À procura da VERDADE
nos LIVROS
SAPIENCIAIS e POÉTICOS
ECLESIASTES (ou Coélet) – 5/5
- “ (…) O dia da morte é melhor que o dia do nascimento (...) pois
aquele
faz reflectir os vivos. É melhor a tristeza que o riso (…)”
(Ecl 7,1-3)
Não! Totalmente em desacordo! O pensamento da morte só nos deve
levar a
tirar o melhor partido da vida! E o riso… sempre! A tristeza…
nunca! Aqui, o
Deus inspirador estava de mau humor!
- “Não te irrites facilmente porque a irritação abriga-se no peito dos
insensatos.” (Ecl 7,9)
Claro: quem se irrita perde, para
sempre, momentos de viver feliz.
- “Vi o justo perecer apesar da sua justiça e o injusto viver
longamente
apesar da sua injustiça. Não sejas demasiadamente justo
nem te tornes sábio
demais. Para quê arruinares-te? Não sejas
demasiadamente injusto nem te tornes
insensato. Para que irias morrer
antes do tempo?” (Ecl 7,15-17)
Lá que o “injusto” tenha melhor vida que o “justo”, é bem visível por
esse mundo fora! Agora, que ser justo ou injusto tenha limites de
conveniência,
talvez seja calculismo a mais e, obviamente, muito pouco
divino…
- “Apliquei-me de novo a conhecer (…) a sabedoria (…). Então, descobri
que a mulher é mais amarga do que a morte, porque é uma armadilha, o
seu coração
é uma rede e os seus braços são cadeias. Quem agrada a
Deus conseguirá fugir
dela, mas o pecador será apanhado por ela.
(Ecl 7,25-26)
Também tu, Coélet? Também tu te manifestas tão machista, esquecendo-te
completamente que andaste nove meses no ventre de uma mulher, a tua
mãe?
Certamente, tiveste alguma paixão totalmente frustrada ou…
eras do “outro”
grupo! É que te esqueceste do prazer que é fazer amor,
para além do comer e do
beber que atrás apregoaste! Que pena! Aqui
até o “nosso” comentador teve de desabafar:
“A observação sobre a
mulher é típica de uma sociedade patriarcal machista.” E
nós de perguntar:
“Não é Coélet um autor sagrado? Como pôde Deus inspirar tal
machismo?” - perdoe-se-nos a pergunta eivada de total ironia…
- E o machismo mesquinho e parcial persiste: “Pesquisei e (…) entre mil
consegui encontrar um homem, mas entre as mulheres não encontrei
nenhuma.” (Ecl
7,28) Simplesmente intolerável!
- “Ninguém é capaz de dominar a sua própria respiração (…)” (Ecl 8,8)
Tal como não dominamos o bater do nosso coração, o nosso metabolismo,
o
nosso reproduzir de células, o nosso caminhar para a degradação. Tudo
está
dentro e tão fora de nós!… É a dependência total ou quase do
desconhecido.
Afinal, quão pouca é a nossa propalada liberdade!
- “O pecador sobrevive mesmo que cometa cem vezes o mal (…). Não
haverá
nenhuma felicidade para o injusto (…) porque não teme a Deus.”
(Ecl 8,12-13)
É, pelo menos, contraditório. E, olhando à nossa volta, totalmente falso!
- “ (…) Eu exalto a alegria porque não existe felicidade para o Homem
debaixo do Sol, além de comer, beber e alegrar-se.” (Ecl 8,15)
Continua contradizendo-se com o dito anteriormente e… a insistir
no
prazer dos sentidos. É a total desconfiança de que a eternidade exista!
Uma
decepção divina!
- “O mal que existe em tudo o que se faz debaixo do Sol é o facto de
todos
terem o mesmo destino.” (Ecl 9,3)
Realmente, se todos temos o mesmo destino, porquê ser justo, sábio, bom,
sensato? Mas serão estas palavras de inspiração divina? Até para se viver
melhor
esta vida - que é a certa! – é bom ser-se bom, justo, sábio, sensato,
não é?!…
- “ (…) Os mortos (…) o seu amor, ódio e ciúme desaparecerá com eles.”
(Ecl 9,6).
Desaparecerá? Sem certezas do
Além, obviamente que sim.
- “Portanto, vai, come o teu pão com alegria e bebe o teu vinho com
satisfação (…) Goza a vida com a esposa que amas (…) Tudo o que
puderes fazer,
fá-lo enquanto tens forças (…)” (Ecl 9,7-10)
Interessante: também, pela mesma época, em Atenas, Epicuro diria o mesmo.
A diferença é que o apelo aqui é o dos sentidos mas… dentro da
sensatez, não
enveredando por desregramentos… E aquela “esposa que
amas” será, certamente uma
mulher “aproveitável” em mil!
- “Doce é a luz e agradável para os olhos ver o Sol (…). Jovem, alegra-te
(…)
sê feliz (…); segue os impulsos do teu coração e os desejos dos olhos (…).
Expulsa a melancolia do teu coração (…) Lembra-te do teu Criador (…) antes
que
cheguem os anos em que dirás: «Já não sinto prazer em nada. (…)» É
porque o
Homem já está a caminho da sua morada eterna (…) Então, o pó
volta para a terra
de onde veio e o sopro da vida retorna para Deus que o
concedeu.” (Ecl 11,7-10
e 12,1-7).
É o convite final ao fruir da vida até ao limite. Tal como nós pensamos.
Que somos pó, já o sabemos. Que a vida vem de Deus e para Ele
voltará, já é…
mistério! Mas… que poderíamos dizer, terminando, desta
filosofia de vida tão…
tão realista, em que Deus tem um papel quase
irrelevante, a eternidade
praticamente não existe e a vida se resume ao
comer, beber e… ser feliz, em
suma, ao todo-poderoso PRAZER? Ah,
como é bom SORRIR, ao terminar a leitura
deste belo livro certamente
inspirado, não por Deus, mas pelo realismo da VIDA
humana!
Antes de começar a análise crítica do "livro dos livros" da Bíblia, o "Cântico dos Cânticos", faremos uma referência ao fenómeno Fátima, já aqui criticado por continuar a ser uma farsa bem arquitectada e bem alimentada pela Igreja católica, desde o Papa aos bispos e sacerdotes de Portugal.
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