sábado, 14 de julho de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 180/?



À procura da VERDADE no livro de AMÓS 1/4

- Leiamos a inspirada Introdução: “Em meados do século oitavo 
antes de Cristo, pelo ano 760, um lavrador (7,14) chamado Amós 
“caiu na armadilha” de Deus (3,5), deixou a sua vida tranquila no 
Sul e foi anunciar e denunciar no Norte, onde reinava Jerobão II 
(1,1). Um “leão começava a rugir” (3,8): Javé punha em agitação 
todo um regime de injustiças. Amós acabou por ser expulso, mas 
antes rogou uma praga ao sacerdote Amasias, que presidia ao 
culto em Betel, de acordo com a vontade do rei (7,10-17). 
Porque é que a palavra de Amós incomodava tanto? Exactamente 
porque anunciava que o julgamento de Deus iria atingir não só 
as nações pagãs, mas também e principalmente, o povo escolhido; 
este já se considerava salvo, mas na prática, era pior que os pagãos 
(1,3-2,16). (…) Ele denunciava: os ricos que acumulavam cada vez 
mais, para viverem em mansões e palácios (3,13-15; 6,1-7), criando 
um regime de opressão (3,10); as mulheres ricas que, para viverem 
no luxo, estimulavam os maridos a explorarem os fracos (4,2-3); 
os que roubavam e exploravam e depois iam ao santuário rezar, 
pagar o dízimo, dar esmolas para sossegar a própria consciência 
(4,4-12; 5,21-27); os juízes que julgavam de acordo com o dinheiro 
que recebiam dos subornos (5,10-13); os comerciantes ladrões e 
os açambarcadores sem escrúpulo que deixavam os pobres sem 
possibilidades de comprar e vender as mercadorias por preço justo 
(8,4-8).
Em cinco visões, Amós anuncia o fim do reino do Norte porque ali a 
situação era insustentável diante de Deus 
(7,1-3; 7,4-6; 7,7-9; 8,1-3; 9,1-4).
No estado actual, o livro de Amós termina com um toque de esperança 
(9,11-15). Tal esperança foi vislumbrada pelos judeus que, dois séculos 
depois, se encontravam na Babilónia e acrescentaram este trecho, 
conscientes de se terem purificado do seu pecado, na amargura do exílio.” 
(ibidem)
- Excelente, embora literariamente atabalhoado! Mas, tais afirmações 
suscitam-nos algumas fundadas interrogações. Primeiro: Não é bem 
visível onde começa a interpretação daquilo que o profeta diz e aquilo 
que o “nosso” comentador pensa. Depois, coloca-se a mesma questão 
de sempre: Era Javé que denunciava ou… Amós? Que diferença entre 
estas denúncias e as que se fazem hoje por esse mundo fora do 
atropelo aos direitos humanos, manifesto em injustiças, guerras, 
genocídios, roubos, iguais ou piores aos que Amós condena?
- E, logicamente: Porquê eram aquelas denúncias da boca de Javé e 
estas da boca ou do punho de activistas dos direitos humanos? Será 
necessária uma vocação divina de profeta ou de santo para denunciar 
tal? Ou bastará uma propensão mais acentuada para a solidariedade 
entre os Homens de que o ADN dotou os nossos actuais “profetas” e 
“profetisas”?
(Continuamos o comentário no próximo texto)


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