terça-feira, 17 de maio de 2016

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 98/?

À procura da VERDADE
nos LIVROS SAPIENCIAIS e POÉTICOS 

 ECLESIASTES (ou Coélet) – 5/5

- “ (…) O dia da morte é melhor que o dia do nascimento (...) pois 
aquele faz reflectir os vivos. É melhor a tristeza que o riso (…)” 
(Ecl 7,1-3)
Não! Totalmente em desacordo! O pensamento da morte só nos deve 
levar a tirar o melhor partido da vida! E o riso… sempre! A tristeza… 
nunca! Aqui, o Deus inspirador estava de mau humor!
- “Não te irrites facilmente porque a irritação abriga-se no peito dos 
insensatos.” (Ecl 7,9)
 Claro: quem se irrita perde, para sempre, momentos de viver feliz.
- “Vi o justo perecer apesar da sua justiça e o injusto viver 
longamente apesar da sua injustiça. Não sejas demasiadamente justo 
nem te tornes sábio demais. Para quê arruinares-te? Não sejas 
demasiadamente injusto nem te tornes insensato. Para que irias morrer 
antes do tempo?” (Ecl 7,15-17)
Lá que o “injusto” tenha melhor vida que o “justo”, é bem visível por 
esse mundo fora! Agora, que ser justo ou injusto tenha limites de 
conveniência, talvez seja calculismo a mais e, obviamente, muito pouco 
divino…
- “Apliquei-me de novo a conhecer (…) a sabedoria (…). Então, descobri 
que a mulher é mais amarga do que a morte, porque é uma armadilha, o 
seu coração é uma rede e os seus braços são cadeias. Quem agrada a 
Deus conseguirá fugir dela, mas o pecador será apanhado por ela. 
(Ecl 7,25-26)
Também tu, Coélet? Também tu te manifestas tão machista, esquecendo-te 
completamente que andaste nove meses no ventre de uma mulher, a tua 
mãe? Certamente, tiveste alguma paixão totalmente frustrada ou… 
eras do “outro” grupo! É que te esqueceste do prazer que é fazer amor, 
para além do comer e do beber que atrás apregoaste! Que pena! Aqui 
até o “nosso” comentador teve de desabafar: “A observação sobre a 
mulher é típica de uma sociedade patriarcal machista.” E nós de perguntar: 
“Não é Coélet um autor sagrado? Como pôde Deus inspirar tal 
machismo?” - perdoe-se-nos a pergunta eivada de total ironia…
- E o machismo mesquinho e parcial persiste: “Pesquisei e (…) entre mil 
consegui encontrar um homem, mas entre as mulheres não encontrei 
nenhuma.” (Ecl 7,28) Simplesmente intolerável!
- “Ninguém é capaz de dominar a sua própria respiração (…)” (Ecl 8,8)
Tal como não dominamos o bater do nosso coração, o nosso metabolismo, 
o nosso reproduzir de células, o nosso caminhar para a degradação. Tudo 
está dentro e tão fora de nós!… É a dependência total ou quase do 
desconhecido. Afinal, quão pouca é a nossa propalada liberdade!
- “O pecador sobrevive mesmo que cometa cem vezes o mal (…). Não 
haverá nenhuma felicidade para o injusto (…) porque não teme a Deus.” 
(Ecl 8,12-13)
É, pelo menos, contraditório. E, olhando à nossa volta, totalmente falso!
- “ (…) Eu exalto a alegria porque não existe felicidade para o Homem 
debaixo do Sol, além de comer, beber e alegrar-se.” (Ecl 8,15)
Continua contradizendo-se com o dito anteriormente e… a insistir 
no prazer dos sentidos. É a total desconfiança de que a eternidade exista! 
Uma decepção divina!
- “O mal que existe em tudo o que se faz debaixo do Sol é o facto de todos 
terem o mesmo destino.” (Ecl 9,3)
Realmente, se todos temos o mesmo destino, porquê ser justo, sábio, bom, 
sensato? Mas serão estas palavras de inspiração divina? Até para se viver 
melhor esta vida - que é a certa! – é bom ser-se bom, justo, sábio, sensato, 
não é?!…
- “ (…) Os mortos (…) o seu amor, ódio e ciúme desaparecerá com eles.” 
(Ecl 9,6).
 Desaparecerá? Sem certezas do Além, obviamente que sim.
- “Portanto, vai, come o teu pão com alegria e bebe o teu vinho com 
satisfação (…) Goza a vida com a esposa que amas (…) Tudo o que 
puderes fazer, fá-lo enquanto tens forças (…)” (Ecl 9,7-10)
Interessante: também, pela mesma época, em Atenas, Epicuro diria o mesmo. 
A diferença é que o apelo aqui é o dos sentidos mas… dentro da 
sensatez, não enveredando por desregramentos… E aquela “esposa que 
amas” será, certamente uma mulher “aproveitável” em mil!
- “Doce é a luz e agradável para os olhos ver o Sol (…). Jovem, alegra-te (…) 
sê feliz (…); segue os impulsos do teu coração e os desejos dos olhos (…). 
Expulsa a melancolia do teu coração (…) Lembra-te do teu Criador (…) antes 
que cheguem os anos em que dirás: «Já não sinto prazer em nada. (…)» É 
porque o Homem já está a caminho da sua morada eterna (…) Então, o pó 
volta para a terra de onde veio e o sopro da vida retorna para Deus que o 
concedeu.” (Ecl 11,7-10 e 12,1-7).

É o convite final ao fruir da vida até ao limite. Tal como nós pensamos. 
Que somos pó, já o sabemos. Que a vida vem de Deus e para Ele 
voltará, já é… mistério! Mas… que poderíamos dizer, terminando, desta 
filosofia de vida tão… tão realista, em que Deus tem um papel quase 
irrelevante, a eternidade praticamente não existe e a vida se resume ao 
comer, beber e… ser feliz, em suma, ao todo-poderoso PRAZER? Ah, 
como é bom SORRIR, ao terminar a leitura deste belo livro certamente 
inspirado, não por Deus, mas pelo realismo da VIDA humana!

1 comentário:

  1. Antes de começar a análise crítica do "livro dos livros" da Bíblia, o "Cântico dos Cânticos", faremos uma referência ao fenómeno Fátima, já aqui criticado por continuar a ser uma farsa bem arquitectada e bem alimentada pela Igreja católica, desde o Papa aos bispos e sacerdotes de Portugal.

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