À procura da VERDADE nos Evangelhos
Evangelho segundo S. JOÃO – 42/?
– A mensagem é bonita! Servir…
Mas… quem não preferirá ser servido a servir?!…
No entanto, parece que o Céu
é muito mais para os que servem do que para os que são servidos…
Só não se percebe porque é
que Jesus refere que o servo não é maior que o senhor. Parece óbvio. Divino
seria dizer: “Perante Deus, o senhor não é maior que o servo e aquele que envia
não é maior que o mensageiro.” A lógica humana ficaria, assim, abalada pela
lógica… divina!
– E voltamos de novo, às palavras
enigmáticas: “«Eu conheço aqueles que escolhi mas é preciso que se cumpra o que
está na Escritura: ‘Aquele que come o pão comigo é o primeiro a trair-me!’ Digo
isto agora antes que aconteça para que, quando acontecer, acrediteis que Eu
Sou. Garanto-vos: quem recebe aquele que Eu envio, recebe-Me a Mim e quem Me recebe
recebe aquele que Me enviou.» Depois de dizer estas coisas, Jesus ficou
profundamente comovido e disse com toda a clareza: «Garanto-vos que um de vós
vai trair-Me.» (…) É aquele a quem Eu vou dar o pedaço de pão que estou
ensopando no molho.» Então pegou no pedaço de pão ensopado e deu-o a Judas,
filho de Simão Iscariotes. Logo que Judas comeu o pedaço de pão, Satanás
apoderou-se dele. E Jesus disse-lhe: «Faz depressa o que pretendes fazer.»”
(Jo,13,18-27)
– Judas, a julgar pelos
Evangelhos e pelas palavras do próprio Jesus Cristo, teve um destino de azar:
“escolhido” desde todo o sempre para ser discípulo de Jesus e “poder” assim ser
o seu traidor, “ajudando” Deus-Pai ao cumprimento das Escrituras. A pergunta é
sempre incontornável: “Se Judas não tivesse existido, acaso as Escrituras se
teriam cumprido? Ou, dito de outro modo, não foram as Escrituras que
“obrigaram” Judas a existir e a atraiçoar?” Ou ainda, mais perfidamente e mais
cinicamente: “Se Jesus já sabia que Judas o iria trair, porque o escolheu como
discípulo?” Não o tivesse escolhido e tudo ficaria na paz do Senhor! Ou teria
de haver sempre um Judas qualquer?!…”
Mais uma vez, Jesus evoca a
Escritura. Que respeito! Que obediência! Mas a frase poderia aplicar-se a
qualquer tipo de traição: de um amigo, de um filho, de um parente, de um sócio…
que partilhasse o mesmo pão e depois… Nunca saberemos porque é que Jesus,
evocando o Pai, se deixa fazer vítima da Escritura! Nunca!…
Estranho! Estranho que Jesus
ainda evoque, perante os discípulos, este seu milagre-profecia de indicar
previamente quem o iria trair, para que, quando se realizasse, eles
acreditassem que Ele era Deus! Então, todos os outros milagres muito mais
espectaculares não foram suficientemente convincentes? Como poderemos deixar de
perguntar: “Se não foram totalmente convincentes para quem viu, como quer Jesus
que nós, sem vermos nem um deles, acreditemos nele?”
E novamente, receber o Filho
será a mesma coisa que receber o Pai!… Alguém entendeu? Alguém entende?…
E ainda apressa Judas a fazer
aquilo que tem de fazer… a mando das Escrituras!… Pobre Judas! Porque não
sentiu Jesus compaixão por ele? Porque não o ajudou a ultrapassar a sua vontade
de ter umas trinta moedas de prata… ali brilhando nas suas mãos gulosas de
dinheiro?…
Não! Não voltemos à “heresia”
de dizer que assim não se cumpririam as “malfadadas” Sagradas Escrituras!…
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