À procura da VERDADE nos
Evangelhos
Evangelho segundo S. MATEUS
– 57/?
– Encontramos, em seguida, certamente a maior invectiva de
Jesus contra os doutores da Lei e os fariseus:
“Ai de vós, doutores da Lei e fariseus hipócritas! Fechais o
Reino do Céu aos Homens. Nem vós entrais, nem deixais entrar aqueles que
desejam. (…) Explorais as viúvas e roubais as suas casas e, para disfarçar,
fazeis longas orações! Por isso, recebereis uma condenação mais severa. (…)
Pagais o dízimo (…) e deixais de lado os ensinamentos mais importantes da Lei.
(…) Limpais o corpo, por fora (…) mas por dentro estais cheios de desejos de
roubo e de cobiça. (…) Sois como sepulcros caiados: por fora parecem bonitos
mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e podridão. (…) Sois filhos
daqueles que mataram os profetas. (…) Serpentes, raça de víboras! Como é que
poderíeis escapar à condenação do inferno? É por isso que Eu vos envio
profetas, sábios e doutores: a uns matareis e crucificareis, a outros
torturareis nas vossas sinagogas e persegui-los-eis de cidade em cidade. Deste
modo, cairá sobre vós todo o sangue justo derramado sobre a Terra, desde o
sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias (…) que assassinastes entre
o santuário e o altar. Eu vos garanto: tudo isto acontecerá a esta geração.”
(Mt 23,13-36)
– A retórica repetitiva avoluma o peso da condenação.
Condenação destes doutores e fariseus e de todos os que procederem como eles,
evidentemente. Que clareza nas denúncias! Que acutilância nas palavras e nas metáforas
que a ninguém deixam dúvidas!
Mas… continuamos sem saber o que é o Reino do Céu, o que é o
inferno, como cai o sangue dos inocentes sobre estes prevaricadores…
E, acaso, tudo aquilo aconteceu àquela geração de sacerdotes
e fariseus? Como? Quando? Aqui, na Terra que apalpamos ou no misterioso Além
que se nos escapa de cada vez que o tentamos agarrar ou entender? Mais: como
foram todos para o inferno? Não poderíamos conhecer o seu testemunho? Porque
não vêm eles lá do inferno, onde certamente estarão, dizer-no-lo para que nós
não façamos como eles? Que custa a Deus fazer tal milagre? - repetimos. Seria, sem
dúvida, milagre muito mais eficaz para a conversão de toda a humanidade do que não
só o ter feito secar a figueira porque não tinha figos, mas também todos os
outros já atrás relatados (ou inventados?) por Mateus…
E ainda: tal maldição “de sangue” caiu apenas sobre os
doutores e fariseus ou sobre todo o povo judeu? Naquele tempo ou pelos tempos
vindouros?
O povo judeu foi, desde os seus primórdios, com o seu “pai”
Abraão vindo de lá da Mesopotâmia – actual Iraque – pelo ano 2000 AC, até aos
nossos dias, um povo muito sui generis.
Basta ler a sua história: contam-se 2000 anos de lutas para conquistarem,
viverem e sobreviverem na “Terra Prometida”, onde corria leite e mel, algures
ali pela Palestina e vale do Jordão; sofreram a última destruição da sua
querida Jerusalém pelos romanos, no ano 70 DC; dispersaram-se em diáspora pelo
mundo, perdendo a tão querida Pátria, perda dolorosamente cantada pelo Coro dos
escravos hebreus, na ópera de Verdi, Nabuco; foram mais odiados que queridos em
todos os países onde se instalaram e criaram raízes; foram expulsos de alguns desses
países por razões religiosas ou ideológicas, apesar de contribuírem com o seu trabalho
e saber para o seu progresso; culminaram com o holocausto nazi, morrendo milhões
em campos de concentração; conseguiram, finalmente, reerguer parte da sua
antiga Pátria, em 1947, pátria a que chamamos hoje Israel. Entretanto, “produziram”
um Jesus a quem chamaram de Cristo, o Messias, que está na origem da religião
cristã, apesar do Deus Javé exclusivista dos judeus, dividindo a História em AC
e DC e um Einstein que revolucionou a Física. Enfim, continuando espalhados
pelo mundo e não chegando o seu número a 50 milhões, já ganharam mais de uma
centena de Prémios Nobel desde a instituição de tal prémio. Notável e estranho
povo, não é?!
Hoje, 12, é dia de Páscoa. Passagem (do Mar Mediterrâneo) para os judeus, a Ressurreição de Cristo para os cristãos. A ressurreição dos mortos para a vida eterna é a base do cristianismo, mas é uma base tão contestada e tão contestável que não sabemos que credibilidade lhe atribuir. Debruçar-nos-emos sobre o assunto em textos próximos. Até lá, ALLELUIA! E viva a festa possível em família nuclear que, em muitos casos, não passará de uma só pessoa. Tente, mesmo assim, SORRIR porque é um privilégio estar vivo, a única maneira de saber tudo isto e de ter consciência de si...
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