sábado, 23 de maio de 2020

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 266/?



À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. MATEUS – 62/?

– Mais palavras apocalípticas: “Nessa altura, estarão duas mulheres a moer trigo: uma será levada e a outra deixada.” (Mt 24,41)
– Não se percebe: então, o anunciado Fim não é para toda a gente, “ de um extremo ao outro do mundo”?
–“Estejam alerta! (…) porque o Filho do Homem virá quando menos O esperam.” (Mt 24,42-44)
– Continua-se com a apologia do medo, esse medo que nos retira o gostinho da vida… Sempre alerta! Agora, já não são só os cuidados que temos de ter para nos acautelarmos dos perigos que se vão levantando no nosso caminho, dia a dia, dos ladrões de todo o tipo que infestam a sociedade. Também será necessário acautelarmo-nos do… divino! Mas talvez que a vinda do Filho do Homem seja aqui apenas a morte de cada um. E, nessa hora solitária, cada um deverá estar com a consciência tranquila do bem ter feito para não ser logo ali condenado ao fogo do inferno…
– Não se saindo do cenário apocalíptico, em três histórias-comparações do Reino de Deus, condena-se um mau empregado e um empregado inútil ao “choro e ranger de dentes” (inferno) e levam-se “as cinco noivas descuidadas para fora do leito nupcial do noivo”. (Mt 24,51; 25,12 e 30). Talvez ou certamente que Jesus quisesse esclarecer-nos, mas… para além de entendermos que devemos utilizar bem os nossos talentos e não ser descuidados, na Terra – claro! – nada mais entendemos do tenebroso, confuso, fantástico que é o Filho do Homem vir sobre as nuvens, como relâmpago fulminante que ilumina o céu de um a outro extremo, como justiceiro do seu Deus-Pai…
– E alguém entenderá - repetimos a pergunta - onde e como é aquele “choro e ranger de dentes” que Jesus tantas vezes refere? – Bem, talvez seja apenas a imagem de um inferno que é simplesmente a privação do face a face com Deus, no Céu…
– Agora, mais uma imagem de fantástico, de gigantesco maravilhoso, a do tenebroso Juízo Final: “Quando o Filho do Homem vier na sua glória, com todos os seus anjos, então sentar-Se-á no seu trono glorioso. Todos os povos da Terra se reunirão diante dele e Ele há-de separá-los uns dos outros (…). E dirá aos que estiverem à sua direita: «Vinde benditos de meu Pai! Vinde receber como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo.” (Mt 25,31-34)
– Que aparato, santo Deus! Que encenação! Para quê tudo isto? A quem, meu Deus, quererás impressionar com o teu ceptro, o teu trono, os teus anjos, toda a tua majestade? Tudo isto humaniza-Te tanto, tanto!…Tanto, que nos parece estarmos visualizando grandes teatralizações em corte de reis, julgando filas de criminosos de guerra ou derrotados em combate…, faustosas guardas de honra orquestradas por gendarmes, engalanados com seus trajes vistosos e elmos brilhantes, tão numerosos quanto o permitisse a riqueza acumulada em despojos das mesmas guerras ou em tributos arrebatados aos pobres deste mundo…
E são precisos anjos/soldados para executarem ordens à direita e à esquerda?…
E também está o Reino dos Céus preparado desde a criação do Mundo e do Homem? Não esquecendo, claro, o inferno para os da esquerda a quem o Filho do Homem dirá: “Afastai-vos de Mim, malditos! Ide para o castigo eterno que foi preparado para o Diabo e os seus anjos!” (Mt 25,41)?
– E aqui está sempre o mesmo dilema de um acto de justiça duvidoso: pagar com uma eternidade, uma vida no tempo! Para acções num tempo… um castigo eterno! Com que justiça? - perdoem-nos a repetição. Mas… mas, afinal, o que é ou quem é o Diabo e quem são os seus anjos? – Sentimos que toda esta encenação é fruto de uma imensa fantasia ou de Jesus ou de Mateus. E, realmente, a haver além-da-morte, até ao próprio Deus será difícil encontrar alternativas ao dilema Tempo-Eternidade!…
– Enfim, no meio de todo este fantasioso aparato, aparato que leva qualquer crente à descrença total de que estes textos sejam de origem ou de inspiração divina – como dizem os teólogos cristãos/católicos – um pormenor jocoso da narrativa: Numa de apologia da poligamia, aquele noivo era um sortudo: tinha direito a ter cinco noivas no seu leito nupcial…

1 comentário:

  1. É certamente daquele "Diabo e seus anjos" que vem a história ensinada na catequese e que já contavam nossos pais:
    "Um dia, no Céu, o anjo mais brilhante e comandante de todos os outros anjos, revoltou-se e quis ser igual a Deus; com ele, estava todo um exército de anjos que, embora não tão brilhantes, já estavam cansados de servir a Deus. Foi então que, não admitindo tal revolta, Deus criou o Inferno onde, como castigo exemplar, sepultou o anjo revoltoso, chamado, devido a tanta luminosidade, LÚCIFER, e todos os inúmeros que o seguiram." A história concluía-se, temerosa: "Com Deus não se brinca!"

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