À procura da Verdade nas Cartas de Paulo – 403/?
Segunda Carta aos
Coríntios – 1/1
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“Sabemos que Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos ressuscitará com
Jesus e nos colocará ao lado d’Ele.”, “Não procuramos as coisas visíveis mas as
invisíveis, porque as visíveis duram apenas um momento e as invisíveis duram
para sempre.”, “Nós sabemos que quando a nossa morada terrestre for desfeita,
receberemos de Deus uma habitação no Céu, uma casa eterna…” (4, 14 e 18, /5, 1)
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De seguida, depois do delírio que foi o seu suposto encontro na estrada para
Damasco com o Jesus ressuscitado (“Salo, Salo, porque me persegues?”), descreve
Paulo mais uma visão da Transcendência:
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“Embora não convenha, vou mencionar as visões e revelações do Senhor. Conheço
um homem (ele) que foi arrebatado ao terceiro céu. Se estava no seu corpo ou
não, não sei… Sei que foi arrebatado até ao paraíso e ouviu palavras inefáveis
que não são permitidas ao homem repetir.” (12, 2-4)
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Tais visões – visões que de qualquer modo mudaram a sua vida – terão sido fruto
da sua propensão para ataques de epilepsia, doença de que, ao que se diz,
sofria.
A
ideia da vida eterna e da ressurreição veio dar ao Humano uma visão
completamente diferente da anterior hedonista/materialista: nascer, viver o
melhor possível e morrer, desaparecendo para sempre – tal era o que se
constatava no dia-a-dia da cidade e da família.
E se trouxe imensos benefícios, levando as pessoas a cometer menos crimes e menos “pecados” para não irem eternamente para o inferno, não evitou tremendas atrocidades de uns contra os outros, egoísmos e sadismos sobrepondo-se ao amor, à misericórdia, à solidariedade/caridade.
E foi a separação do papado dos
ortodoxos, e foram as cruzadas contra os muçulmanos, e foi o cisma com papas em
Roma e Avignon, e foram os escândalos quer com a venda das indulgências – o que
levou Lutero a criar o protestantismo – quer com os desmandos na Cúria com
papas devassos e eleitos por compadrio, e foi a guerra dos cem anos, e foi a “santa”
Inquisição, com invenção de torturas que só um cérebro extraordinariamente perverso
consegue criar e, pior, pôr em prática, e foi o não acabar com a escravatura que
vinha dos séculos passados, e foi a ida forçada para os conventos de homens mas
sobretudo mulheres, etc. etc. etc. Neste contexto, há que louvar o judeu Jesus,
a quem chamaram de Cristo, por ter tido a coragem de dizer que todos os homens
eram iguais porque todos filhos do mesmo Pai que está nos Céus. E, se por um
lado, isto contribuiu para a sua morte, por outro, levou à aceitação por muitos
populares da nova religião nascente, apontando para um Céu idílico, por toda a
eternidade, a quem acreditasse na sua mensagem…
Ora,
sabemos que não há vida eterna nenhuma; sabemos que a ressurreição não é
possível a qualquer ser vivo que tenha completado o seu ciclo. Então, porque
continuam as igrejas a apregoar todas estas falsidades? – A resposta nem é
difícil; “No dia em que deixarem de o pregar, acabam!” Mais: e a pregar aquilo
– porque os consideramos inteligentes e com capacidade crítica/analítica – de
que não estarão convencidos… Incapacidade ou hipocrisia?!
Mas,
claro, não nos podemos esquecer das obras sociais das Igrejas, a elas devendo
muitas pessoas a sobrevivência em tempos de crise, de fome e de falta de
conforto no corpo e na alma. E, aqui, infelizmente, também temos de lembrar os
abusos cometidos por responsáveis dessas obras sobre os seus beneficiários,
sendo escandalosos os abusos sexuais sobre crianças indefesas física e
psicologicamente.
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