À procura da VERDADE nos
Evangelhos
Evangelho segundo S. MATEUS
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– Outra história não menos tocante é aquela de perdoar ao
irmão “não até sete vezes mas até setenta vezes sete!” (Mt 18,22)
– Realmente, como o mundo seria diferente se fosse um mundo
de perdão! Chegar-se-ia a um ponto tal de perdão que já não haveria a quem
perdoar pois todos seriam “irmãos” perdoadores… E, obviamente, não haveria mais
guerras de retaliação quer inter-familiares quer internacionais.
Até o trocadilho “sete vezes” e “setenta vezes sete” nos faz
sorrir! É a música da palavra a realçar o seu significado…
– Já não se compreende é a nova comparação: “O Reino do Céu
é como um rei que resolve acertar as contas com os seus empregados.” E àquele
que não perdoou ao seu irmão a dívida como o rei lhe tinha perdoado a sua, o
rei “mandou entregá-lo aos torturadores até que pagasse toda a dívida. É assim
que procederá convosco o meu Pai que está no Céu, se cada um não perdoar do
fundo do coração ao seu irmão.” (Mt 18,23-35)
– JC não diz como o Pai iria torturar os pecadores. É pena,
pois seria mais um dado a ter em conta em ordem a prepararmos a vida eterna… Mas
quem usar de perdão e de amor para com o seu “irmão” terá o Reino do Céu (reino
que não se sabe bem o que é, mas reino que funcionaria bem na Terra,
transformando-a num Paraíso...) O Céu é que a nossa mente não consegue alcançar,
nem entender, nem aceitar, frustrando-se essa ânsia de certeza na eternidade
que, de vez em quando, nos invade…
– Ah, atenção! Atenção! Há mais milagres: “Muita gente O
seguiu e ele curou todos os doentes.” (Mt 19,2)
– Que maravilha! Naqueles tempos, e naquela região, não eram
necessários médicos nem hospitais: estás doente, vais a Jesus e ele cura-te!...
É de se deixar “encantar” por este Jesus que tal poder tem e cura assim todos
os doentes! Não seria até bom adoecer, com Jesus ali por perto, para ter o
“prazer” e a dádiva divina de ser curado assim, sem se dar por isso? Agora
paralítico e, logo ali, a andar? Agora cego e, logo ali, a ver? Agora surdo e
começar, de repente, a ouvir todos os sons da Natureza? E tantas outras
deficiências ou enfermidades a serem curadas?
Aliás, que sensações terão experimentado tais miraculados? E
todos teriam tido a Fé suficiente para que fossem dignos de tais curas?
E afinal, quem os curaria: a Fé deles ou o poder de Jesus
Cristo? Ou, novamente: não foram mais uns quantos milagres inventados por
Mateus, e que, como os anteriores, simplesmente não aconteceram?
– Também Jesus gosta de citar as Escrituras. Do Génesis,
refere: “O Criador, desde o início, os fez homem e mulher. (…) Por isso, o
homem deixará o pai e a mãe e se unirá à sua mulher e os dois serão uma só
carne. Portanto, o que Deus uniu o Homem não deve separar. (…) Moisés permitiu o
divórcio porque sois duros de coração. (…) Quem se divorciar da sua mulher, a
não ser em caso de fornicação, e casar com outra, comete adultério.” (Mt
19,4-9)
– O apelo é claro! A mensagem do perdão e do entendimento…
presente! Pois quem se divorcia, fa-lo-á certamente porque não sabe ou não é
capaz de perdoar as setenta vezes sete vezes. Quanto à fornicação (fora do casamento, claro), pela
referência ao divórcio de iniciativa apenas do homem, não se percebe se é proibida só à
mulher...
Mas… quem aguentará mulher ou marido a quem é preciso andar
sempre a perdoar? E porque há-de ser sempre o mesmo sacrificado ou…
crucificada? Porque há-de levar essa cruz toda a vida? Ainda se tivesse a
certeza do Céu e que, oferecendo a sua cruz a Deus, isso lhe angariava um lugar
nesse Céu! Assim, teria forças para perdoar… sempre! Mas sem um Céu de certezas
absolutas à vista, não haverá humano que aguente…
Enfim, JC não respeitou a nossa qualidade de seres racionais,
assim feitos pelo Criador divino, ao “vender-nos” o seu Céu e o seu Pai nele, apenas com palavras apoiadas em supostos milagres, milagres que não convenceram
os do seu tempo nem nos convencem a nós, por total falta de provas credíveis.
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