À procura da VERDADE nos
Evangelhos
Evangelho segundo S. MATEUS
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– É bonito o que se apregoa como forma de alcançar a vida
eterna ou o Reino de Deus: “Estava com fome e destes-Me de comer, estava com
sede e destes-Me de beber, era estrangeiro e recebestes-Me na vossa casa,
estava sem roupa e vestistes-Me, estava doente e cuidastes de Mim, estava na
prisão e fostes visitar-Me.” (Mt 25,35-36)
– É totalmente claro! Totalmente simples! O próximo é que
conta! Desde o princípio que Jesus não diz, afinal, outra coisa senão o amor ao
próximo: “Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais
pequeninos foi a Mim que o fizestes.” (Mt 25,40)
– E os que não fizerem isto “serão enviados para o fogo do
inferno.” (Mt 25,46)
– Infelizmente, desgraçadamente, com toda a frustração e
cheios de angústia na alma, o problema subsiste: 1 – Onde, como e quando esse
Reino, esse Céu, esse Pai, esse… Deus? 2 – Quando, como e onde esse fogo, esse
inferno, esse Diabo com os seus anjos?
É que a questão resolver-se-ia muito facilmente: bastava que
quem já estivera gozando esse Céu, ou sofrendo aquele Inferno, viesse cá
dizer-no-lo para que então, sim, acreditássemos! Ou, complementarmente: se Jesus
Cristo veio à Terra, enviado do Pai e a maior parte da humanidade, dois mil
anos após, não O conhece ou conheceu, que venha cá de novo, apresentar a sua
mensagem, neste mundo de tão fácil e rápida comunicação!
– Esta é, afinal, a questão fulcral e redutora! Se Deus não
quer/pode enviar um dos eleitos ou dos condenados para contar a sua eterna
bem-aventurança ou o seu eterno desespero, que reenvie o seu Filho para que Lhe
possamos perguntar tantas, tantas, tantas coisas que nos enchem a mente de
dúvidas até ao fundo da medula e do desespero!… Que venha! Que venha que
ninguém O mandará matar e, se alguém tal intentar, logo ali será trucidado… E
anunciará facilmente a todos os povos do mundo inteiro a Boa Nova do Reino, que
certamente será o amor ao próximo na Terra, mas com um Céu bem definido, um
Deus bem definido, um Pai bem definido, um Inferno bem definido…, sem deixar
dúvidas a ninguém, néscio ou sábio, rico ou pobre, do tempo da Lucy ou de
qualquer vindouro, até à consumação dos séculos ou… da Terra!
E bem justificado o como de uma eternidade ganha ou perdida
numa vida tão efémera…
Era tão fácil, não era?! E - permitam-nos a repetição - para
Deus que pode fazer milagres ou para Jesus Cristo que até ali, para fazer
passar uma pequena mensagem, secou a figueira, que milagre é este tão custoso e
tão difícil, que desde o princípio da humanidade, Deus se tem negado a fazê-lo,
deixando-nos sem provas de uma eternidade que o seu suposto Filho diz existir
assim num Céu, assim num Inferno? Não Lhe daria total credibilidade a Ele e à
sua mensagem? Não salvaria facilmente toda a humanidade que diz (ou dizem que
Ele diz!) amar? Bastaria apenas um milagre de geração em geração! Em poucos
dias, todos os Media do mundo noutra
coisa não falariam e acabar-se-iam as guerras, todos se dedicariam aos irmãos,
já não havendo mais irmãos para socorrer… todos se salvariam, excepto uns
poucos que teimariam em… gostar mais do Diabo do que de Deus, gostar mais do
sofrimento do que do prazer… eterno!
É: assim, sem tal milagre, toda a História cristã sabiamente
arquitectada pelos seus criadores, com o fulcro central nos milagres de JC e
seu Deus-Pai, perde a credibilidade e não se percebe porque é que ainda há
crentes nela. Só por ignorância! Só por não terem (ou não quererem ter, pelo
agradável comodismo de uma Fé que não questiona e pelo agradável folclore
religioso, do ponto de vista emotivo) espírito crítico!