Evangelho segundo
S. LUCAS – 17/?
E
aí, ou estava morto o Lázaro, morto o filho da viúva, morta a filha de Jairo…
ou não. Se estavam mortos, como voltaram a viver senão por uma força que se não
é divina, nos é totalmente desconhecida? Como? (Ou talvez estivessem apenas
dormindo. E todas as explicações se tornam fáceis e… credíveis!) (Da veracidade
ou não da sua própria ressurreição, falaremos mais tarde.) E que força possuía
Jesus para multiplicar assim os pães e os peixes, dando de comer a multidões de
milhares? Ou a de curar assim, sem mais, qualquer doente que lhe fosse
apresentado?
Os
milagres! É aí que o divino toca mais de perto a Terra e o humano. E ou estamos
perante uma fantástica efabulação, ou perante o total desconhecido, o total
mistério que a Ciência não consegue explicar, desconhecendo que há forças que
alguns “super-humanos” terão e que escapam totalmente ao nosso conhecimento…
Mas…
- repetindo-nos – é estranho (e altamente questionável!) que a Bíblia esteja
recheada de milagres. Já no A.T., com Moisés a ordenar, por ordem de Javé, as
pragas do Egipto, a separação das águas do Mar Vermelho para que os israelitas
atravessassem, a água a jorrar da rocha no deserto, o maná a cair todos os
dias, durante a travessia desse mesmo deserto, travessia que durou mais de
quarenta anos… não contando com todos aqueles “milagres” de Javé, ao intervir
em batalhas com os seus anjos exterminadores, com doenças de toda a sorte, no campo
inimigo de Israel, nem com os muitos milagres realizados pelos profetas,
sobretudo por Eliseu… Tudo isto no AT.
Depois,
Jesus Cristo que, além de realizar inúmeros milagres, outorga tal poder aos
discípulos, vindo eles todos contentes das suas “campanhas”, dizendo: “Até os
demónios nos obedeciam!” (Lc 10,17)
Vai-se
Jesus e - também repetindo-nos - os milagres começaram a tornar-se raros… Já
com os apóstolos dos primeiros tempos, já com os santos que se seguiram, já com
os santos de todos os tempos, até à Senhora de Fátima ou de Lourdes e outros
santos e santas que estão nos altares das igrejas, capelas e ermidas a quem o
povo atribui tantas graças recebidas, “autênticos milagres”, como dizem… Se têm
algo de milagre, nunca se sabe ao certo, apesar da Igreja dizer que apenas
canoniza e eleva às honras dos altares quem tiver dado provas inequívocas, com
milagres – normalmente curas inexplicáveis à luz da Ciência actual – de que
está em contacto com o divino, que está no Céu e que intercede junto de Deus
por aqueles que nele confiam…
De
qualquer modo, é muito estranho que tenha deixado de haver milagres do tipo dos
da Bíblia, quer do AT quer do NT. É que nada justifica essa raridade. Tal facto
leva-nos a desconfiar fortemente da credibilidade desses milagres. Tudo leva a
crer que sejam apenas uma manifestação literária, desde os inícios da escrita
da Bíblia até aos tempos de Jesus, referindo os evangelistas milagres que não
passaram de meras intenções ou desejos quer de Jesus quer das multidões que o
acompanhavam. Excepção talvez feita a certas curas, curas em que, aliás, Jesus
apelava para a fé dos pacientes: “Acreditas que podes ser curado? – Sim,
acredito! – Então, vai: a tua fé te salvou (curou)”. É a força da mente de cada
um a funcionar como motor da cura, não havendo milagre algum do tipo apelidado
de divino…
E,
nestas divagações, lá nos alongámos, na busca da ponte entre a Vida e o
Além-vida, entre a Terra e o Céu, entre o Tempo e a Eternidade! Que pena que a
não tenhamos encontrado!… E que frustração que Jesus não no-la tenha oferecido
com certezas!
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