terça-feira, 25 de julho de 2017

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 141/?

À procura da VERDADE nos livros Proféticos 

JEREMIAS 1/15

- Lendo a Introdução (ibidem), a impressão é de que não iremos 
mais longe do que com Isaías. A História do povo de Israel está 
presente, condiciona tudo. São factos passados entre 627 e 
586 a.C. - queda de Jerusalém e princípio do exílio na Babilónia. 
A descrença de que haja aqui qualquer coisa de divino é 
incontornável. Mas… sem alternativas, vamos ler.
- “Palavras de Jeremias, filho de Helcias, um dos sacerdotes de 
Hanatot (…). A palavra de Javé foi-lhe dirigida no décimo terceiro 
ano do reinado de…” (Jr 1,1-2)
- A identificação no tempo é perfeita. Mas… porque será a sua palavra, 
palavra de Javé? Porque não simplesmente, a sua visão dos 
acontecimentos que não as suas ideias políticas, aliás como Isaías, 
dizendo-se intérprete de Javé, pondo as suas ideias - que pecado! que 
abuso! que despudor! - na boca de Javé? Um qualquer de nós não 
poderia dizer que é Deus a falar quando exprimimos as nossas 
“sábias” opiniões? Não têm os cientistas ideias brilhantes, decisivas na 
evolução da História? Não são os poetas e artistas inspirados por divinas 
musas? Não é todo o Bom e Belo inspiração de Deus? Não se diz 
que malignas acções e ideias perversas são inspiração do diabo? Onde 
a diferença? Só porque não reclamam - humildemente! - para si, a 
inspiração divina, atribuindo a Deus tais ideias, tais inspirações?
Aliás, comenta-se, a propósito de 1,4-25,38: “Esta parte contém as 
profecias (…) de Jeremias contra o reino de Judá. (…) O tema geral é 
o confronto entre Jeremias e as estruturas sociais decadentes da sua 
época.” (ibidem)
- “Recebi a palavra de Javé que me dizia: Antes de te formar no ventre 
da tua mãe, Eu te conheci; antes que fosses dado à luz, Eu te consagrei 
para fazer de ti profeta das nações. (…) Então Javé estendeu a mão, 
tocou na minha boca e disse-me: Eis que ponho as minhas palavras na 
tua boca.” (Jr 1,5 e 9)
- Claro que tais afirmações não nos merecem qualquer credibilidade! 
A mão, o tocar, as palavras de Javé… é tudo simbólico.
- “Deitavas-te e prostituías-te no alto de qualquer colina mais elevada 
ou debaixo de qualquer árvore frondosa. (…) Como te atreves a dizer 
que nunca te contaminaste, que nunca procuraste deuses estrangeiros? 
(…) Reconhece o que fizeste, camela leviana de caminhos extraviados, 
jumenta selvagem, habituada ao deserto, farejando o vento no calor 
do cio: quem domará a tua paixão? Quem te for procurar não vai ter 
trabalho, pois vai encontrar-te sempre no mês do cio.(…) Prostituíste-te 
com muitos amantes e ousas voltar para Mim? - oráculo de Javé. 
(…) Onde é que não foste desonrada? Como viajante no deserto, 
sentavas-te à beira dos caminhos, à disposição deles (…) Continuaste 
a tua vida de prostituta e nem disso te envergonhaste (…) Viste o que 
fez Israel, essa rebelde? Ela andou por todos os altos montes e 
prostituiu-se à sombra de toda a árvore frondosa. (…) A infiel Judá, 
sua irmã, (…) também ela caiu na prostituição (…) ” (Jr 2-3)
- A obsessão por imagens com conexões sexuais, constante nos autores 
bíblicos, não deixa de nos fazer pensar num certo recalcamento sexual 
destes autores, talvez por tabus intransponíveis para a classe sacerdotal, 
embora houvesse as prostitutas “sagradas”… E, aceitando o simbolismo, 
poder-se-ia perguntar se não haveria modo mais “divino” de exprimir a 
infidelidade de Israel e de Judá…
- “Do Norte vou fazer vir uma desgraça, uma grande devastação. (…) O 
país inteiro vai ser arrasado (…) Eu decidi e não vou arrepender-Me nem 
voltar atrás.” (Jr 4)

- Jerusalém vai ser arrasada… castigada, pelos seus pecados: injustiça, 
não uso do direito, infidelidades a Javé adorando os ídolos. A História é 
real. A interpretação bíblica é religiosa. Que credibilidade merece tal 
interpretação? Porquê acreditar que é castigo de Javé? Todos os povos 
vítimas de guerras e de genocídios foram, são e serão castigados por Javé? 
Castigo dos seus pecados? De certo que não! Então, porquê admitir tal 
com Israel, há dois mil e quinhentos anos? Só porque um Isaías ou um 
Jeremias “profetizou” tal em nome de Javé? Tal como nos anteriores 
supostos profetas, também em Jeremias Javé vai ser a panaceia para 
todas as suas cogitações ou interpretações da História.

1 comentário:

  1. Embora de férias, retomamos, ainda que sem regularidade semanal, a saga da análise crítica da Bíblia. O suposto profeta Jeremias vai, então, fazer-nos companhia...

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