A quinta aparição – 13 de Setembro. Continuamos, citando: «Como das outras vezes, vários fenómenos atmosféricos foram observados pelos circunstantes, cujo número foi calculado entre 15 e 20 000 pessoas: o súbito refrescar da atmosfera, o empalidecer do Sol até ao ponto de se verem as estrelas, uma espécie de chuva como que de pétalas irisadas ou flocos de neve que desapareciam antes de pousarem na terra. Em particular, foi notado, desta vez, um globo luminoso que se movia lenta e majestosamente pelo céu, do nascente para o poente e, no fim da aparição, em sentido contrário. Os videntes notaram, como de costume, o reflexo de uma luz e, a seguir, Nossa Senhora sobre a azinheira.
Nossa Senhora: - Continuem a rezar o terço para alcançarem o fim da guerra. Em Outubro, virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, São José com o Menino Jesus, para abençoarem o Mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda. Trazei-a só durante o dia (as crianças tinham passado a usar como cilicio uma corda grossa que não tiravam sequer para dormir; isso impedia-lhes muitas vezes o sono e passavam noites inteiras em branco, daí o elogio e a recomendação de Nossa Senhora). Lúcia: - Têm-me pedido para Lhe pedir muitas coisas, a cura de alguns doentes, de um surdo-mudo. - Sim, alguns curarei. Outros não. Em Outubro farei o milagre para que todos acreditem. E, começando a elevar-Se, desapareceu como de costume.»
Desta vez, há mais fenómenos atmosféricos a acompanhar o evento. Ilariantes, claro! Sobretudo, aquele globo luminoso que se movia lenta e majestosamente pelo céu deveria ter sido digno de se ver... E, então, aquela chuva de pétalas, caindo como flocos de neve!... Já não falando nas estrelas “vistas”, ao meio-dia!... E cerca de 20 000 pessoas admiraram tão estranhos fenómenos! Alucinação colectiva ou imaginação prodigiosa do narrador, citando Lúcia? Mas, fantástico, sem dúvida! Estranha é aquela promessa da Virgem de, em Outubro, virem também com Ela, Nosso Senhor (Qual? O Deus-Pai, o Deus-Filho ou o Deus-Espírito Santo?), Nossa Senhora das Dores e do Carmo (Então, a mesma Virgem desdobrava-se em mais duas: a das Dores e a do Carmo?), São José com o Menino Jesus (Ambos vivos, sorrindo, ou apenas em imagem de igreja? Se aquele Nosso Senhor, tudo leva a crer que seja Jesus Cristo, ali tínhamos mais uma duplicação: Jesus Cristo, Filho de Deus, já sentado à direita do Pai, e Jesus Menino ainda pequenino nos braços de São José...). E todos a abençoarem o mundo!... É! Muito interessante e piedoso, mas tremendamente caricato e, por isso, descredibilizando-se completamente: um relato de pura fantasia religiosa! Enfim, aquela de “Deus está contente com os vossos sacrifícios”, usando as pobres crianças cilícios, é completamente arrasadora, pela crueldade, levando ao descrédito não só do suposto fenómeno, mas também de qualquer ser divino inteligente que a pudesse conceber e a quisesse impor numa sua visita do Céu à Terra! A ter sido verdade toda esta fantasia de Fátima, seria caso para perguntar com o poeta: “Que quem já é pecador, sofra tormentos, enfim. Mas as crianças, Senhor, porque lhes dais tanta dor, porque padecem assim?” (Augusto Gil – “Balada da neve”) (Cont.)
Vale a pena ver os jornais da época, acerca da alegada alucinação em massa! A actividade do Sol reportada, visível a pessoas a 18 quilómetros de distância do lugar, põe uma barreira à hipótese de histeria em massa. José de Almeida Garrett, professor de ciências naturais na Universidade de Coimbra, foi testemunha ocular e faz uma estimativa de 100 mil testemunhas.
ResponderEliminarPode ter sido um fenómeno meteorológico, mas acontecer no momento que foi previsto pelos pastorinhos, é realmente o grande milagre.
António Augusto Borelli Machado, As aparições e a mensagem de Fátima nos manuscritos da Irmã Lúcia, 23ª edição, Maio de 1998
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