À procura da VERDADE nos
Evangelhos
Evangelho segundo S. MATEUS
– 51/?
–“O Filho do Homem não veio para ser servido mas para servir
e dar a vida para resgatar a humanidade.” (Mt 20,28)
Mas - perguntamos - resgatar a humanidade de quê? Do tão
duvidoso, questionável, misterioso, quase romântico - perdoai-me, Senhor,
porque já não sei o que digo! - pecado original, com a Eva enganada e tentada
pela vil rastejante serpente - certamente o diabo disfarçado! - a seduzir o
“pobre” do Adão com a sua maçã, bem rosadinha e apetitosa, ali assim em oferta de
comer?… Aliás, que homem, na flor da idade - tal Adão - seria capaz de resistir
a tão doce oferta de paraíso?!…
Sem sorrisos à flor dos lábios, perguntaríamos antes o que é
o chamado mistério da redenção! E ficamos sem saber de que é que realmente a humanidade
foi redimida… e porque é que teve de haver um Jesus Cristo que a redimisse… e
que essa redenção tivesse de ser com uma morte… e uma morte injusta, exigida
sem fundamento por tantos que tantos milagres de um Deus feito homem
presenciaram com os próprios olhos… e nada os convenceu, nem palavras, nem
obras, nem citações das Escrituras, provando Jesus que Ele era realmente o
Messias, o Anunciado pelos profetas, o Ungido do Senhor… Como foi possível tanta
descrença, tão tremenda injustiça? E, mais uma vez, nos parece que realmente os
milagres não existiram. A terem existido, a atitude de todos os que os
presenciaram nunca poderia ter sido aquela de gritarem, pedindo a condenação de
Jesus: “Crucifixa-o! Crucifixa-o!”
– Entretanto, outros dois cegos são curados: “Ficaram a ver
e acompanharam Jesus.” (Mt 20,34)
– Só os cegos; não há notícia
de que os presentes o tenham também acompanhado… Pois, quem, que fosse cego e
logo ali ficasse a ver - bastou um grito de súplica: “Senhor Filho de David,
tem piedade de nós!” - não seguiria Jesus? E não faria tudo o que Ele mandasse?
Bem, eu… eu não sei se o faria! É que teria, um pouco mais à
frente, de arrancar um daqueles olhos que agora viam, para não me levar ao
pecado e, assim, perder a vida eterna, como aconselhou o mesmo Jesus… -
perdoem-me a ironia!
– Comovente, comovente deverá ter sido a entrada “triunfal” em
Jerusalém de Jesus montado numa jumenta, levando a seu lado o filhote, cantando
o povo Hossanas, agitando ramos de palmas e de oliveiras! Facilmente se imagina
a algazarra da multidão, os sorrisos, os clamores, os muitos apitos ou
trombetas atroando os ares…
E tudo isto me faz lembrar os domingos de Ramos de criança!
Era uma festa! Sabia lá eu que comemorava a entrada triunfal do Messias em
Jerusalém! O que eu sabia é que queria levar um ramo bem grande, de louro ou de
oliveira, bem enfeitado de profusões de flores, desejando que houvesse concurso
para o melhor, pois seria eu a ganhar! Qual era o mais alto? Qual o mais
composto? Qual o mais engalanado?…
Muitas tradições religiosas que povoam as nossas memórias
inundaram-nos de encanto e recordamo-las com nostalgia… Sobretudo o presépio e
o Menino Jesus entrando pela chaminé a pôr-nos as prendas no sapatinho… E os
ramos, as amêndoas lançadas à rabatina, quando o padre passava, dizendo
“Aleluia! Aleluia! Cristo ressuscitou!”… Talvez seja suficiente motivo para que
a religião sobreviva e nos encante, apesar dos seus inexplicáveis e
inacreditáveis mistérios, alimentando tradições que se perdem para lá dos
séculos…
– “Isto aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo
profeta: «Eis que o teu rei vem ao teu encontro. Ele é manso e está montado num
jumento, num jumentinho…» As multidões gritavam: «Hossana ao Filho de David!
Bendito o que vem em nome do Senhor! (…) Este é Jesus, o profeta de Nazaré da
Galileia.»” (Mt 21,9-11)
– Será esta multidão que em breve irá gritar: “Crucifica-O!
Crucifica-O!”… O auge do mistério da redenção começa aqui. O total nonsense de Deus-Pai que “leva” a multidão
a aclamar o seu Filho e, pouco depois, a… condená-lo à morte!
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