À procura da VERDADE nos
Evangelhos
Evangelho segundo S. MATEUS
– 52/?
– E que dizer da “limpeza” que Jesus fez no Templo? “Pôs de
lá para fora todos os que estavam ali a vender e a comprar.” (Mt 21,12) Um acto
de coragem próprio de quem se sentiria como enviado de Deus mas que certamente
provocou ódios, exacerbando outros já existentes.
– Ainda mais milagres! Se os contássemos todos, não seriam
centenas? “Alguns cegos e aleijados aproximaram-se de Jesus (…) e Ele curou-os.
Os chefes dos sacerdotes e os doutores da Lei ficaram irritados.” (Mt 21,14-15)
Uma vez mais, estranhíssima esta atitude dos chefes e dos
doutores. Porque não O reconheceram como Messias? Porque não se lhes abriram os
olhos?
Parece que “tinham mesmo” de se cumprir as Escrituras, já
não sabendo nós se as Escrituras foram escritas para prepararem a vinda deste
Jesus Messias, se é Jesus que vem cumprir o que as Escrituras anunciavam!
E também parece que o “meu Pai que está no Céu” “tinha
mesmo” de sujeitar o seu “muito amado Filho” à flagelação, humilhação, coroa de
espinhos, calvário, morte na cruz…
Que tal repugna à nossa emoção humana, não duvidamos. Mas o
mistério permanece, sem sabermos como aceitar tal atitude divina. Pois, acaso
seria necessário tal sofrimento? Acaso não tinha Deus outros meios para enviar
a sua mensagem e redimir a humanidade se é que havia alguma coisa a redimir? Porque
teve a redenção de ser feita com sangue? E sangue de um justo, pregando o amor,
a simplicidade, a fraternidade, corrigindo a maior parte das Escrituras onde
apenas existia o ódio contra o inimigo e a cautela perante o irmão?...
Quantas carradas de Fé que arrasa montanhas não nos são
precisas para aceitar/entender tal atitude divina de Deus-Pai!…
– E de novo… as crianças, também elas gritando: “Glória ao
Filho de David!” que o mesmo é dizer “a Cristo” ou “ao Messias”, cumprindo-se, mais
uma vez, as Escrituras: “Da boca dos pequeninos farei sair louvores.” (Mt
21,16) Terá sido natural que estas vozes não tivessem podido fazer-se ouvir
quando a multidão berrará “Crucifica-O! Crucifica-O!” Mas… filho de David? David,
um exemplo? Lembram-se de ele ter mandado matar o marido da sua amante?… (2Sm
11,12)
– Vamos, agora, assistir a
um milagre cujo significado não se entende por ser claramente desnecessário e…
sem conteúdo de curar alguém ou de satisfazer necessidades básicas humanas! Quase
parece mera teofania do poder de Jesus, dizendo à figueira que encontrou sem
fruto: “«Que nunca mais dês frutos!» E no mesmo instante, a figueira secou. Os
discípulos ficaram espantados. E Jesus: «Se tiverdes fé e não duvidardes,
fareis não só o que Eu fiz com a figueira mas também podereis dizer a esta
montanha: ‘Tira-te daqui e lança-te ao mar.’ e isso acontecerá. E tudo o que na
oração pedirdes com fé, recebereis.»” (Mt 21,19-22)
A mensagem de que quem não dá fruto deve morrer, até se
entende… Não é a preguiça um dos sete pecados capitais? Não se disse no A.T.
que “O preguiçoso é semelhante a um monte de esterco: quem lhe toca logo sacode
a mão.”? (Eclo 22,2) Não diz o povo que quem não trabalha não deve comer? Mas
que, para fazer passar tal mensagem, seja necessário um milagre…
Este é um dos milagres que nos parece desacreditar mais
Jesus do que credibilizá-lo como divino… Não porque não seja espectacular - os discípulos
ficaram espantados e nós… também! - mas porque, sendo totalmente desnecessário,
parece manifestar um mau uso do seu próprio poder divino…
Sem comentários:
Enviar um comentário