À procura da VERDADE nos Evangelhos
Evangelho segundo S. JOÃO – 7/?
– Torna-se interessante atentar em palavras de João Baptista a respeito de Jesus, não referidas pelos outros evangelistas, causando perplexidade como é que João, com idade tão avançada - uns bons oitenta anos! - se recorda tão bem delas:
– “O que vem do Céu está
acima de todos os outros, fala do que lá viu e ouviu, mas ninguém aceita o que
Ele diz. Porém quem acreditar nas suas palavras confirma que Deus diz a
verdade. Aquele que Deus enviou anuncia a Palavra de Deus, porque Deus Lhe dá
inteiramente o seu Espírito. O Pai ama o Filho e deu-lhe poder sobre todas as
coisas. Aquele que acredita no Filho tem a vida eterna. Quem não acredita no Filho
não tem parte nessa vida mas sofre o castigo de Deus.” (Jo 3,31-36)
– Afinal, o que é que Jesus
diz que viu e ouviu no Céu que nós não aceitamos? E acreditamos nas suas
palavras porquê? E somos nós que confirmamos a Palavra de Deus? Precisa tal
Palavra de ser confirmada? Deus a dar o seu Espírito ao Enviado… é o tal
mistério da Trindade… Idêntico mistério é o Pai a dar ao Filho poder sobre
todas as coisas. Mais inatingível ainda é ter a vida eterna aquele que acredita
no Filho. E o castigo de Deus para o que não acredita, ou seja, a condenação
eterna é um total nonsense de Deus…
Mas… Baptista repete muito do
que Cristo dissera a Nicodemos, o que nos leva facilmente a concluir que foi João
a pôr tais palavras na sua boca, já que, sem qualquer sombra de dúvida, foi ele
que inventou a fala com Nicodemos.
– Descreve agora João um dos
mais “belos” episódios dos Evangelhos: o encontro de Jesus, a sós, com a
Samaritana… “Chegou então a uma cidade da Samaria chamada Sicar. Estava ali o
poço de Jacob. Cansado da viagem, Jesus sentou-Se junto do poço. Era quase
meio-dia. Nisto, chegou uma mulher samaritana para tirar água e Jesus
pediu-lhe: «Dá-Me de beber.» Os discípulos tinham ido à cidade comprar
mantimentos. A mulher perguntou: «Como é que tu, sendo judeu, me pedes de beber
a mim que sou samaritana?» De facto os judeus não se davam bem com os
samaritanos. Jesus respondeu: «Se conhecesses o dom de Deus e Aquele que te
pede de beber, Tu é que Lhe pedirias. E Ele dar-te-ia água viva.» Disse-lhe a
mulher: «Nem sequer tens um balde e o poço é fundo! De onde vais tirar a água
viva?» Jesus respondeu: «Quem bebe desta água, volta a ter sede. Mas aquele que
beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede. E a água que Eu lhe der,
tornar-se-á dentro dele uma fonte de água que lhe dará a vida eterna.» Pediu
então a mulher: «Senhor, dá-me dessa água para que nunca mais tenha sede nem
precise de vir aqui tirá-la.» Disse-lhe Jesus: «Vai chamar o teu marido.»
Respondeu-Lhe a mulher: «Não tenho marido.» E Jesus continuou: «Tens razão em
dizer que não tens marido, pois já tiveste cinco e o homem que agora tens não é
teu marido.» A mulher disse então a Jesus: «Senhor, estou a ver que és um
profeta. Os nossos pais adoraram a Deus nesta montanha. E vós, judeus, dizeis
que é em Jerusalém que se deve adorar.» Jesus respondeu: «Mulher, acredita em
Mim. Chegou o tempo em que todos podem adorar o Pai sem ser neste monte ou em
Jerusalém. Vós adorais a Deus sem O conhecerdes bem; nós os judeus, sabemos
quem adoramos porque a salvação vem dos judeus. Porém chegou o tempo em que
todo aquele que adora o Pai deve fazê-lo em espírito e com verdade. É assim que
o Pai quer que O adorem. Deus é espírito e os que O adoram devem fazê-lo em
espírito e com verdade.» A mulher disse então a Jesus: «Sei que o Messias, o
Cristo, há-de vir. Quando ele vier, há-de explicar-nos todas estas coisas.»
Respondeu-lhe Jesus: «Esse Messias sou Eu, que estou a falar contigo.» Nesse
momento, chegaram os discípulos e ficaram admirados quando O viram a falar com
uma mulher. Mas nenhum se atreveu a perguntar à mulher: «Que pretendes dele?»
Ou a Ele: «Por que estás a falar com ela?» (Jo 4,1-27)
(Análise crítica no próximo
texto)
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