À procura da VERDADE no livro dos
NÚMEROS - 2
- Dando cumprimento ao prometido, neste caminhar pelo deserto,
“Javé
levantou do mar bandos de codornizes, fazendo-as cair no
acampamento (…). O
povo passou o dia todo, a noite e o dia seguinte
a recolher codornizes; quem
recolheu menos, chegou a juntar dez cargas
de burro. E estenderam-nas ao redor
do acampamento. Estavam ainda
com a carne na boca (…) quando a ira de Javé se
inflamou contra o povo,
ferindo-o com grande mortandade. O lugar ficou a chamar-se
Cemitério
da Avidez (…)” (Nm 11,31-34)
- Estranho este castigo de… morte! Quem disse ao povo que apenas deveria
apanhar o necessário para aquele dia? Não é uma virtude o ser-se
previdente? Ou
simplesmente a carne estragou-se com o sol do deserto e…
Enfim, incongruências
“divinas”!… Mas… volta a revoltar-nos as
entranhas tal estranha actuação
“divina”! Depois, para quê aquele
desperdício de carne tanto da parte de Deus
como da parte dos Homens?
Se quem apanhou menos, apanhou dez cargas de burro,
quanto não teriam
os outros apanhado?
- E, apesar dos castigos e de tantos e tamanhos milagres,… há ainda os
que não acreditam! “Os filhos de Israel murmuravam contra Moisés
e Aarão (…): Seria melhor que tivéssemos morrido na terra
do Egipto!
(…) Porque é que Javé nos trouxe para esta terra? Para morrermos à
espada e para que as nossas mulheres e crianças se tornem escravas?
Não seria
melhor voltar para o Egipto? (…) Dois daqueles que foram
explorar a terra
(…) disseram: A terra que fomos explorar
é boa (…)
excelente (…) é uma terra onde corre leite e mel. (…) Não vos
revolteis
contra Javé, não tenhais medo do povo dessa terra. Nós
devorá-los-emos
como um pedaço de pão (…) porque Javé está connosco. Toda a
comunidade,
porém falava em apedrejá-los. Nesse momento, a glória de Javé
apareceu
(…) e Javé disse a Moisés: Até
quando este povo Me vai desprezar? Até
quando se recusará a acreditar em Mim,
apesar de todos os sinais que tenho
feito entre vós? Vou feri-lo com peste e
deserdá-lo.” (Nm 14,2-12)
- O argumento que Moisés invoca para escapar ao castigo é… divino! “Se
agora fazes perecer este povo (…), as nações ouvirão a notícia e dirão: Javé
não conseguiu levar esse povo à terra
que lhes havia prometido; por isso,
matou-o no deserto.” (Nm 14,15-16)
- E Javé perdoou mas… castigou: “Suportareis o peso das vossas faltas
durante quarenta anos. (…) Eu sou Javé e juro que vou tratar deste
modo a
comunidade que se revoltou contra Mim: serão consumidos
neste deserto e nele
morrerão.” (Nm 14,34-35)
- Realmente, tal povo só com castigos - e castigos de morte - é que
poderia
ser governado. Se nem Javé o conseguia com todos aqueles milagres! Mas,
Javé, não te excedeste ao mandar matar o pobre coitado que apanhava lenha
em
dia de sábado?! “Javé disse a Moisés: Esse
homem é réu de morte. Toda
a comunidade deverá apedrejá-lo fora do acampamento.
(…) E o homem
morreu conforme Javé tinha ordenado a Moisés. (Nm 15,35-36)
- E… à pedrada! Mesmo para exemplo, não valia mais a vida de um homem
que
o guardar do sábado?
- Nunca se sabe! Ou… sabia-o o omnisciente Javé. Com povo de cabeça tão
dura, só a morte em público para que outros não cometessem tamanho pecado!
- Ah, como tudo isto é estranho, rondando a estultícia mais primária,
deixando-nos estupefactos perante tantas “barbaridades” e violências.
Lembram-se do que disseram os homens: “…não
tenhais medo do povo
dessa terra. Nós devorá-los-emos como um pedaço de pão (…)
porque
Javé está connosco.”? É: Javé será sempre o “bode expiatório” para
explicar as rasias que o povo judeu praticou sobre os povos que ia
conquistando, até os expulsar das suas terras – a Palestina! – chamando-lhe
a
Terra Prometida…
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