À procura da
VERDADE nos livros Sapienciais
O ECLESIÁSTICO – 8/15
- “Meu filho, pecaste? Não tornes a pecar e pede
perdão (…)” (Eclo 21,1)
- Não se percebe o que é, para o autor, pecado. Mas
diz o “nosso” comentador: “A ruína do pecador provém
de Deus que ouve o clamor
do pobre e faz justiça.”
(ibidem). Não podemos concordar! É que, se a alguns
“pecadores” a própria vida se encarrega - mão de Deus?! - de
fazer justiça e
dar o merecido castigo, a outros só acontecem
benesses e riquezas. E, como não
há o tal inferno para se fazer
justiça, esta ficará eternamente por se cumprir.
A solução
estará no Homem e na sua capacidade de construir sociedades
justas e
equilibradas.
- “O preguiçoso é como uma pedra cheia de lodo (…) é
semelhante
a um monte de esterco (…) Filho mal educado é vergonha para
o pai e
se for uma filha, a desgraça é ainda maior (…)
(Eclo 22 1-3)
- Comenta-se a propósito: “O autor segue certa
tradição
cultural (…) e resvala para o antifeminismo (…)” (ibidem)
É estranho
este comentário, pois afasta qualquer inspiração
provinda de Deus, ao
atribuí-la à tradição. Acutilante é a
comparação do preguiçoso com um monte de
esterco…
- “Meus filhos, procurai disciplinar a boca (…) Não
te
acostumes a fazer juramentos (…) Não te acostumes a dizer
vulgaridades
grosseiras (…) Lembra-te do teu pai e da tua
mãe (…) (Eclo 23,7-14)
- Apenas… normas de boa educação! Ao lermos a Bíblia,
temos o pressentimento de que estamos perante uma bela
catedral que, elegante,
se eleva para os céus densos de nevoeiro.
A Terra é realmente o seu mundo. E
nada mais que a Terra!
Os autores, apenas pensadores, cremos que honestos,
cheios
de dúvidas uns, como nós, imaginativos outros, criadores
de imagens e de
sonhos, historiadores alguns, misturando
o mito e a História, poetas, exímios
contadores de histórias,
colectores de máximas e provérbios provindos de
culturas
ancestrais, ensinamentos, experiências de todo um povo… A
Bíblia
revela-se tudo isto e… só isto! Tantas perguntas que
poderíamos formular! Mas
apenas duas: “Porquê é Deus que
fala a Moisés para libertar o povo do Egipto e
não é simplesmente
a habilidade do estratega que era Moisés que o inspira”?
“Porquê
foi Deus que deu o decálogo a Moisés no Monte
Sinai e não foi o Código de
Hamurabi, anterior de vários
Tanto nevoeiro que inunda os alicerces em que assentam a nossa
querida religião
católica, Santo Deus! Não há dúvida: atribuir
a Bíblia a inspiração divina é
pura fantasia quando não
demagogia e por interesses políticos (“domesticação”
de um
povo) e de poder temporal. Realmente, todos nós quiséramos
coisas claras,
que Deus realmente se revelasse a toda a gente,
como o Ser que dizem que Ele é,
e nos mostrasse o Reino dos
Céus, que é Ele mesmo, onde nos abrigaríamos no
final dos
nossos dias de vida terrena!… Ora esse Deus não se revela,
logo, não
existe! Ninguém diga que Ele fala e que somos nós
que não O queremos ouvir,
ver, sentir. Não! Quem não quisera?!
Se os Homens sabem como explicar, tornar
claras as coisas a
qualquer néscio que não compreende o evidente, quanto mais
Deus?! Assim, sem nenhuma certeza acerca de Deus, ficamos
sem nada a que nos
agarrarmos para além desta vida tão efémera,
mas a única que temos a certeza de
ter, embora desejando
uma eternidade inexistente… O resto…, apenas palavras!
Mesmo que, mais
tarde, venham da boca de um Jesus a quem
chamaram de Cristo, sem qualquer fundamento!
De eterno,
NADA! Um grandíssimo NADA! De qualquer modo, a esta
nossa vida que
se escoa inexoravelmente a cada momento
que passa, sem hipótese alguma de
qualquer retorno, temos
de… SORRIR, deleitando-nos com tanto que há de BOM,
tanto que há de BELO!
Importante pormenor: Deus é aqui o Deus da Bíblia
(Javé), o
Deus de todas as religiões, um Deus construído pelo Homem à
sua
imagem e semelhança. Repetimos: o único Deus possível
ou a única concepção
possível de Deus – ver Einstein e
Spinoza – é considerá-lo o TODO ABSOLUTO ONDE TUDO SE
INTEGRA,
NO TEMPO E NO ESPAÇO, POR E PARA SER INFINITO
E ETERNO.
Pensamento da semana:
ResponderEliminarComo entender que seja intelectualmente honesto o teólogo que, em vez de questionar a credibilidade das origens da sua religião, a aceita sem mais, tudo construindo a partir de uma suposta verdade, uma verdade inexistente por não ter provas que a sustentem?