domingo, 24 de junho de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 178/?




À procura da VERDADE no livro de JOEL
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- Diz-se na introdução: “Nada sabemos do tempo em que viveu 
o profeta Joel. (…) Mas uma expressão une o livro todo: o dia 
de Javé, isto é, o juízo final. (…) Deste modo, uma praga de 
gafanhotos observada atentamente serviu a Joel para anunciar o 
juízo final.” (ibidem)
- A história do juízo final é uma daquelas histórias cheias de 
mistérios, logo, sujeitas a tantíssimas interpretações, o que 
aconteceu ao longo destes dois mil anos de cristianismo. Que 
veracidade se conterá nela? Lembram-se do ditado medieval 
popular “Aos mil chegarás mas dos mil não passarás?” que se 
transformou, no milénio findo, em “Aos dois mil chegarás mas 
dos dois mil não passarás?” Ora, estamos perante mais uma 
invenção, fruto da imaginação de alguns homens, supostamente 
iluminados ou inspirados, a partir de um qualquer facto 
catastrófico natural, homens que tudo ignoravam acerca da Terra 
e do Universo e da Vida que, de certeza – certeza baseada na 
lei científica das probabilidades – a haverá em abundância por 
tempos e espaços, tempos e espaços que nada nos garante que 
não sejam eternos e infinitos. Mas… vamos ler!
- “Ah! Que dia! De facto, o Dia de Javé está próximo e vem como
 devastação do Todo-poderoso. (…) Farei prodígios no Céu e na 
Terra: sangue, fogo e colunas de fumo. (…) Vou reunir todas as 
nações do mundo, (…) abrirei um processo contra elas, por causa 
de Israel que é meu povo e minha propriedade. (…) Ficareis 
sabendo que Eu sou Javé, vosso Deus, que moro em Sião, meu 
santo monte. E Jerusalém será santa; os estrangeiros nunca mais 
passarão por ela.” (Jl 1,15-3,17)
- Obviamente, tal não aconteceu: Jerusalém foi abandonada logo 
no ano 70, aquando da destruição do Templo pelos romanos e, 
depois, ocupada por muitos povos invasores, sendo palco de 
sangrentos confrontos aquando das cruzadas, na Idade Média. 
Aquele inicial “De facto, o dia de Javé está próximo” é uma 
afirmação totalmente gratuita que o autor deveria ter 
simplesmente transformado em “De facto, parece que…” E a saga 
limitativa de Javé-Israel continua como antes, sem qualquer 
universalismo que os cristãos pretendem dar à Bíblia.
Comenta-se: “Com o julgamento, começa para o povo de Deus 
uma era paradisíaca, cheia de paz e prosperidade. Os últimos 
inimigos foram vencidos e a vida dos mártires inocentes foi 
vingada. Doravante, o povo terá a vida em plenitude, porque 
Javé habitará para sempre no meio dele.” (ibidem)
- A confusão entre o real e o simbólico, presente aliás em todos 
os comentadores bíblicos de índole parcial cristã, permanece. 
“Deus mora em Sião” significa que o “seu povo” cumpre a Lei 
de Moisés? Porque isto de se afirmar uma coisa e depois dizer 
que é símbolo ou fantasia ou… poesia, nada nos aproveita à 
realidade que procuramos e que é a essência da vida! E, se é 
símbolo, caro comentador, que significa a vida paradisíaca, cheia 
de paz e prosperidade? Enfim, onde está a santidade de 
Jerusalém? Nos seus templos? Na sua desgraçada História? 
Na morada de Javé, mais uma vez não real mas simbólica, 
criação certamente da classe sacerdotal para incutir medo-veneração 
ao ignorante povo, levando-o a doar as primícias ao Templo, 
sem protestar, mas com um sorriso nos lábios?
Enfim, o que dizer daquele “folclore” todo de devastação, sangue, 
fogo, fumo e muitas outras megalomanias “inventadas” pelo autor 
para criar um clima de terror e de medo à volta do suposto Juízo 
Final? Que seja um artifício literário, aceita-se. Que seja de 
inspiração divina, não. 

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