À procura da VERDADE nos Evangelhos
Evangelho segundo S. JOÃO – 71/?
– Sempre o mesmo dilema-nonsense:
Não conseguimos falar de Deus
sem ser à nossa maneira humana. Jesus também “caiu no erro” de nos apresentar
um Deus-Pai tão humano ou humanizado a querer isto e aquilo, a ordenar isto e
aquilo, a ter uma vontade que era necessário que Ele cumprisse, a ter Ele de
obedecer, a ter alegrias e tristezas… que pouco nos restou do Deus-Deus que
realmente não pode estar sujeito a estas “limitações” ou coisas próprias não de
Deus mas do Homem!… E perguntaríamos, talvez repetindo-nos: “Porque é que Jesus
não nos apresentou Deus realmente acima de qualquer prerrogativa humana?
Porquê? Não no-Lo faria muito mais credível?”
– Seria! Seria um grande espectáculo!
Seria a apoteose final da vinda do Filho de Deus à Terra, que bem merecia
melhor do que umas quantas aparições a uns quantos discípulos só para os
confirmar na Fé… e os enviar a pregar a Boa Nova: “«Assim como o Pai Me enviou
assim Eu vos envio a Vós.»” (Jo 20,21)
E então, todos tendo visto o
Cristo ressuscitado, fariseus, sumos-sacerdotes, todos os Pilatos daquele
tempo, destes tempos, todas as multidões, toda a gente que houvera visto, seria
um discípulo de Jesus que espalharia pelo mundo inteiro a sua mensagem de amor,
sem recorrer ao martírio daqueles discípulos que, tendo sido os únicos - sem
contar com as felizes Madalenas que tiveram o privilégio de serem as primeiras!
- a verem Jesus ressuscitado, foram supostamente incumbidos de tal missão!
(Pelo menos, eles assim o pensaram, coitados!)
É que eles foram mortos e
sacrificados só por anunciarem um Cristo crucificado que morreu incompreendido
por quase todos aqueles afinal para quem Ele dissera que o Pai O enviou… Como
se alteraria a História! Como seria uma História muito mais fraternal, humana,
sem sofrimento, perseguições, martírios absolutamente inúteis de tantos e
tantas que foram sacrificados no tronco ou metidos em conventos!… Pois já que a
paixão e morte de Jesus Cristo não pôde ser evitada para cumprir as Escrituras,
ao menos evitar-se-iam as mortes e torturas a que foram sujeitos os seus
discípulos!… Tanto sangue derramado inutilmente! Tanto, tanto, tanto!… Não só
naquele tempo, mas em todos os tempos! Com e sem Igreja ou ainda mais com esta!
– Não sei! Não sei se aqueles
não teriam de sofrer tais suplícios, exactamente para cumprirem outras
Escrituras, agora não as inspiradas por Javé-Deus no A.T., mas as próprias
palavras de Jesus, referindo-se aos discípulos: “Vou enviar-vos para o meio de
lobos… O servo não é mais do que o seu patrão nem o discípulo maior que o seu
mestre. Por isso sofrereis perseguições, sereis maltratados e mortos por causa
do meu Nome.” (Mt 10,16-25)
– Oh, abomináveis Escrituras!
Abomináveis palavras de Javé-Deus ou de… Jesus Cristo! - perdoem-nos também
mais esta heresia!
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