– Obviamente, porque se luta pela
sobrevivência, seguindo o instinto vital. Mas, para muitos, apenas – apenas?! –
o vírus vem acelerar o fim inevitável e inexorável de quem teve a sorte de ter
vindo à VIDA. Há uma certeza absoluta, no acto de nascer: um dia, mais cedo ou
mais tarde, dependendo de múltiplos factores endógenos e exógenos, inexoravelmente,
virá o fim. Até diríamos – com alguma jocosa ironia, claro! – que o Covid é bastante simpático: leva preferencialmente
os que já viveram bastante, poupando os que ainda têm muito para dar e receber
da VIDA…
A pergunta titular é, então,
pertinente. A ideia de morrer não deveria meter-nos medo, já que a morte é
inerente à condição de estar vivo. Por outro lado, tendo tido a sorte de ter
vindo à VIDA, é suposto não a desperdiçarmos e que a vivamos o melhor e o mais
longamente possível! Mas, como se disse aquando da discussão sobre a eutanásia,
não valerá a pena prolongar a vida artificialmente de um ser que de humano já
só tem a forma, não tendo nem cérebro nem corpo que ainda funcionem com
dignidade, gastando-se, inutilmente, enormidades ao SNS.
Temos, pois, de aceitar, sorriso no
rosto, a nossa realidade de viventes a prazo. E, se a morte é inexorável, nada
melhor do que sorrir-lhe, agradecendo, olhos no céu e nas flores e na natureza
e no firmamento e na claridade que inunda a Terra todas as manhãs, gozando
tanta beleza que nos é ofertada gratuitamente – e sem qualquer trabalho! – ao
INFINITO DESCONHECIDO, o termos vindo à VIDA.Ter outra postura não só é
irracional como não nos permite gozar, apreciar, desfrutar convenientemente
desta mesma VIDA.
Ah, se todos pensássemos que a
felicidade não está no TER muito e do melhor e do mais caro e do mais
sofisticado e do mais novo…, esfalfando-nos a trabalhar para ganhar muito
dinheiro e podermos adquirir tudo isso… e que, afinal, não é com tal modus operandi que tiramos o melhor
proveito da VIDA!...
Ah, se todos pensássemos em mudar os
padrões que regulam actualmente as economias do mundo e as finanças que lhes
estão associadas e que as determinam, numa liberdade total de produção e
comércio de produtos, na maior parte das vezes, absolutamente inúteis para as necessidades
básicas do ser humano, quer a nível físico, quer a nível psicológico, emocional
ou intelectual!...
O desafio seria enorme: produzir só
o essencial para o bem-estar da humanidade, mantendo todos os humanos numa
ocupação produtiva digna e gostosa! Mas seria desafio que valeria a pena: todos
viveriam melhor! Todos saberiam controlar-se para não continuarem a proliferar
e a ser espécie infestante e predadora de tudo o que é comestível, destruindo
espécies animais e vegetais irreversivelmente! E deixariam de ser tão egoístas,
tão ambiciosos, tão perversos, tão corruptos, enfim, tão desumanos!
Esta pandemia veio apelar para tal
desiderato. Não creio que o consiga. Pelo contrário, todo o mundo,
lamentando-se, está pensando em voltar o mais depressa possível ao status quo anterior, situação onde
imperam as leis dos mercados selvagens de capitais, das corrupções, do fabrico
de tudo o que é necessário e não necessário, com o real e dramático objectivo
de não perderem o emprego que, nesta conjuntura económico-financeira, a nível
mundial, está baseado exactamente no fabrico e no consumo, sendo o consumismo –
desgraçadamente por ser altamente prejudicial ao Meio-ambiente – um dos motores
das economias globais.
Não! Não parece que os humanos
queiram criar a FELICIDADE GLOBAL!
É pena porque talvez, assim, a morte
– ou fim da vida de cada um – fosse racionalizada e encarada com um grande
SORRISO! Não levados por falsidades de vida eterna, no Céu, post mortem, como dizem as religiões,
mas por nos sentirmos plenamente realizados e sentir que valeu a pena o nós termos passado, embora fugazmente, pela VIDA…
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