada a respeito de Jesus, os seus feitos, a sua
sorte, o seu destino, estendendo-se o mesmo silêncio aos apóstolos, a José, a Maria,
seus filhos e toda a sua família. O silêncio de Fílon, juntando-se ao de
Josefo, revela estarmos perante uma bem sucedida criação mitológica. É que, se
a existência de Jesus como nos narram os evangelhos canónicos fosse verdadeira,
o mundo de então teria de certeza ficado abalado com tão estranha personagem
histórica. Por isso, os acontecimentos narrados pelos evangelistas não passam
de pura fantasia religiosa, referindo-se a personalidades irreais, ideais,
sobrenaturais de inexistentes taumaturgos.
7. Não se conhece nenhum documento
atestando que os gregos, os romanos e os hindus dos séculos I e II ouviram
falar na existência física de Jesus Cristo ou em qualquer movimento religioso
ocorrido na Judeia, chefiado por ele. Os documentos em que a Igreja se baseou
para formar o cristianismo foram todos inventados ou falsificados no todo ou em
parte, para esse fim. A Igreja sempre dispôs de uma equipa de falsários que se
dedicaram afanosamente a adulterar e falsificar os documentos antigos com o fim
de pô-los de acordo com os seus cânones. Terá sido o caso do piedoso e culto
bispo de Cesareia, Eusébio (c.265 - c.340 d.C.) que, entre muitas obras,
escreveu “A história da Igreja”, estabelecendo as bases dos primórdios do
cristianismo, com afirmações polémicas a propósito das guerras que assolaram a
Palestina como, por exemplo: “Foi assim que a vingança divina se cumpriu para
os judeus pelos crimes que ousaram perpetrar contra Cristo.” (Livro V, cap. 6).
8. A História, em dois mil anos, não
encontrou uma única prova ou um documento que mereça crédito no que diz
respeito à vida de Jesus. O seu nascimento, vida, morte e ressurreição, tudo o
que lhe diz respeito tem analogia com as crenças, ritos e lendas dos deuses
solares, adorados sob diversos nomes e modalidades por diversos povos da
antiguidade, desde a orla mediterrânica ao Egipto, à Pérsia, ao Oriente, sendo
Mitra e Krishna os mais conhecidos. Pode, pois, concluir-se que a sua
existência é fictícia e integra-se na mitologia vinda de antigas religiões.
9. O Jesus descrito nos Evangelhos pode ser
Brama, Buda, Krishna, Mitra, Horus, Júpiter, Serapis, Apolo ou Zeus, apenas com
uma nova roupagem. O Cristo descrito por João aproxima-se mais desses deuses
redentores do que o dos outros evangelistas: inspirando-se nas ideias dos
orientais de um deus antropomorfizado, criou um Jesus divino, não por causa dos
seus pretensos milagres, mas por ser o Logos, o Verbo feito carne. Jesus não
fez milagres, ele é o próprio milagre: nasceu de um milagre, viveu de milagres
e foi para o céu milagrosamente, de corpo e alma, realizando assim mais uma das
velhas pretensões dos criadores de religiões: a imortalidade da alma humana.
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