As três Verdades do Natal
Pelo ano 6 antes de Cristo, em Belém, nasceu dos pais Maria e
José, vindos de Nazaré da Galileia para o recenseamento, um menino a quem
puseram o nome de Jesus.
Ao chegar à idade adulta, Jesus revelou-se um homem com
capacidades extraordinárias, um bom coração e uma mente inconformada com a
sociedade político-religiosa com que se deparou. Resolveu, então, remar contra
a maré, atacando a hipocrisia dos mandantes religiosos do povo: sacerdotes,
escribas e fariseus, mas furtando-se a confrontos de ordem política, já que
percebeu que nada poderia fazer contra o poderoso jugo romano a que o povo
estava sujeito.
O resto da história não importa para o Natal.
Segunda Verdade (mítico-histórica):
Uma façcão religiosa, entre as várias da altura, talvez derivada
dos Essénios, perante a doutrina pregada, onde sobressaía a fraternidade
universal e a igualdade entre todos os humanos, pois todos filhos do mesmo
Deus-Pai, e as atitudes tomadas por Jesus, resolveram divinizá-lo, torná-lo
Filho de Deus, chamando-lhe Cristo – o Ungido, o Primogénito, o Messias
prometido – fazendo dele a base de uma nova religião, a futura religião cristã.
Para tal, era necessário dar corpo a uma história razoavelmente
credível de Jesus, quer da vida, quer da pregação.
Surgiram, então, os evangelistas, bem como os escritores de cartas
às comunidades que entretanto se iam formando, sendo alguns apóstolos dos doze que
Jesus havia escolhido para o seguirem, juntando-se-lhes Paulo, um outsider, mas o mais importante deles,
por ser o real mentor-impulsionador-criador da chamada teologia cristã.
Assim, o evangelista Lucas, médico e discípulo de Paulo, decidiu criar a história do nascimento e primeiros anos da vida de Jesus, inspirando-se nas histórias, mais ou menos românticas, mais ou menos dramáticas do nascimento dos deuses antigos, nomeadamente os deuses solares hindus, egípcios e gregos.
O romantismo está manifesto no estábulo onde terá nascido por não
haver lugar na estalagem, na estrela que poisou sobre a cabana, nos pastores
que vieram dos campos onde pernoitavam, ao relento – o que faz lembrar que
Jesus não terá nascido em Dezembro, mas em meses de Primavera – do cântico dos
anjos que anunciaram o acontecimento aos mesmos pastores, isto, já depois, da
anunciação feita pelo anjo a Maria da sua gravidez, sem ter "conhecido" homem, tendo concebido pelo Espírito Santo,
pondo-se o real marido, José, um excelente carpinteiro, como pai adoptivo da
criança.
Como teria de haver dramatismo na história, segue-se a perseguição
do Rei Herodes, a fuga para o Egipto e a matança dos inocentes, terminando Lucas
esta romântico-dramática história do nascimento e infância, com a cena de
Jesus, já com doze anos, a discutir a Bíblia, com os sacerdotes do Templo.
Terceira Verdade (do presente):
O Natal é hoje uma das festas mais celebradas em todo o mundo,
mesmo por povos não cristãos, reunindo para além da valência religiosa, cada
vez menos importante e impactante – embora as igrejas ainda se encham para a
missa da meia-noite – a valência da celebração da família e a do consumismo
próprio da época, fazendo a delícia dos comerciantes de bugigangas que os pais
compram para encharcarem de presentes os seus filhos, juntando-se os muitos
presentes que se oferecem uns aos outros.
Um ESCÂNDALO, este NATAL, apesar das muitas iniciativas de solidariedade para com os mais pobres! Quando em tantas partes do mundo se
morre de fome, de frio e de sede, na civilização dita judaico-cristã, construtora
de um capitalismo selvagem, sendo o mundo governado por homens maus que sujeitam
as sociedades à tirania dos sistemas económico-financeiros, não sendo capazes
de evitar que tantos causem sofrimento nos seus semelhantes, sobretudo em mulheres
e crianças, aquelas obrigadas a ter deles filhos que não queriam por n
razões…, celebra-se a pornografia do desenfreado desperdício…
Enfim, viva o Natal e cantemos as suas belas melodias, com um largo sorriso!
A TODOS, UM BOM NATAL!
Muitos são os votos de BOAS FESTAS E FELIZ NATAL que recebemos. De todos os conhecidos e amigos. Mas tais votos nada adiantam aos que estão sofrendo no corpo e na alma, não sabendo o rumo que vão dar à vida ou como aguentar a que estão vivendo dramaticamente. É que não é por ser NATAL que os homens mudam, a Natureza muda, as doenças acabam, os dramas acontecem. Mas... VIVA O NATAL!
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