Os inconvenientes da dúvida metódica cartesiana
Com a célebre frase “Cogito ergo sum” (Penso, logo existo), Descartes leva-nos ao óbvio: sentir-nos existentes. Mas também à dúvida metódica que, em termos simples, nos diz que só devemos acreditar nisto ou naquilo, depois de termos razões seguras e fundamentadas para o fazer.
Ora, a dúvida metódica não
ajuda muito quando se trata das nossas dúvidas existenciais: “o que somos,
porque estamos aqui e, sobretudo, para onde vamos”. É a nossa parte racional a
reclamar. Para responder a tão magnas questões, as religiões têm apresentado
respostas, mas respostas todas baseadas nas emoções, excluindo completamente a
razão, razão que, fundamentalmente, é o que nos distingue dos outros seres
vivos
Sem respostas racionais mas apenas
emocionais, sentimo-nos profundamente frustrados. Na verdade, não aceitamos
facilmente que, tendo vindo à VIDA e numa forma racional, depois acabemos para
sempre, sem deixar qualquer rasto. Como se nunca tivéssemos existido, sendo
absolutamente irrelevante para a Terra, os Céus, o Universo, o Espaço Infinito –
DEUS! – que tivéssemos existido ou não! E isto, quer tenhamos sido ou não relevantes
para a sociedade, em comandos, inovações, descobertas. Uma vez morto, o EU
desaparece para sempre. Então, a pergunta, para a qual não parece haver
resposta, é: por que razão temos tanta sede de eternidade?
Por outro lado, os que crêem
no transcendente, no espiritual, seja através das religiões, as mais diversas e
as mais bizarras ou mais irracionais, seja através de outros movimentos ditos
espiritas – obviamente, sem provarem que haja qualquer espírito, qualquer
divindade, qualquer transcendente! – os que crêem parecem viver mais felizes,
encontrando facilmente explicações para todos os fracassos, todos os
sofrimentos da Vida, aceitando-os numa perspectiva transcendental, isto é,
esperando uma eternidade onde, enfim, serão felizes para sempre. “For ever!”,
diríamos em inglês.
E rezam aos seus deuses ou
aos seus espíritos ou aos seus entes que crêem estarem noutra dimensão, no
chamado Transcendente, consolando-se com o crerem ser atendidos nas suas preces.
Mesmo que o não sejam. Nesse caso, a “culpa” será sempre do que reza, nunca do
Transcendente ao qual reza…
Os exemplos são tantos, em
todas as “igrejas”, que não vale a pena citar nenhum!
Ora, e EU? O que faço eu com todo este “imbróglio” existencial? Decido-me a acreditar para ser mais feliz nesta vida, que é a certa, ou continuo no meu inveterado racionalismo que não me leva a lado nenhum e não me dá qualquer esperança de eternidade? Melhor, apenas – apenas?! – me leva à talvez única VERDADE absoluta:
NASCEMOS POR ACASO, VIVEMOS MELHOR OU PIOR, CONFORME A SORTE E AS
CAPACIDADES DE INTELIGÊNCIA E EMOÇÃO QUE O NOSSO ADN NOS PROPORCIONOU, E
MORREMOS, DESAPARECENDO PARA SEMPRE, SEM DEIXAR QUALQUER RASTO, COMO SE NUNCA
TIVÉSSEMOS EXISTIDO.
Eis o dilema: ou creio e
tenho alguma esperança numa eternidade com esta identidade que sou, ou não
creio e só me resta caminhar, estoicamente, para o desaparecimento eterno, um absoluto NADA.
Perante tal situação, VALERÁ AINDA A PENA SORRIR? – BEM: SEMPRE É MELHOR SORRIR OU RIR DO QUE CHORAR, AH, AH, AH…
Do meu amigo Alfredo Santos, recebi o seguinte ilustre comentário:
ResponderEliminar"A Ciência comprova que vivemos em dois planos: matéria/espiritualidade.
MATÉRIA, vida transitória onde possuímos um corpo que o espírito lhe dá a vida que dura conforme
a necessidade de cumprir as suas necessidades evolutivas, para aprender e pôr em prática as suas missões.
Espiritualidade, vida eterna sem tempo, onde nascemos simples e sem conhecimentos e todos temos que
evoluir responsáveis pelos nossos atos pois possuímos o livre-arbítrio.
Este estado de espirito está provado pela Ciência quando nós próprios falamos de outras vidas/existências,
antes da actual.
O PLANETA TERRA ,NO ANO DE 2022, TINHA 24 BILIÕES DE SERES VIVOS.
OITO B. EM MATÉRIA E DEZASSEIS B. NA VIDA SEMI- MATERIAL, NA VIDA ESPÍRITA, A VERDADEIRA.
Eis um pequeno apontamento para responder à tua solicitude. Este tema daria para um bate-papo presencial
muito interessante. O ACASO NÃO EXISTE!"
Realmente, só num bom e cordial bate-papo poderia esclarecer contigo algumas questões pertinentes, como: Onde as provas científicas de que há dois planos; onde aqueles números de seres materiais e espirituais; onde a prova de que o acaso não existe. Poderemos fazê-lo, qualquer dia, num agradável almoço "científico"!
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