À procura da VERDADE nos
Evangelhos
Evangelho segundo S. MATEUS
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– Mais palavras apocalípticas: “Nessa altura, estarão duas
mulheres a moer trigo: uma será levada e a outra deixada.” (Mt 24,41)
– Não se percebe: então, o anunciado Fim não é para toda a
gente, “ de um extremo ao outro do mundo”?
–“Estejam alerta! (…) porque o Filho do Homem virá quando
menos O esperam.” (Mt 24,42-44)
– Continua-se com a apologia do medo, esse medo que nos
retira o gostinho da vida… Sempre alerta! Agora, já não são só os cuidados que
temos de ter para nos acautelarmos dos perigos que se vão levantando no nosso
caminho, dia a dia, dos ladrões de todo o tipo que infestam a sociedade. Também
será necessário acautelarmo-nos do… divino! Mas talvez que a vinda do Filho do
Homem seja aqui apenas a morte de cada um. E, nessa hora solitária, cada um
deverá estar com a consciência tranquila do bem ter feito para não ser logo ali
condenado ao fogo do inferno…
– Não se saindo do cenário apocalíptico, em três histórias-comparações
do Reino de Deus, condena-se um mau empregado e um empregado inútil ao “choro e
ranger de dentes” (inferno) e levam-se “as cinco noivas descuidadas para fora
do leito nupcial do noivo”. (Mt 24,51; 25,12 e 30). Talvez ou certamente que
Jesus quisesse esclarecer-nos, mas… para além de entendermos que devemos
utilizar bem os nossos talentos e não ser descuidados, na Terra – claro! – nada
mais entendemos do tenebroso, confuso, fantástico que é o Filho do Homem vir
sobre as nuvens, como relâmpago fulminante que ilumina o céu de um a outro
extremo, como justiceiro do seu Deus-Pai…
– E alguém entenderá - repetimos a pergunta - onde e como é
aquele “choro e ranger de dentes” que Jesus tantas vezes refere? – Bem, talvez
seja apenas a imagem de um inferno que é simplesmente a privação do face a face
com Deus, no Céu…
– Agora, mais uma imagem de fantástico, de gigantesco
maravilhoso, a do tenebroso Juízo Final: “Quando o Filho do Homem vier na sua
glória, com todos os seus anjos, então sentar-Se-á no seu trono glorioso. Todos
os povos da Terra se reunirão diante dele e Ele há-de separá-los uns dos outros
(…). E dirá aos que estiverem à sua direita: «Vinde benditos de meu Pai! Vinde
receber como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do
mundo.” (Mt 25,31-34)
– Que aparato, santo Deus! Que encenação! Para quê tudo
isto? A quem, meu Deus, quererás impressionar com o teu ceptro, o teu trono, os
teus anjos, toda a tua majestade? Tudo isto humaniza-Te tanto, tanto!…Tanto,
que nos parece estarmos visualizando grandes teatralizações em corte de reis,
julgando filas de criminosos de guerra ou derrotados em combate…, faustosas
guardas de honra orquestradas por gendarmes, engalanados com seus trajes
vistosos e elmos brilhantes, tão numerosos quanto o permitisse a riqueza
acumulada em despojos das mesmas guerras ou em tributos arrebatados aos pobres
deste mundo…
E são precisos anjos/soldados para executarem ordens à
direita e à esquerda?…
E também está o Reino dos Céus preparado desde a criação do
Mundo e do Homem? Não esquecendo, claro, o inferno para os da esquerda a quem o
Filho do Homem dirá: “Afastai-vos de Mim, malditos! Ide para o castigo eterno
que foi preparado para o Diabo e os seus anjos!” (Mt 25,41)?
– E aqui está sempre o mesmo dilema de um acto de justiça
duvidoso: pagar com uma eternidade, uma vida no tempo! Para acções num tempo…
um castigo eterno! Com que justiça? - perdoem-nos a repetição. Mas… mas, afinal,
o que é ou quem é o Diabo e quem são os seus anjos? – Sentimos que toda esta
encenação é fruto de uma imensa fantasia ou de Jesus ou de Mateus. E, realmente,
a haver além-da-morte, até ao próprio Deus será difícil encontrar alternativas
ao dilema Tempo-Eternidade!…
– Enfim, no meio de todo este fantasioso aparato, aparato
que leva qualquer crente à descrença total de que estes textos sejam de origem
ou de inspiração divina – como dizem os teólogos cristãos/católicos – um pormenor
jocoso da narrativa: Numa de apologia da poligamia, aquele noivo era um sortudo:
tinha direito a ter cinco noivas no seu leito nupcial…
É certamente daquele "Diabo e seus anjos" que vem a história ensinada na catequese e que já contavam nossos pais:
ResponderEliminar"Um dia, no Céu, o anjo mais brilhante e comandante de todos os outros anjos, revoltou-se e quis ser igual a Deus; com ele, estava todo um exército de anjos que, embora não tão brilhantes, já estavam cansados de servir a Deus. Foi então que, não admitindo tal revolta, Deus criou o Inferno onde, como castigo exemplar, sepultou o anjo revoltoso, chamado, devido a tanta luminosidade, LÚCIFER, e todos os inúmeros que o seguiram." A história concluía-se, temerosa: "Com Deus não se brinca!"