segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

O DOGMA DA IMACULADA CONCEIÇÃO


No dia 8 de Dezembro, celebra-se a festa da Imaculada Conceição de Maria. O dogma, i.é., a afirmação de que Maria, mãe de Jesus, foi concebida sem pecado original, sentença a ter de ser obrigatoriamente aceite por todo o mundo católico, sob pena de excomunhão, foi proclamado pelo Papa Pio IX, a 8 de Dezembro de 1854.
Ora, isto merece-nos algumas considerações:
1 - O dogma foi proferido pela papa, na sua qualidade de “vox infalibilis” (voz infalível), também baseada noutro dogma que, ao tempo estava na forja, o da infalibilidade do papa quando fala “ex-catedra”, supondo-se que esteja sob a acção e inspiração do Espírito Santo, dogma mais tarde publicado pelo mesmo papa, em 1870. Obviamente, a infalibilidade do papa não existe: ele é falível como qualquer humano; e este é o primeiro dogma a ser um total non-sense. O dogma da Imaculada Conceição é outro non-sense, e ainda mais non-sense que o anterior, pois teria que se provar primeiro que houve realmente um pecado original que seria transmitido de geração em geração com os genes dos pais, para que alguém fosse concebido sem ele. O suposto pecado original – eivado de anti-feminismo – foi o cometido por Adão e Eva no paraíso, quando esta deu a comer àquele a maçã proibida. Tal suposto facto de tal suposto pecado, levou a um repúdio ancestral da mulher, a um machismo inveterado, tanto na Bíblia, como posteriormente em práticas medievais, algumas perdurando até aos nossos dias. Além disso, o espermatozóide e o óvulo da união dos quais resultou Maria teriam de já não estar afectados por tal pecado, e não sabemos como é que foram purificados… Logo, tudo não passará de pura invenção fantasista, em épocas medievais, por Maria vir a ser a mãe do filho e Deus, o que, do ponto de vista religioso, até se afigura lógico: como é que uma mulher impura poderia ser mãe de Deus?



2 – Assim, com todo o carinho e respeito que tenho por todas as mães do mundo, obviamente também por Maria, mãe de Jesus, tenho de concluir que, no dia 8, vamos festejar uma inverdade, ou uma falsidade baseada em várias falsidades.
3 – Obviamente, não existiu nenhum pecado original. Aliás, é completamente descabida a ideia de que, pelo facto de Adão e Eva terem pecado, todos os seus descendentes teriam a mesma marca de pecado. Tal ideia coube na cabeça de Paulo e, mais tarde, na de -obtusos medievais que, no entanto, a impuseram à Igreja e esta, até hoje, continua a ensiná-la às crianças na catequese. Uma perversidade e uma desonestidade intelectual! Então, não sabem que não houve nem Adão nem Eva e que o Homem apareceu pela evolução das espécies, como provou Darwin? Se sabem, porque continuam a pregar e ensinar uma total inverdade, baseada num criacionismo romântico, tudo se passando num paraíso inexistente? É que nem pela Fé se consegue explicar tal atitude.
4 – Com a saga da Missão atribuída a Jesus, filho de Maria, de salvar a humanidade e de redimi-la do tal suposto pecado original, deturpando aliás as palavras de Paulo, Rom 5-12 “da mesma forma como o pecado ingressou no mundo por meio de um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte foi legada a todos os seres humanos, porquanto todos pecaram.”, chegou-se a afirmar que “Se por uma mulher veio o pecado ao mundo, por outra – Maria – veio a salvação que é Jesus. O Redentor”, Jesus a quem, sem qualquer fundamento credível, chamaram de Cristo, o Ungido de Deus, o seu próprio Filho. Uma efabulação fantástica, mas óptima para fundamento de uma religião que emergia no seio das diversas seitas judaicas da época e bem aproveitada por Paulo, o grande impulsionador dessa mesma religião.
5 – O dogma da Imaculada Conceição está conluiado com o dogma da Virgindade de Maria, Maria que teve vários filhos além de Jesus. Jesus teria sido concebido por obra e graça do Divino Espírito Santo, como a Igreja continua a ensinar na catequese. Como? – Mistério divino ou… mais uma fantasia imposta aos crentes como verdade!
Conclusão: se a Fé não pode explicar tudo, também não deve aceitar tudo. Tem de haver um pouco de razoabilidade e de humanidade: o Homem, por ser crente, não pode ser enganado com fantasias que alguns conjecturaram, ao longo dos tempos.
No entanto…
BOAS FESTAS! Qualquer festa é boa pois a vida é para se viver em FESTA, SORRINDO!

1 comentário:

  1. Pensamento da semana:

    Se a única e absoluta certeza que o Homem tem é a de que a vida é efémera e, se um dia começou, noutro irá inevitavelmente acabar, sem deixar qualquer rasto…, porque vive como se esta vida fosse eterna, vivendo para “comer”, na contínua ganância do TER, e não “come” para viver, na alegria de SER?

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