INTRODUÇÃO II
Um reencontro
Para quebrar a possível
aridez do tema, demos-lhe um toque romanesco, fazendo-o um quase romance, com
um reencontro entre duas personagens já conhecidas mas que há muito não se
encontravam. Uma delas, a Sabedoria; a outra, qualquer um de nós. Você, leitor,
obviamente:
- Olá, Sabedoria! Já te
conheço doutros lugares. Continuo procurando… E tu?
- Quem não continuará? Acaso,
já a encontraste, já alguém a encontrou, a Verdade?
- É! Temos tentado, tens
tentado perscrutar para além do que aqui vês, ali, acolá, em qualquer lugar,
perguntando a todas as coisas, a toda a gente: “O que faço eu aqui? Afinal,
donde venho e para onde vou?” E nenhuma resposta te convenceu, nos convenceu,
nenhuma sossegou o nosso espírito sequioso de verdade…
- … a VERDADE!… que parece
existir em tudo e em todos e… em nada ou ninguém…
- Até que … eis que me
disseram: “Este é o livro de verdades absolutas… este é o livro da VERDADE!”
Então, fomos à descoberta. Será o desencanto total até ao desespero de nada ser
verdade, de não haver nenhuma VERDADE… ou o sossego da alma que enfim A
encontrou?
- Vamos ver! Os dois… como
antigamente. “Que VERDADE? - perguntarão alguns mais distraídos. Simples: O que
realmente nos acontecerá depois da morte, já que parece nada haver de certo,
nem dito, nem escrito, nem revelado, nem anunciado, em nenhum tempo, em nenhum
lugar, em… nenhuma religião. É o realismo total, sem qualquer hipótese de
romantizar, idealizar, imaginar, sonhar seja que outra realidade for, pois
outra não há com mais certeza do que esta que atinge inexoravelmente todo o
vivente: morre porque um dia começou a odisseia curta ou longa da vida! Morre!
E nós - parece que únicos seres pensantes, pelo menos na Terra, pois que no
Universo, o desconhecido é total! - nós aqui estamos sem saber o fundamental
das nossas vidas: o ALÉM do tempo que é a misteriosa eternidade! Será que vamos
encontrar a resposta - a VERD ADE -
na Bíblia?
- Porque não?
- Então, vamos, que o tempo
não descansa, a esperança é muita, a ansiedade enorme… A Bíblia é um livro
aberto… e o Antigo Testamento o seu princípio! Vamos… à procura da Vida Eterna!
Ainda fora do texto…
A Bíblia nasce da poeira levantada pelos
pés dos que caminham no deserto. Durante dezenas, centenas de anos, homens e
animais viveram, primeiro, no cativeiro do Egipto, depois no deserto,
longamente, até chegarem à “Terra Prometida” - Terra que tiveram de conquistar
aos de Canaã, para ali se instalarem e proliferarem. “Ai da mulher estéril! Era
anátema de Javé!” - depois, novamente em cativeiro na Babilónia…
Neste contexto, que povo não tenta
encontrar um libertador? Quem suporta a escravidão durante toda uma vida,
durante várias gerações, sem se revoltar? Tal há 3 000 anos, tal hoje com os
povos que se libertam do jugo colonizador, com menor ou maior derramamento de
sangue, mas com os seus heróis, os seus pais da revolução. E aí vem Moisés - o
Libertador “enviado por Javé” que os conduz do Egipto para a Terra Prometida!
O deserto é propício a alucinações, à
meditação, à contemplação! E tantas privações de água e de alimentos suportadas
por homens e animais, não fariam pensar, mesmo que em sonhos, num paraíso onde
corresse o leite e o mel? E não precisavam eles de um rei para organizar um
exército e os levar à conquista da tal Terra Prometida?
E onde encontrar justificação para tamanhos
castigos, tamanhas privações, tamanha aridez de deserto a que aquele povo
nómada e errante tinha sido sujeito? - A autores “inspirados”, detidos no
cativeiro da Babilónia, conhecedores da História contada de pais para filhos,
ter-lhes-ia sido fácil “inventar” um pecado original, um paraíso perdido, uma
mulher a tentar o homem, na “boa” tradição egípcia e… judaico-cristã!!!
Aliás, não é daí que nascem todas as
religiões? Não é por estarmos subjugados ao inevitável sofrimento, à inevitável
morte? Não é da inexplicabilidade de o Homem ter em si os dois princípios - o
do Bem e o do Mal - o que é bem evidente no dia-a-dia e ao longo da História?
Fácil! Fácil “inventar” um Deus - princípio do Bem - e um diabo - princípio do
Mal. Fácil “inventar” um pecado contra Deus, para justificar o sofrimento e a
morte como castigo por tal pecado! Mas… como tudo vem de um Deus-Criador, teria
que haver um livre arbítrio para mandar para o inferno o Lúcifer que “quis” ser
igual a Deus e os seus anjos seguidores e expulsar Adão e Eva e, com eles, toda
a humanidade, do Paraíso terreal, comendo o pão com o suor do seu rosto e
gerando na dor e nas lágrimas!…
A Bíblia! Não terá nascido realmente da
poeira dos que caminharam no deserto?!
(NOTA: aqui, continuaremos a escrever, ignorando, em
protesto, o dito Acordo Ortográfico!)
Sem comentários:
Enviar um comentário