À procura da
VERDADE no livro de ZACARIAS 1/2
- Diz-se na Introdução: “A primeira parte do livro
(…) contém os
oráculos do profeta Zacarias, contemporâneo de Egeu (520 a.C.)
(…).
Zacarias, em oráculos e visões (…) estimula (…) a construírem o
Templo,
símbolo da fé e unidade nacional (…) e incentiva a
formação de um novo quadro
político, centrado no leigo Zorobabel
e no sacerdote Josué. A segunda parte (…)
foi escrita no período
em que os gregos dominavam a Palestina (333 a.C.) (…). O
autor
anuncia o aparecimento do Messias com três características: rei,
bom
pastor e “trespassado”. Ao ler esta segunda parte, é impossível
não lembrar
Jesus que entra em Jerusalém montado num jumentinho
(rei-messias), ou quando
afirma: «Eu sou o bom pastor», Ou ainda
quando sofre a paixão e morte na cruz.”
Perguntaríamos:
1 – Seria necessário, na economia divina, haver dois
profetas para
apelarem à reconstrução do Templo?
2 – Fé e unidade nacional…, leigo e sacerdote a formarem
um novo
quadro político; isto afinal é religião ou política?
3 – Porque se atribui a Zacarias o texto de 333,
quando Zacarias
viveu cerca de 200 anos antes?
4 – Onde a base para que tais textos se possam
referir ao judeu
Jesus a quem chamaram de Cristo?
- “Tive uma visão durante a noite. Vi um homem
montado num
cavalo castanho (…) O anjo que falava comigo (…) (1ª visão);
Levantei os olhos e vi quatro chifres. Perguntei ao anjo que falava
comigo (…)
(2ª visão); Levantei os olhos e vi um homem (…)
Então o anjo que falava comigo
(…) Veio ao seu encontro outro
anjo (…) (3ª visão); Javé mostrou-me Josué, o
chefe dos sacerdotes,
parado à frente do anjo de Javé. E Satanás estava de pé,
à direita de
Josué para o acusar. (4ª visão); O anjo que conversava comigo (…)
Vejo um candelabro todo de ouro (…) (5ª visão); Vi um livro a
voar: O anjo que
falava comigo (…) (6ª visão); O anjo que falava
comigo aproximou-se e disse:
Levanta os olhos e vê (…) É uma
vasilha que avança (…) Ergueu-se a tampa de
chumbo e havia
dentro da vasilha uma mulher sentada. O anjo disse: «Ela é a
maldade.» (7ª visão); Levantei os olhos novamente e vi quatro
carros (…)” (8ª
visão) (Zc 1-6)
- São visões que não vale a pena transcrever. E
mesmo as anotações
a estas visões parecem-nos ser um esforço inglório para lhe dar
alguma credibilidade… Que são de difícil interpretação, não há
dúvida. Mas
notemos que as visões são nocturnas, há sempre
um anjo presente e até aparece
Satanás…
A propósito, diz-se: “Satanás desempenha aqui o
papel de promotor de
acusação na sessão celeste; só mais tarde será assimilado
ao Demónio,
espírito do mal, inimigo de Deus e do Homem.” (ibidem)
Não se entende muito bem o que o nosso exegeta quer
dizer com
aquela “sessão celeste”. Que só mais tarde se chame Satanás ao Diabo,
parece-nos irrelevante.
E a maldade, terá sido encarnada por uma mulher por
ser do género
feminino?!…
Em tempo de remate: Que caras, que rostos teriam
aqueles anjos,
aquele Satanás? Como seriam as suas falas? Que voz? Ou continua
tudo sendo simbólico, sem caras, sem rostos, sem vozes, tudo sendo…
figuras de
retórica, para Zacarias apresentar as tais ideias
político-religiosas?
Talvez nos respondam os exegetas: São simbólicas
umas, outras
fundadas na realidade. Josué seria, ali, certamente bem real…
Mas nota-se
que a confusão do real e do metafórico - instalada ao
longo de toda a Bíblia -
continua…
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