À procura da VERDADE nos
Evangelhos
Evangelho segundo S. MATEUS
– 61/?
E Jesus continua alertando, ora por enigmas, ora por
incompreensíveis afirmações aos olhos da Ciência, ora por comparações, sendo o
terror a matriz que está sempre presente…
– “A vinda do Filho do Homem será como um relâmpago que sai
do Oriente e brilha até ao Ocidente. (…) O Sol ficará escuro e a Lua deixará de
brilhar. As estrelas cairão (…). Então é que há-de aparecer no Céu o sinal do
Filho do Homem. E todos os povos da Terra hão-de irromper em choro e verão o
Filho do Homem vindo sobre as nuvens com poder e grande glória. Ele mandará
então os seus anjos tocarem bem alto a trombeta para reunirem os escolhidos, de
um extremo ao outro do mundo.” (Mt 24,27-31)
– Há mais mas basta por enquanto! Porquê esta visão
fulminante de relâmpago rasgando o céu de um extremo ao outro, para a vinda do
Filho do Homem? – O cenário é de catástrofe universal, de terror universal, de
alucinação total! Que criação fantástica esta de Jesus! Como nos não parece
credível que de tal boca tenham surgido tais alucinações!… Ou talvez sejam tudo
metáforas e imagens não sabemos bem de quê. Mas, se realmente foi Jesus que tal
disse, como podemos acreditar nele que mais parece um alucinado do que um
racional divino?
Depois, que fenómeno será esse do Sol a escurecer, logo a
Lua deixando de brilhar, e das estrelas a cair? Poderia ser – mas não parece
que Jesus tivesse conhecimento disso – o fim cientificamente anunciado do
sistema solar, e com ele a Terra, e com ela o Homem que não conseguiu
conquistar o Universo e escapar ao inevitável fim, num silêncio cósmico total,
não havendo mais ninguém com ouvidos inteligentes capaz de ouvir e de entender…
Enfim, como será a imagem do Filho do Homem? Deus humanizado
ou Homem deificado? Corpo sem aparências ou de alguma matéria feito?…
O choro… Que choro? De alegria o dos eleitos e de raiva o
dos condenados?…
A glória! O poder! A quem e para quê quer o Filho do Homem
manifestar a sua glória e poder? Será necessário tanto “aparato literário” para
atemorizar o mísero e mesquinho animal racional que é o Homem? Realmente, de
que Lhe serve a glória? Satisfará o seu Ego
de Rei dos Reinos do Céu? Reinando com o Pai e o Espírito Santo (Trindade
inventada, nos séculos vindouros, pelos chamados doutores da Igreja, como Sto
Agostinho; Boaventura, Tomás de Aquino e outros)? Embora, estranhamente, o Pai
não apareça, por aqui, “arrependido” de ter deixado morrer, numa cruz, este
Filho que agora quer exaltar acima da Terra e dos Céus! (Ai, que heresia, santo
Deus!… Ai, que blasfémia!…)
– E as trombetas dos anjos… são metafóricas ou reais? Que
ouvidos as ouviriam? Que sons sairiam daqueles instrumentos que não sabemos se
eram instrumentos, tocados por mãos que não sabemos se eram mãos, insufladas de
ar que não sabemos de que gargantas provinha?… Afinal - e certamente
repetindo-nos - afinal, quem são os anjos? Seres reais ou também metafóricos? O
Céu também será real ou metafórico? O que é que afinal é realidade, em todo
este cenário fantasmagórico-divino-maravilhoso?
Mas é o grande Jesus quem fala! Parece-nos não termos
alternativa senão acreditar nas suas palavras! Mesmo nada percebendo e, por
isso, questionando sempre…
– Mais: “Eu vos garanto: tudo isto vai acontecer antes que
morra esta geração que agora vive. O céu e a Terra desaparecerão mas as minhas
palavras não desaparecerão. Quanto àquele dia e àquela hora, ninguém sabe nada:
nem os anjos do Céu, nem o Filho. Só o Pai é que sabe.” (Mt 24,34-36)
– Bem, estas afirmações de Jesus – se é que foram dele –
deitaram a perder tudo o que nelas poderia haver de credibilidade. Pois, que
geração? A do tempo de Jesus - uns 50 anos - ou todo o tempo que o Homem ainda
vai viver na Terra - os tais cinco mil milhões de anos?
Que esta Terra, estas estrelas, este Homem vão desaparecer,
não restam dúvidas, no eterno retorno do mesmo ao mesmo, em que todos os seres
vivos e não vivos mas integrados na energia universal, rodopiam, talvez desde
sempre e para sempre… Mas se o Homem desaparecerá sem qualquer dúvida, para que
quer Jesus que as suas palavras não desapareçam? Quem as ouvirá se já não há
ninguém para as ouvir?
Serão então totalmente inúteis!…
E ainda mais contundente e contradizente: Então, o Filho não
sabe nem o dia nem a hora dos acontecimentos? Não afirmou, há pouco, que “então
será o fim”, quando a Boa Nova for espalhada por todo o mundo? E não sabe o
Filho tanto como o Pai, sendo Deus com Ele na unidade do Espírito Santo?
A confusão em que ficamos é… total! Não sei que crente
conseguirá resistir-lhe…
Em tempos de pandemia mortal, resta-nos acariciar este nosso corpo que nos suporta e nos permite vida, gimnasticando-o, alimentando-o, protegendo-o de possíveis contágios que "decretariam" antecipadamente o nosso fim. A protecção é difícil: o inimigo pode estar em todo o lado, camuflado; mas não temos escolha!
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