domingo, 6 de novembro de 2016

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 113/'

À procura da VERDADE nos livros Sapienciais 


O ECLESIÁSTICO – 5/15


-… “O princípio de todo o pecado é o orgulho. (…) Não te 
consideres sábio (…), conserva a tua honra com modéstia (…), 
não elogies um Homem pela sua beleza (…), não te envaideças 
com as roupas que usas (…), não critiques antes de verificar (…), 
não respondas antes de ter ouvido (…), não te ocupes com 
demasiadas tarefas (…). Há quem enriqueça à custa de privações 
e economias (…); quando pensa que já pode descansar e 
aproveitar os seus bens, não sabe que vai chegar o tempo de 
morrer e deixar tudo para os outros.” (Eclo 10,6-28; 11,2-19)
- Tudo… verdade para uma boa conduta de vida! O último 
lamento já o disseram Job e Coélet, no Eclesiastes. Ah, se todos 
os Homens inteligentemente se convencessem de que vão cá 
deixar tudo, no momento da partida… Seriam muito mais felizes
e mais justos para com o próximo, porque não seriam escravos 
da sua ambição desmedida.


- “Se fizeres o bem sabe a quem e assim terás recompensa pelos 
benefícios que fizeste. (…) Faz bem ao pobre mas não dês nada 
ao injusto. Recusa dar-lhe pão e não o ajudes em nada (…) O 
próprio Altíssimo detesta os pecadores e inflige aos injustos o 
castigo que eles merecem.” (Eclo 12,2-6)
- Jesus Cristo corrigirá: “Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu 
próximo e odiarás o teu inimigo! Eu porém, digo-vos: Amai os 
vossos inimigos (…) Assim, tornar-vos-eis filhos do Pai que está 
no Céu, porque Ele faz nascer o Sol sobre maus e bons e cair a 
chuva sobre justos e injustos. Pois se amais somente aqueles que 
vos amam, que recompensa tereis?” (Mt 5,43-46) Quase que nos 
apetecia dizer que, em 200 anos, Deus mudou de ideias!… Aliás, 
que pensaria realmente Jesus das Escrituras? Que lhe aconteceria 
se dissesse, por exemplo: “A vossa Bíblia pouco vale porque 
proclama o ódio e a ira de Deus, quando Deus é Amor; 
considerai-a, pois, apenas o livro que narra a nossa História, como 
povo, uma colecta de pensamentos e vivências colhidos ao longo 
dessa mesma história.”? – Seria, de certeza, morto logo ali, antes 
que proferisse mais palavras!…
- Voltemos ao Eclesiástico: “O amigo não se revela na prosperidade (…) 
Quando alguém cai em desgraça, até o amigo se afasta.” (Eclo 12,8-9)
- Contraditório? É que é na desgraça que o verdadeiro amigo se revela!
- “O rico comete injustiça e ainda ameaça; o pobre é maltratado e 
ainda tem de pedir desculpa. (…) Quando o rico comete um erro, 
muitos defendem-no (…) Quando o pobre erra, todos o condenam.” 
(Eclo 13,3 e 22)
- Que triste verdade! Tem mesmo de haver inferno para esses 
ricos…, para toda esta injustiça! Infelizmente, tal como o Paraíso, 
o Inferno pertence ao domínio da fantasia e da utopia!
- “Quem é mau consigo mesmo, com quem será bom? (…) Não te 
prives de um dia feliz nem deixes escapar um prazer legítimo. 
Acaso não vais deixar para outros o fruto das tuas fadigas e não vai 
ficar para os herdeiros o fruto dos teus sacrifícios? Dá e recebe, 
diverte-te, porque no mundo dos mortos não existe alegria.” 
(Eclo 14,5 e 14-16)

- Que humano este autor “divino”! Mas… onde está para ele a 
eternidade? Onde a recompensa eterna para o pobre, o sábio, o justo? 
Onde… o divino? Esqueceu-se, o coitado! Ou então - perdoem-nos a 
heresia! - Deus retirou-lhe, aqui e por momentos, a sua inspiração! O 
mesmo acontecera certamente a Job e Coélet que, neste excerto, estão 
bem presentes com as suas dúvidas existenciais…

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