segunda-feira, 11 de abril de 2011

O Deus das religiões conhecidas não pode existir (4/6)

Falemos, hoje, de Javé!
Javé dos Judeus, que Deus é? – Um Deus inventado pelos patriarcas daquele tempo, destacando-se entre eles Moisés, séc. XII a.C., como meio de aglutinação e de controle do povo de Israel, povo de “cabeça dura”, como é referido várias vezes na Bíblia do AT, fazendo face ao deus ou deuses dos povos que eles queriam anexar ou aos quais queriam usurpar a terra, os fenícios e cananeus que, entre outros, adoravam e prestavam culto ao deus Baal. A invenção de Javé proporcionou a Moisés e aos patriarcas que lhe sucederam um fácil controle do povo, apoiados numa forte classe sacerdotal que ditava as leis provindas do mesmo Javé. O momento mais carismático é o descrito no Êxodo (Ex 20,3-17), quando, aparecendo a Moisés numa sarça ardente, lhe dita o decálogo, os actuais Dez Mandamentos, mandamentos já alterados e chantagiados pela Igreja Católica: compare-se o original, em boa tradução, e o catecismo! Claro que os Dez Mandamentos não foram ditados por Javé a Moisés, mas são uma cópia mais ou menos literal do Código de Hamurabi, rei da Babilónia, c. séc. XVII a.C.
Podemos imaginar o modo como os judeus, melhor, o povo hebreu, “tratava” ou privava com Javé. Seria certamente semelhante ao modo como os muçulmanos hoje se exprimem: “Alá assim o quer!”, “Seja tudo por Alá!”, “Alá é grande!” E, ao som de tais ritos e slogans, cometiam algumas das maiores carnificinas de que há memória ou de que reza a História. Veja-se este significativo elenco:
Gn 19,26; 38,7.10 / Ex 32, 27-28 / Lv 24, 10-23 / Nm 15, 32-36; 16, 27,35.49; 25,9; 31, 1-35 / Js 7, 24-2; 8, 1-25 / Jz 1,4; 3, 15-22; 3, 28-29; 7, 2-22; 14, 19; 15, 14-15; 16, 27-30; 20, 44-46 / 1Sm 6, 19; 14, 12; 15, 32-33; 35, 28 / 2Sm.6,6-7; 12,14; 21,6-9; 24,13 / 1Rs. 20,30; 20,35-36 / 2Rs.1,9; 2,23-24; 7,17-20; 9,33-37; 17,14 / 2Cr 13,15-17; 13,20; 21,14-19 / Ez 24,15-18.
Caracterizando tão antipático Deus, fazendo fé na Bíblia do AT., Javé era um deus ciumento, epíteto que Ele próprio não se cansava de repetir logo que o “seu” povo “eleito” lhe era infiel e adorava outros deuses ou se desviava do culto imposto pelos levitas e servidores do Templo, tudo ao redor da Arca que guardava as Tábuas da Lei! Mas não só: era sedento de sangue, pois, "servindo-se" da boca dos patriarcas reinantes, ordenava carnificinas e ditava as leis que lhes permitiam ter várias mulheres, escravos e escravas, tendo o patriarca, muitas vezes, direito de vida ou morte sobre eles. Era também ignorante! Altamente ignorante, nada sabendo nem das origens do Universo nem do começo da vida nele, nem da evolução das espécies, desembocando no Homem actual, nem da configuração da Terra no espaço sideral, etc., etc. Isto é: nada mais sabia do que aquilo de que as culturas dos povos vizinhos se faziam eco! E mais! Mas... será necessário acrescentar algo mais para dizer com toda a certeza que este Javé é um deus impossível?
Tirem-se, então, as devidas conclusões! Filósofos e teólogos! Por favor!

5 comentários:

  1. Olá meu amigo Francisco!
    Como sabe, pactuo com a sua forma de ver, não só os escritos biblicos, mas também a forma de encarar a realidade sobre nossa existencia! O que o amigo escreve, seria precisamente o que eu escreveria caso tivesse pensado em fazer um blogue para tal. Mas estarei sempre por aqui lendo pois isto é cultura. Parabéns pela ideia.

    Estou te esperando la no meu:

    http://transpondo-barreiras.blogspot.com

    Um Abraço e bom fim de semana.

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  2. OK, José Sousa!
    Logo que possa visitarei seu blog.
    Ah, quantas barreiras não temos que transpor todos os dias! Mas as barreiras também são um desafio! E dão sabor à vida.
    Saudações!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Também aqui estou perfeitamente de acordo consigo. A minha limitada cultura não me deixa ir tão longe quanto a sua, Francisco, porque não estudei Teologia. Além disso, através da Bíblia, por razões óbvias, nunca consegui ver o Deus, que descreve, como sendo um Deus "Perfeito" (embora o conceito de perfeição seja questionável ...). Quando leio certas passagens da mesma, vejo um Deus cheio de rancor, de espada em punho.
    Há coisas que mexem mesmo comigo, não sendo eu fanática DE NADA. Estou aberta ao julgamento de novas 'teorias' ou 'convicções' que possam, ou não, levar-me a alterar as minhas. Isto a propósito dum caso que me aconteceu recentemente e que passo a referir:
    Comentei um texto onde o autor, a propósito dum relativamente recente ataque a uma escola no Brasil, convidava as pessoas a rogarem a Deus para que aliviasse o sofrimento dos pais das crianças mortas. Dizia eu, nesse comentário, como é que era possível (isto mais ou menos)pedir isso a um Deus que não foi capaz de evitar a morte dessas crianças? Refiro este caso exatamente porque ele está publicado e, por isso mesmo, não é segredo. Esta súplica, se não atendida, não diminuirá nunca a fé de quem vê Deus como "alguém" (ou não) capaz de fazer milagres. Ainda há muita gente incapaz de reconhecer que esse alívio tem outras fontes de sucesso, não um tal Deus inventado pelo Homo sapiens ....
    Nunca deixarei de ser amiga de amigos meus, independentemente das suas convicções políticas ou religiosas. E tenho muitos que pensam diferentemente daquilo em que (não) acredito. Uma das minhas maiores amigas está nesse número e somos amigas há mais de 30 anos. Nunca lhe impus as minhas convicções, que conhece muito bem, ou vice-versa. Contudo, ocupamos algum tempo das nossas conversas, colocando questões uma à outra, com todo o respeito.

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  5. Relendo este meu comentário, verifico que há nele alguns erros de construção, dos quais peço desculpa (que vergonha!).

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