INTRODUÇÃO VI
O Antigo testamento
- “O Antigo
Testamento é uma colecção de 46 livros, onde encontramos
a história de Israel
(…). É a História e um povo: mostra como surgiu,
como viveu escravo no Egipto,
como possuiu uma terra, como foi governado,
quais as relações que teve com
outras nações, como estabeleceu as suas
leis e viveu a sua religião. Apresenta
os seus costumes, a sua cultura,
os seus conflitos, derrotas e esperanças.”
(Introdução ao Antigo Testamento,
ibidem)
- Como é
possível? Como é possível fazer livro de revelação divina,
base da existência
de Deus, de um céu e de um inferno, a História de
um povo que vai construindo
ao longo de gerações, as suas leis, umas de
convivência social, outras apelando
para o divino, História de histórias,
bonitas sem dúvida, mas que podem não
passar disso mesmo e serem apenas…
HISTÓRIA?
- “Nada do que
se conta a respeito de Israel está desligado do seu
relacionamento com Javé.
(…) O Antigo Testamento mostra como esse
povo se comportou em relação a Javé.”
(idem)
- Como é
possível que Javé ordene de tal modo as coisas que não deixa
qualquer
iniciativa ao povo ou seus dirigentes? Não será simplesmente a
imaginação do
autor “sagrado” a pôr na boca de Javé o que realmente os
homens fizeram ou
decidiram fazer, segundo a tradição oral daquele
povo? Com que intenção? A de
lhe conferir maior credibilidade, maior
força, mais fácil aceitação? Não deixam
de ser estranhas, por exemplo,
aquelas medidas precisas da Arca da Aliança, as
madeiras, os oiros…
aquele modo de sacrificar animais, que animais, quando… e
tudo ordenado
por Javé! É, no mínimo, estranho!
- “Nesses
cinco livros, encontramos histórias e leis que foram postas
por escrito durante
seis séculos, reformulando, adaptando, actualizando
tradições antigas e criando
novas. (…) As histórias aí contidas, na sua
maioria, nasceram no meio do povo
e, primeiramente, eram histórias
de famílias, de clãs e de tribos que
procuravam transmitir oralmente, de
geração em geração, ensinamentos e factos.
Mais tarde, essas histórias
foram reunidas, modificadas e interpretadas para
que todo o povo de Israel
pudesse espelhar-se nelas e para que elas
expressassem a fé em Javé,
o Deus que liberta. (…) As leis pertencem a várias
épocas e são directrizes
para o povo, nas diversas etapas da sua História.”
(Introdução ao Pentateuco*, ibidem)
- A História
do povo de Israel… as histórias contadas de geração em
geração ao longo de seis
séculos… as leis de um povo… porquê tudo isto
divino ou inspirado por Deus? Porquê se arroga Israel o
direito de ser
“o povo escolhido”, onde Deus realizaria o projecto de Salvação
do Homem?
Que credibilidade nos merece tal povo que viveu (e não vive ainda
hoje?!…)
no meio de tanta confusão, ao longo de mais de um milénio, desde o
cativeiro
no Egipto, passando pelo exílio na Babilónia, até à morte e
ressurreição de
Jesus Cristo, morto pelos próprios irmãos que O viram nascer e
que
continuam ainda hoje a não acreditar nele?
- E - espanto
dos espantos! - como e porquê aceitou Jesus Cristo, aceitaram os
cristãos ao
longo da História, aceitamos nós, tal “história” como a base
da nossa salvação
eterna ou, simplesmente, da nossa vida eterna, num céu ou
num inferno? Como é
possível? É certamente por isso que nós estamos
aqui, duvidando, procurando,
questionando, para ver se se fará alguma luz. Não
disse Javé-Deus: “Fiat lux!”? Então, esperemos que se faça
luz no nosso
espírito, em todos os espíritos abertos à Verdade, ao questionar
essa
mesma Verdade quando se fica na penumbra do mistério e… de uma
duvidosa
Fé!…
NOTA:
O Pentateuco é o conjunto dos primeiros cinco livros do Antigo
Testamento:
Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio
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